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7 DE FEVEREIRO DE 1987

1801

passado fim-de-semana a bordo do navio Angélique, com pavilhão panamiano.

O Angélique carregou 15001 de armas com destino ao porto iraniano de Bandar Abbas. O navio viajou vazio de um porto de África e carregou obuses, munições, morteiros e granadas, segundo a ANOP.

Reagan: saber ou não saber

Londres — O ministro norte-americano da Justiça, Edwin Meese, recusou-se a afirmar ontem em Londres se o presidente Reagan sabia ou não da operação Irão e respectivas ramificações.

«Não seria apropriado fazer comentários», afirmou Meese ao ser interrogado sobre as recentes declarações do antigo presidente do Conselho de Segurança Nacional, Robert McFarlane.

McFarlane assegurou que Reagan aprovou em Agosto do ano passado o primeiro envio de armas para o Irão através de Israel, confirmando aliás as notícias do Miami Herald.

O jornal israelense Maariv revelou ontem que Ro-nald Reagan debateu em Outubro de 1985 e em Setembro deste ano com o então primeiro-ministro de Israel, Shimon Peres, o fornecimento de armas ao Irão.

Segundo o jornal, o acordo através do qual o Irão pagou os fornecimentos de armas e no qual Israel participou como intermediário foi concluído durante conversações secretas na Casa Branca quando Shimon Peres visitou Washington. O Maariv cita «fontes autorizadas que ouviram estas informações da boca do próprio Peres».

Prefere o basebol

Washington — William Casey, director da CIA, depôs quarta-feira à porta fechada, sob juramento, perante o Congresso.

O depoimento foi feito poucas horas depois de o New York Times ter denunciado que Casey sabia de tudo sobre a operação Irão um mês antes de o escândalo ter sido denunciado pelo ministro da justiça.

O New York Times desmentiu assim mais uma vez o ministro da Justiça, Edwin Meese, segundo o qual ninguém na Administração Reagan, além de John Poindexter e Oliver North, sabia do escândalo.

Dirigentes do grupo republicano de governadores de Estado afirmaram ontem, depois de uma reunião com Reagan, que o presidente dá a impressão de ser «um homem desesperado por averiguar todos os factos e dá-los a conhecer ao povo». «Francamente, Reagan sente-se frustrado nas suas tentativas de chegar até ao fundo do assunto», disse Thomas Kean, governador de Nova Jérsia.

A televisão tem transmitido em directo os interrogatórios dos implicados no «Irangate» perante a Comissão dos Negócios Estrangeiros da Câmara dos Representantes, transmissão que ultrapassa os índices de audiência das telenovelas. No entanto, ao ser interrogado sobre se tem acompanhado os inquéritos, Reagan respondeu: «Às vezes ... quando não encontro um bom jogo de basebol (nos outros canais).»

As agências revelam que a resposta do presidente provocou um silêncio embaraçoso.

(O Diário, de 11-12-86)

Num valor que excede os envios americanos — Vendas de armas a Teerão efectuadas através de Lisboa.

Portugal e companhias com sede na Grã-Bretanha envolveram-se em vendas de armas israelitas ao Irão no valor de centenas de milhões de dólares nos últimos seis anos, disseram hoje vendedores de armas e fontes da defesa israelitas.

Os negócios foram anteriores e excederam largamente os envios limitados de armas norte-americanas para o Irão por intermédio de Israel, que causaram ao presidente Reagan uma das crises mais graves da sua presidência, afirmaram as mesmas fontes, ontem oitadas pela agência Reuter.

As armas enviadas para\o Irão foram oficialmente documentadas como sendo destinadas à Grã-Bretanha e receberam a aprovação de quatro sucessivos ministros da Defesa israelitas, mas nunca chegaram ao seu suposto destino.

Em vez disso, foram transferidas no aeroporto de Lisboa de aviões de carga da companhia estatal israelita El Al para aviões sem marca fretados, nos quais seguiram directamente para o Irão, numa rota que contornava a Turquia, disseram as mesmas fontes.

Fontes portuguesas ligadas aos sectores da Defesa e do armamento disseram à NP que Portugal era «o único país da Europa que exporta aberta e oficialmente armas» para o Irão e o Iraque, tendo-se transformado por isso em «bode expiatório» e «pára-raios» de todo o processo «Irangate».

O mesmo informador disse que outros países europeus, como a França, Itália, Alemanha Federal e Espanha, exportam não oficialmente armas para os beligerantes do Golfo.

As autoridades norte-americanas estão a investigar um negócio de venda de 8300 mísseis antitanque Tow ao Irão, os quais passariam por Portugal, anunciou uma estação de televisão de Dallas.

Contudo, a empresa referida por uma estação de televisão norte-americana como intermediária numa venda de armas ao Irão é desconhecida em meios da indústria de armamento, disseram informadores do EMGFA e da INDEP.

(Diário de Lisboa, de 13-12-86).

Guerra Irão-Iraque passa por Lisboa — Portugal vende armas às claras e faz transferências às escuras

Portugal, além de exportar oficialmente armas para o Irão e Iraque — fonte portuguesa ligada aos meios de Defesa classifica mesmo o nosso país de «entreposto interessante» —, está também envolvido em operações secretas de transferência de armas norte-americanas vindas de Israel com destino ao Irão. Essas armas, fazendo um percurso estranho, chegam ao aeroporto da Portela em avióes da El Al com destino a Londres, mas, como que por magia, são transferidas em Lisboa para aviões fretados, sem marca, e voltam para Oriente, mas desta vez direitinhas ao Irão.

Estas histórias são contadas em despachos da Reuter e da NP, que a seguir se transcrevem.

Portugal e companhias com sede na Grã-Bretanha envolveram-se em vendas de armas israelitas ao Irão