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II SÉRIE - NÚMERO 40

a luta de facções no Irão de Khomeiny e para a supremacia, neste país, das «forças afectas ao Ocidente»: «A URSS, a China continental, França, entre outros países, foram obrigados a alterar completamente a sua política externa, abandonando o apelo que vinham prestando ao Iraque, a favor da República Islâmica do Irão. Tudo isto veio obrigar os EUA a um enorme esforço para se não deixarem ultrapassar na área pela URSS.

Sabido que o Governo do Iraque é de cariz marxista--leninista — assim como o da Nicarágua —, as forcas socialistas internacionais afectas ao sistema conseguiram montar, com um grupo de aventureiros traficantes de armas, uma emboscada que empurrou o presidente Reagan para um alguidar de lacraus, do qual, dificilmente, o vão deixar sair.

A base do problema situa-se na seguinte posição: as forças armadas do Irão já ultrapassaram há muito os 5000 tires regulamentares para cada boca de fogo, pelo que a sua artilharia perdeu há muito a possibilidade de visar um ponto. Nestas condições, a defesa antitanque é feita por dois jovens e uma moto, guiando o veículo o primeiro e transportando uma bazooka o segundo, o que dá, aproximadamente, entre 100 e 200 mortos (iranianos) por cada carro iraquiano abatido.

O Governo do Irão tem tentado, desesperadamente, adquirir mísseis Tow para abastecer os lança-mísseis que equipam os helicópteros Bell AH-IJ (fabrico norte--americano), o que poria ponto final aos ataques dos blindados inimigos.

Em alternativa, o Governo do Irão tem a possibilidade de adquirir 2000 carros de combate soviéticos, através da Coreia do Norte ou da China continental.

Sobre este ponto se batem as forças políticas do Irão afectas ao Ocidente ou à URSS, tendo até ao presente momento, e apesar de todas as contigências e dificuldades, prevalecido a vontade das forças afectas ao Ocidente.»

Armamento iraniano perdeu operacionalidade

O Irão pretende reorganizar a6 suas forças armadas, que têm estado tradioionalmente dependentes de tecnologia militar norte-americana. A questão dos 5000 tiros, referida neste relatório, é «dramática» — no dizer de uma fonte portuguesa ligada à reexportação de armas para o hão. Com efeito, canhões e morteiros iranianos têm vindo a perder operacionalidade: 5000 tires por boca de fogo é o limite máximo de vida do armamento pesado, após o qual as armas perdem as estrias interiores que obrigam a munição a rodar sobre si própria ao ser disparada.

Outro aspecto que nos é explicado pelas nossas fontes é consequência do facto anteriormente citado. A degradação do material mais pesado obrigou os iranianos a «sacrificar» os soldados: um tanque do Iraque é, normalmente, cercado por três ou quatro motos com dois soldados cada, um deles empunhando uma bazooka. O método cria desorganização entre as hostes do Iraque, mas acaba por voltar-se contra os iranianos, que morrem às centenas, até que um tanque seja abatido 100 a 200 iranianos perdem a vida —segundo as estatísticas militares — por cada tanque iraquiano «morto».

Lisboa «vedeta»

Não será difícil estabelecer relação entre a divulgação deste tipo de dados em Portugal e a importância que Lisboa tem vindo a alcançar como placa giratória dos mais recentes e controversos negócios de armas envolvendo os EUA, Israel, Irão e os «contras» da Nicarágua.

Tal como O Jornal noticiava na semana passada, não existem quaisquer provas de que armamento soviético destinado aos «contras» nicaraguenses tenha sido comprado e embarcado em Lisboa.

Está, no entanto, já provado que por Lisboa passaram armas para o Irão (O Jornal também revelou, há duas semanas, terem sido os serviços secretos do Iraque a efectuarem a denúncia) e para os «contras» ca Nicarágua.

A questão dos «contras» foi, primeiro, revelada pelo jornal Miami Herald e, logo a seguir, profusamente documentada em O Diário, que, de resto, foi o primeiro órgão de informação português a revelar, em 1979, a passagem de aviões da CIA por Lisboa.

Outros jornais portugueses que têm vindo a divulgar dados desconhecidos sobre a conexão portuguesa do «Irangate» são, fundamentalmente, o Diário de Lisboa, A Capital, O Semanário e o Expresso.

Recorde-se que O Jornal começou a tratar o caso das armas para o Irão há cerca de um mês. Falta agora o governo de Cavaco Silva decidir-se a revelar o resto dos permencres sobre a história já conhecida e a que, de resto, deu importante contributo o Secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Minisfro, Pedro Santana Lopes, ao confirmar, em declarações exclusivas a O Jornal, há duas semanas, que houve «qualquer coisa» com um avião na Portela e que recebeu telefonemas, que não eram nem da Embaixada Americana nem do Governo de Washington, para desbloquear o problema.

(O Jornal, de 31 de Dezembro de 1986.)

O escân&to ca venda ilegal de armas americanas ao Irão e do «wtsesjieeTtle financiamento de apoio mifitár aos «contras» da Nicarágua provocou em Portugal um «fechar de portes» nos rr/sanáros dos negócios tíe armamento.

• O comandante Guilherme Alpoim Calvão, um oficial da Marinha na reserva, que até há pouco tempo fornecia armas ao Irão, com autorização do Governo português, encontra-se retido em casa «com dois enfartes de miocárdio». José João Zoio, que vendeu material de guerra à Junta Governativa da Nicarágua, antecessora do actual governo de Daniel Ortega, remete O Jornal para as «relações públicas» da sua firma. Norte Importadora, segundo a qual as actuais «precauções» dos negociantes portugueses de armas têm a ver com uma atitude de defesa face à concorrência estrangeira, nomeadamente a francesa e a espanhola.

«Vejo que há, neste processo, intenções de envolvimento de Portugal, o que leva a supor a existência de manobras capazes de desestabilizar a indústria e o comércio português do armamento» — disse a O Jornal o responsável pelas relações públicas da Norte Importadora, a maior empresa privada portuguesa que se dedica ao comércio de armas.

Outra fonte do sector, contactada por O Jornal, acha estranho que a imprensa internacional, quando

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