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II SÉRIE — NÚMERO 40

da França, durante a guerra das Falklands. Os dois países envolvidos na guerra Irão-Iraque utilizam ambos lança-foguetes de fabrico brasileiro. O Vietname está a vender ao Irão peças sobressalentes para aviões fabricados nos EUA ou noutros países do Ocidente. A Grã-Bretanha vendeu armas aos dois lados no conflito Índia-Paquistão.

«A indústria está em crise», disse Tony Lewis, porta--voz da British Aerospace Corp., em Washington. «Aparecem poucos aviões novos. A sua construção sai muito cara e a sua compra também.»

Os maiores exportadores

Mike Burns, representante da Associação Nacional dos Empresários junto do poder legislativo de Washington, disse que as grandes empresas aerospaciais dos EUA e do estrangeiro estão numa situação difícil.

Um país que tem dinheiro para comprar artigos aerospaciais importantes tem geralmente uma indústria de defesa própria, disse Burns. «E quando não tem a sua própria indústria de defesa, também não tem dinheiro para comprar produtos caros.»

Os potentados deste negócio são, como é óbvio, as grandes potências. A União Soviética é há três anos o maior exportador mundial de armamento, principalmente para os seus países satélites. Os Estados Unidos continuam à frente na venda de aviões militares, os artigos mais caros da lista de compras.

A França e os Estados Unidos são os grandes fornecedores de mísseis. Os ingleses, os alemães e os italianos são os principais fornecedores de veículos blindados. Os Estados Unidos são o maior vendedor de equipamento sofisticado de comunicações e radar, mas os iíaVianos, os ingleses e os coreanos são os principais exportadores de vedetas.

Os países do Terceiro Mundo tentam produzir as suas próprias armas de fogo manuais, espingardas automáticas e granadas, e vendê-las a outros países do Terceiro Mundo.

A Panavia, um consórcio europeu que produz o Tornado, um caça-bombardeiro, detém uma quota importante no mercado da Europa Ocidental. O Brasil, Israel e a China estão em ascensão como fabricantes do seu próprio arsenal.

Os anos mais próximos não se afiguram auspiciosos para as empresas aerospaciais dos EUA. Os franceses estão a aperfeiçoar um caça avançado, o Rafale. E um funcionário da Embaixada de França em Washington observou que 72 % dos produtos militares franceses se destinam à exportação.

A Panavia tenciona lançar um novo avião ofensivo, o Euroftghter.

Compensação

A complexidade deste mercado global é ainda agravada por uma prática que se está a tornar corrente, designada pelo nome de «compensação». Para fechar um negócio é muitas vezes necessário que a empresa ou o país vendedor comprem qualquer produto do país comprador.

«Há muitos países que estão a tentar pagar as suas importações através de um sistema de trocas», e não exclusivamente com dinheiro, disse George Brown Ir., vice-presidente excutivo do Data Ressources Inc., uma firma de previsões económicas sediada em Massachu-setts.

«Os países não querem aumentar a sua dívida em divisas. E querem aumentar a sua produção interna», frisou.

Este sistema de compensações pode implicar ou não os governos no negócio. E pode implicar ou não pagamentos em dinheiro. Algumas compensações implicam o recurso à tecnologia de uma nação que comprou um sistema de armamento.

A tentativa de fazer negócio onde quer que isso seja possível levou os vendedores de armas a dirigirem-se aos países pobres do Sudoeste da Ásia, que se têm revelado como um terreno surpreendentemente fértil. A General Dynamics vendeu F-16 à Singapura, à Tailândia e à Coreia.

Mas as empresas norte-americanas tiveram um choque psicológico nestes últimos anos.

«Ê evidente que já não dominamos o mercado aerospacial, como acontecia antigamente», disse Douglas Lee, um analista da Washington Analysis Corp., de Washington. «Ê também evidente que somos um dos principais competidores, mas não somos os únicos.»

Ê ainda mais preocupante o facto de as importações de armamento dos EUA estarem a aumentar regularmente, segundo o afirma a Associação das Indústrias Aerospaciais dos EUA.

«O que significa que existe um mercado estrangeiro forte e competitivo», disse Dave Schillerstroom, o porta--voz da associação.

A «fama» dos franceses

Os esforços de venda de armamento são cada vez mais intensos. O número de exposições comerciais aumentou muito.

Se os esforços de venda de armamento norte-americano a países estrangeiros não têm sido muito intensos nestes últimos anos, o facto deve ser atribuído em parte às restrições impostas pelo Congresso. As firmas norte--americanas não podem vender armas a Estados do bloco de Leste nem a um certo número de outras nações hostis. A França, por outro lado, tem fama de vender indiscriminadamente a toda a gente, segundo analistas políticos dos EUA. Os franceses negam essa asserção.

As empresas dos EUA podem vender armamento no estrangeiro no âmbito do chamado programa de vendas militares ao estrangeiro, em que o Pentágono actua como intermediário. As empresas podem também entrar directamente em negociações com os países estrangeiros, mas nesse caso é necessária a aprovação dos Departamentos de Estado e da Defesa para fechar o negócio. Os executivos das empresas aerospaciais queixam-se de que esse processo é moroso e que alguns países não estão dispostos a aceitar essas esperas.

Há também o mercado negro, com as suas figuras tenebrosas, que têm encontre» secretos em lugares remotos.

Mas um alto funcionário do Departamento de Estado que pediu o anonimato disse que o mercado negro é mais uma ficção do que uma realidade. Avaliou as vendas do mercado negro em cerca de 5 % das vendas totais anuais de armamento a nível mundial. O equipamento negociado pelos traficantes do mercado negro reduz-se geralmente a pequenas armas de fogo, segundo o mesmo funcionário.

Os países que querem passar por cima dos governos, das empresas ou do mercado negro podem negociar por intermédio de vendedores registados, como Cummings,