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7 DE FEVEREIRO DE 1987

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voos em 1986) transportando armas de Israel para os «contras».

O Expresso informa ainda que foi a DEFEX, empresa portuguesa especializada em importação e exportação de material de guerra, quem se encarregou de mandar as armas para os «contras».

(O Diário, de 11-1-87)

Chefe da CIA libertou por telefone voo do «Irangate» retido em Lisboa

Roma — O director da CIA, William Casey, desbloqueou pessoalmente,, pelo telefone, um voo de armas norte-americanas de Israel para o Irão que em Novembro de 1985 esteve retido durante algum tempo em Lisboa, revela o diário italiano La Repubblica.

Enrico Franceschini, correspondente do jornal em Nova Iorque, revela as reacções em cadeia provocadas pelo bloqueio do avião no Aeroporto de Lisboa, que culminaram com uma intervenção directa do próximo director da CIA, na altura em visita oficial à China.

O episódio relaciona-se com um dos primeiros voos da operação Irão, efectuado entre 19 e 21 de Novembro de 1985, como data mais provável, portanto nos primeiros tempos de vigência do actual governo português. Um aparelho transportando centenas de mísseis Hawk com destino ao Irão foi retido em Lisboa. Uma fonte citada pelo semanário português O Jornal afirmou que o voo foi desbloqueado porque a operação parecia «obscura».

Enrico Franceschini revela no seu despacho de Nova Iorque que o alarme sobre os entraves à operação foi dado pela Mossad, serviços de espionagem de Israel. O regime de Telavive fora encarregado por Washington de montar a acção.

Sabe-se que a Mossad, a coberto da transportadora aérea israelense El Al, tem liberdade de acção no Aeroporto de Lisboa. Os agentes movimentam-se com armas pelos corredores e dedicam-se inclusivamente a exercícios de índole militar em plenas instalações aeroportuárias.

A Mossad tentou resolver o bloqueio contactando o então presidente do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Robert McFarlane, que estava em Genebra na cimeira entre Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchev. McFarlane entrou em contacto com o tenente-coronel Oliver North, que por sua vez comunicou a ocorrência a um seu contacto na CIA. O contacto comunicou o caso ao director, William Casey, que estava em visita oficial à China.

O La Repubblica afirma que William Casey conseguiu, pelo telefone, obter «via livre» para o avião bloqueado em Lisboa.

O Governo Português tem agora o dever de explicar de que modo o director da CIA libertou, através de telefonema feito da China, um aparelho retido no Aeroporto de Lisboa por serviços portugueses que suspeitavam de manobras «obscuras». O Governo Português tem, aliás, de prestar outras informações sobre o «Irangate», nomeadamente a propósito da presença em Portugal, pelo menos nos dias 2, 23 e 25 de Maio, de aviões da Southern Air Transport, Inc., a empresa contratada pela CIA para a operação de venda de armas ao Irão e transferência de fundos e material de guerra para os terroristas que agridem a Nicarágua.

«Irangate» aquece

Washington — O caso «Irangate» entra hoje em nova fase, com o início da sessão legislativa do novo Congresso norte-americano e o começo das investigações a cargo do procurador especial Lawrence Walsh, nomeado pela magistratura.

As primeiras sessões do novo Congresso serão dedicadas ao escândalo que atinge a administração Reagan. Uma das primeiras tarefas das duas câmaras será a de votar resoluções para a constituição de comissões que vão investigar o caso.

Robert Dole, que a partir de hoje será o dirigente da minoria republicana no Senado, defende que o primeiro relatório da Comissão de Informações sobre O caso seja divulgado à opinião pública.

(O Diário, de 6 de Janeiro de 1987.)

«Não deixem cair o Irão...» — Franceses aconselham negociantes portugueses de armas

Em relatórios que começam a circular em Portugal, a um dos quais O Jornal teve acesso, os serviços franceses de inteligência militar aconselham colegas e negociantes de armas a não deixarem «cair» nem Reagan nem o Irão, face ao que chamam de «emboscada» que «empurrou» o presidente norte-americano «para um alguidar de lacraus».

Actividade natural secreta, mas até aqui noticiada com moderação e em termos domésticos, a indústria e o comércio de armamento em Portugal começam a ser vistos com outros olhos, desde que Lisboa surge referenciada como plataforma de operações clandestinas do «Irangate». Prova disso é a atenção que os serviços franceses de inteligência militar estão a dedicar a Portugal, ao interpelarem e informarem colegas e negociantes de armas que no nosso pais se têm dedicado ao comércio com o Irão.

A estratégia a seguir

Num documento a que O Jornal teve acesso, em Lisboa, junto de um importante negociante de armas, os serviços de informação militar franceses aconselham a «estratégia» a seguir face aos desenvolvimentos do «Irangate».

Numa altura em que, como o O Jornal noticiou na passada semana, os industriais e comerciantes portugueses de armas vêem com uma. certa apreensão o futuro dos seus negócios (quanto menos se falar do assunto, melhor), os «conselhos» franceses caem como sopa no mel: depois do escândalo é preciso continuar a ajudar o Irão.

Da leitura de um dos relatórios dos serviços de inteligência militar franceses ressalta a ideia de que é preciso precaução face a «aventureiros traficantes de armas» e face aos avanços do Leste europeu na guerra Irão-Iraque em fornecimento de armamento.

Reagan vítima de «aventureiros»

O documento que a seguir transcrevemos, redigido em linguagem militar a necessitar de «descodificação» em dois ou três pontos, chama ainda a atenção para