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II SÉRIE — NÚMERO 40

Citando fontes do Congresso norte-americano o jornal revela que a 20 de Novembro de 1985 o ex-membro do Conselho de Segurança Oliver North enviou ao então conselheiro nacional de segurança, John Poindexter, uma mensagem por computador, segundo a qual os aviões que se encontravam em Portugal para transportar armas para os «contras» da Nicarágua podiam, em vez disso, ser utilizados no transporte de mísseis Hawk de Israel para o Irão.

Na altura, ainda segundo a notícia do Post, estava planeado o carregamento de dezoito mísseis de Israel para o Irão, via Portugal, num avião Boeing 747, no qual surgiram problemas técnicos.

Entretanto, Portugal estava também a ser utilizado para o transporte de armamento para a Nicarágua, pelo que se encontravam no nosso país mais dois aviões de menor porte.

Estas mensagens de North, demitido na sequência da descoberta do escândalo das vendas clandestinas de armas ao Irão, foram descobertas em discos de computadores entregues pela Casa Branca às comissões do Congresso encarregues de investigar o caso. No entanto, está ainda por esclarecer quem pagou as armas destinadas aos anti-sandinistas ou o frete do avião que se encontrava em Portugal.

Ainda segundo fontes citadas pelo Washington Post e divulgadas pela agência Lusa, North teria solicitado à CIA que fornecesse um avião para transportar os mísseis Hawk de Israel para Portugal e daí para o Irão.

No entanto, esse carregamento foi rejeitado pelo Irão, que se sentiu enganado pelo facto de os mísseis serem obsoletos.

Perante tcdo este envolvimento de Portugal no caso «Irangate», o Grupo de Solidariedade com a América Latina divulgou um comunicado no qual exige que o Governo português esclareça o caso e apresente uma explicação oficial às autoridades da Nicarágua. Por outro lado, o grupo pretende que as autoridades governamentais tomem uma posição inequívoca sobre a não cedência dos nossos aeroportos para ponto de passagem de aviões em missões militares com destino à América Central.

Mais polémica sobre armas: acaba de ser noticiado pela agência de notícias Lusa que 40001 de munições e explosivos se encontram a caminho de Portugal, provenientes do porto de Santander, em Espanha.

Citando fontes do Governo autónomo da Região da Cantábria, a notícia refere que o carregamento está a ser transportado pelo navio Adónis, de bandeira pa-namiana. O envio de munições foi contestado pelas forças políticas da esquerda espanhola, podendo ser apresentada uma interpretação parlamentar ao Governo espanhol, para esclarecer a natureza e destino dessas frequentes saídas de material do porto de Santander para diversos países, entre os quais Portugal.

Situação clara foi a que se verificou ontem no Parlamento, onde o ministro da Defesa e o secretário de Estado prestaram esclarecimento à comissão parlamentar especializada sobre a lei de programação militar que deverá ser discutida na generalidade em Fevereiro.

Esta lei contempla, para o período de 1987 a 199!, um total de 109 milhões de contos para compras de equipamento e investimento, mais 70 milhões para

compromissos que se prolongam para os anos posteriores.

No âmbito da lei, só para este ano, segundo uma referência existente no texto do Orçamento do Estado para 1987, prevê-se um dispêndio de 1 milhão e meio de contos, verba inscrita no quadro de encargos previsto para o gabinete do ministro da Defesa Nacional.

(Diário Popular, de 15-1-87)

Registo informático confirma pista portuguesa do «Irangate»

Washington. — O tenente-coronel Oliver North sugeriu ao almirante John Poindexter que os aviões que se encontravam em Portugal para levar armas para os «contras» poderiam ser utilizados para transportar mísseis norte-americanos de Israel para o Irão, segundo um registo informático de 20 de Novembro de 1985 citado ontem pelo Washington Post.

A mensagem foi encontrada nos discos informáticos enviados pela Casa Branca às comissões de informação do Congresso. Oliver North é o operacional do Conselho de Segurança Nacional, demitido nos primeiros tempos de denúncia do «Irangate»; John Poindexter é o ex-presidente do Conselho de Segurança Nacional.

Em 20 de Novembro de 1985, segundo informações reveladas nos últimos tempos por jornais americanos, italianos e portugueses, um avião com armas envolvido no «Irangate» esteve bloqueado no aeroporto de Lisboa peles serviços alfandegários portugueses. De acorde com as mesmas informações, o voo foi desbloqueado por intervenção da Mossad — a espionagem israelense —, de Oliver North e do próprio director da CIA, que na altura estava em visita oficial à China.

As fontes parlamentares citadas pelo Washington Post revelaram que não lhes foi ainda possível determinar quem pagou os fretes dos aviões que se encontravam em Portugal ou as armas destinadas aos terroristas somozistas.

O Washington Post acrescenta que o tenente-coroneE Oliver North «tinha uma certa influência sobre a maneira como os aviões eram utilizados, mas o seu papel ainda não é claro».

As informações contidas no disco informático confirmam mais uma vez que o aeroporto de Lisboa foi uma peça central na operação de venda de armas ao Irão e transferência de fundos e material de guerra para os terroristas somozistas.

Cocaína além das armas

O jornal italiano La Republica revela, entretanto, que os promotores do «Irangate» utilizaram os aviões da Southern Air Transport, a companhia contratade pela CIA, para realizarem tráfico de cocaína.

Segundo o jornal, que cita documentos da magistratura norte-americana, alguns aviões que transportaram armas para os somozistas carregaram depois cocaína na Colômbia.

O nome do tenente-coronel Oliver North surgiu já várias vezes envolvido em operações de tráfico de droga durante o desenrolar do escândalo «Irangate».