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7 DE FEVEREIRO DE 1987

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trânsito». Rui Machete, Ministro da Defesa do governo de Mário Soares depois de 15 de Fevereiro de 1985, negou também ter conhecimento de que passassem clandestinamente armas por Lisboa, mas admitiu que esse tráfego pudesse ocorrer sem ele ser informado.

«Autoridades de Lisboa fechariam os olhos»

Tanto os responsáveis governamentais do anterior governo de Soares como dõ actual governo de Cavaco Silva negam ter autorizado ou terem sido informados de que Portugal foi utilizado por funcionários da Casa Branca e pela CIA como placa giratória do tráfego de armas clandestino para o Irão e para os «contras» nicaraguenses. No entanto, foi já confirmada a passagem por Lisboa de aviões carregando armas para o Irão e para os «contras» em tal quantidade que torna altamente improvável que ninguém na Administração Portuguesa soubesse do que se estava a passar. Segundo uma fonte diplomática ocidental em Lisboa, «os organizadores do 'Irangate' não correriam o risco de utilizar o Aeroporto de Lisboa para fazerem o transbordo das armas sem terem pelo menos a promessa de que as autoridades fechariam os olhos».

menos a promessa de que as autoridades fechariam os Os carregamentos de armas para o Irão efectua-ram-se em duas fases. Na primeira, em Agosto, Setembro e Novembro de 1985, aviões israelitas traziam armas para Lisboa, onde eram transbordadas para outros aviões que as transportavam depois para o Irão. Na segunda fase, depois de em 20 de Novembro as autoridades portuguesas terem levantado dificuldades (quinze dias depois da tomada de posse de Cavaco Silva, que não estaria ao corrente do esquema anterior), Ronald Reagan autorizou secretamente a entrega directa das armas americanas a Teerão. Os aviões teriam, no entanto, continuado a fazer escala em Lisboa.

Paralelamente, o tenente-coronel Oliver North, organizador desta operação, enviava armas para os rebeldes nicaraguenses compradas com o produto das vendas ao Irão. Segundo fontes do Expresso, seriam armas de fabrico soviético capturadas por Israel aos palestinianos. As armas eram transportadas para Lisboa, donde seguiam em aviões da companhia Southern Air Transport, ligada à CIA, para diversos aeroportos na América Central. Segundo as nossas fontes, confirmadas por notícias publicadas na imprensa americana, terão partido em 1986 pelo menos 15 desses voos do Aeroporto da Portela. Na quarta-feira desta semana a cadeia de televisão norte-americana CBS dava pormenores sobre três desses voos, efectuados em Maio deste ano, informações renegadas ontem por O Diário.

Aviões declararem «carga generalizada»

Em contacto com o correspondente da CBS em Lisboa, Rui Araújo, apurámos que o primeiro desses aviões, em 2 de Maio, efectuou o percurso Luanda, Lisboa, Santa Maria (Açores), declarando Miami como destino final. O segundo e o terceiro, em 23 e 25 de Maio, declararam o percurso Telavive, Lisboa, Santa Maria, Guatemala. Os três aviões estiveram estacionados no parque Fox, no aeroporto, utilizado normalmente para aeronaves que transportam ou carregam materiais

explosivos. Apenas o terceiro destes aviões transportava carga declarada como «material de defesa». Segundo as nossas fontes, a maior parte dos voos com armas clandestinas declaravam transportar «carga generalizada».

(Expresso, de 27 de Dezembro de 1986.)

A «pista portuguesa» do «Irangate» — CBS noticia utilização do Aeroporto de Lisboa

Companhia de aviação da CIA recebeu lucros do «Irangate»

CBS dá mesma informação de «O Diárfo»

Washington — As autoridades norte-americanas possuem provas de que parte dos lucros provenientes das vendas de armas a Teerão foi desviada para uma companhia de aviação que pertencia à CIA.

A cadeia norte-americana de televisão CBS afirmou, na quinta-feira, que a referida companhia transportou este ano armas de Portugal para El Salvador, com destino aos bandos terroristas da Nicarágua.

A companhia Southern Air Transport, com sede em Miami, recebeu dinheiro de uma conta bancária na Suíça controlada por Oliver North, suposto cérebro da operação Irão-«conrras» — acrescentou a televisão.

«Ê a primeira vez que se encontram provas firmes de que alguém recebeu fundos provenientes dessa conta bancária» — adiantou.

Há um mês, o Ministro norte-americano da Justiça, Edwin Meese, revelou que entre 10 e 30 milhões de dólares, em lucros provenientes das vendas secretas de armas do seu país ao Irão, foram desviados para contas bancárias na Suíça para ajudar os «contras».

Contudo, até agora, não fora possível determinar por onde circulam os fundos nem os montantes desviados e nem sequer se chegaram às mãos dos terroristas.

A Southern Air Transport iniciou voos para Lisboa depois de começarem a chegar à conta suíça fundos das vendas de armas ao Irão — afirmou a CBS.

Os primeiros fornecimentos militares norte-americanos a Teerão, via Israel, começaram em meados de 1985 e o último registou-se em Outubro de 1986, imediatamente antes da libertação do terceiro refém norte-americano no Líbano.

A companhia de aviação transportou em Abril e Maio deste ano pelo menos três carregamentos de armas a partir de Lisboa para a base militar salvadorenha de Ilopango, ponto chave de trânsito para os fornecimentos «privados» aos «contras» — adiantou a cadeia.

Em documentos apresentados às autoridades portuguesas, a companhia de aviação afirmou que as armas se destinavam à Guatemala, mas nos seus relatórios ao Ministério norte-americano dos Transportes não consta qualquer voo para a Guatemala nesse período— sublinhou a CBS.

A companhia, que foi propriedade da CIA entre 1960 e 1973, transportou armas para o Irão e desempenhou um papel fundamental nos fornecimentos mi-