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28 DE MAIO DE 1985

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E só por isso esta Conferência e os trabalhos que se desenrolaram ao longo destes 3 dias apresentam o balanço positivo de terem permitido, no seio do Parlamento, fomentar o diálogo e a troca de experiência e de pontos de vista entre um leque tão alargado de organizações, de carácter político-partidário e, simultaneamente, de outras naturezas.

Tal facto encerra em si mesmo um carácter positivo e inovador, e só por isso entendemos haver razões para nos congratularmos.

É certo que não estiveram presentes todas as associações e movimentos de juventude existentes. Ê verdade que o associativismo estudantil se não fez participar a título de voz activa —e aproveitava para saudar calorosamente os dirigentes associativos que a título de convidados têm assistido aos trabalhos—, não por qualquer critério menos consentâneo com a real expressão que esse associativismo estudantil assume no quadro geral do associativismo juvenil, mas tão--somente porque, não fazendo parte do processo de constituição do Conselho Nacional de Juventude, não ficou ao abrigo do critério que presidiu à escolha das organizações representadas, e esse facto deve-se à inexistência de estruturas federativas que, de alguma maneira, impede e prejudica a participação das associações de jovens estudantes num debate entre associações de âmbito nacional. Mas apesar de todos estes aspectos e insuficiências, o certo é que o leque de organizações presentes goza de um estatuto de representatividade e cobre, se bem que de forma não exaustiva e total, a realidade da juventude portuguesa.

E por isso mesmo fazemos votos para que, entre todos, seja possível resolver rapidamente as últimas questões pendentes no processo de constituição do Conselho Nacional de Juventude, dotando as novas gerações portuguesas de uma estrutura que articule todas as associações e movimentos juvenis como que constituindo uma voz do povo novo português e à semelhança do que se verifica em vários países europeus.

Esta Conferência apresenta, pois, um saldo positivo por se ter realizado, por ter permitido a confraternização e o convívio entre tanto jovens, pelo que significa e traduz de atenção do Parlamento às questões, tantas e tão graves, que se colocam hoje à juventude em Portugal.

Poder-se-á afirmar que apesar de tudo não há, em termos formais e definitivos, conclusões extraídas ao longo dos debates aqui travados, até pela salutar diversidade das perspectivas e pontos de vista formulados.

Mas o objectivo pretendido não era, propriamente, o de tentar dar respostas absolutas em jeito de quem detém a verdade sobre tudo. Pretendeu-se, e penso que se conseguiu, forjar um espaço de debate, sabendo-se que a primeira resposta hoje é, antes de mais, a capacidade para questionar, para levantar dúvidas, para pôr em causa os pretensos dogmas estabelecidos.

Um traço comum parece, todavia, ter resultado evidente: o facto de todos ou quase todos, apesar dos respectivos posicionamentos e pontos de vista, estarmos de acordo quanto à necessidade de assegurar e fundamentalmente de aprofundar um sistema aberto centrado nos valores da liberdade e da democracia. Ainda recentemente, e nesta mesma Casa, um estadista

convidado nos recordou oportunamente a animação

de Winston Churchill, segundo a qual a democracia é a pior forma de governo, excepto em relação a todas as outras.

E é por isso mesmo que é importante ter presente, nomeadamente à luz dos debates aqui produzidos, que ao criticarmos aspectos concretos que a prática política tem vindo a assumir no nosso país, estamos a questionar, de uma forma salutar e exigentemente, a forma, os métodos, sem pôr em causa os valores da liberdade e da democracia e da necessidade de existirem partidos como entidades intermediárias entre a opinião pública e o Estado.

É grave a situação com que se defronta actualmente a juventude em Portugal. Do ensino à habitação, passando pelo mercado de trabalho e por tantos outros sectores e áreas da sociedade portuguesa.

E se há grande confluência de pontos de vista quanto ao diagnóstico, necessariamente que as divergências surgem quanto às soluções, no tocante aos remédios e às necessárias terapêuticas.

No fundo, o que está em causa, aqui como um pouco por todo o mundo livre moderno, é saber se o futuro poderá ser melhor acautelado mais na base do Estado ou pela acção criativa dos indivíduos e das entidades intermédias da sociedade.

A resposta a todas estas questões cabe naturalmente aos cidadãos, no nosso caso aos próprios jovens, e é também nesta perspectiva que a participação juvenil é hoje e cada vez mais uma exigência dos tempos que vão correndo, para fazermos todos o muito que há a fazer, para combater a indiferença, a apatia e a descrença que vão perigosamente alastrando.

Reconstruir a esperança, preparar o futuro, fomentar a modernidade sem pôr em causa tudo aquilo que é essencial no legado das gerações anteriores, tudo isso são tarefas urgentes e que nos dizem grandemente respeito.

Oxalá que estes debates possam, de algum modo, ter contribuído para tais objectivos.

Aplausos.

O Sr. Presidente da Assembleia da República em exercício (Basílio Horta): — Srs. Conferencistas, peço--vos o obséquio de me darem 5 minutos do vosso tempo para poder também, de uma forma modesta e descomprometida, participar nas conclusões do que foram os vossos trabalhos.

Antes de mais, diria que o êxito desta Conferência ficou visível pela possibilidade de jovens de diferentes ideologias, com diferentes conceitos da sociedade e do modelo político e económico, poderem encontrar-se e criarem este espaço de debate.

A necessidade de dialogar e de chegar aos consensos mínimos em relação ao País, que é de todos, é um exemplo salutar que deve ser assumido e sobre o qual todos devemos meditar.

É óbvio que desta Conferência não se poderiam extrair conclusões liminares; no entanto, penso que os temas que foram debatidos, aliás na sequência da deliberação da Assembleia Geral das Nações Unidas que os indicou, se aplicam quase como uma luva a Portugal: «participar», «desenvolver o tema da paz», ao qual vocês acrescentaram — e muito bem — «a situação dos jovens em Portugal».

Suponho que a análise de cada um destes temas, pela forma como cettam&tvte foi feita, deve ser um