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II SÉRIE — NÚMERO 40

litares supostamente «privados», aos «contras» nicaraguenses numa altura em que estava proibida a ajuda militar oficial norte-americana.

O avião com armas para os «contras» abatido pela Nicarágua em 5 de Outubro, cujo único sobrevivente foi o norte-americano Eugene Hasenfus — recentemente indultado por Manágua—, fazia parte dessa rede «privada» de fornecimentos.

Mais de vinte pessoas, relacionadas com a rede, actuavam a partir da base de Ilopango, aparentemente com o conhecimento do chefe do destacamento de assessores militares norte-americanos em El Salvador.

Várias fontes disseram que North desempenhava ura papel fundamental nessa rede, tal como o general na reserva Richard Secord, implicado também nas vendas de armas ao Irão.

Secord e North invocaram o seu direito constitucional de não prestar declarações contra si próprios ao recusarem-se a testemunha? perante comissões do Congresso que investigaram nas últimas semanas o escândalo Irão-«contras».

Casey

O estado de saúde do director da CIA, William Casey, era considerado como «estacionário» na quinta--feira à noite, anunciou o hospital de Georgetown, nos arredores de Washington.

Segundo informações oficiosas difundidas durante a semana que agora termina, os médicos encontraram um tumor canceroso no cérebro de Casey quando o operaram. O director da CIA, que foi internado na véspera da sua prevista deposição no Congresso sobre o caso «Irangate» era considerado como «semi-comatoso».

(O Diário, de 27 de Dezembro de 1986.)

Aviões envolvidos no «Irangate» estiveram em Lisboa em 2, 23 e 25 de Maio

«Ws2a portuguesa» confirmada sem reservas por oO Diário»

Aviões cargueiros da Southern Air Transport Inc., a companhia aérea contratada pela CIA no âmbito do escândalo «Irangate», operaram em Lisboa pelo menos nos dias 2-3, 23-24 e 25 de Maio deste ano, «^.nm-^ ^"irm^ões absolutamente seguras obtidas por O Diário. Estes dados confirmam revelações anteriores leaas pelos jornais norte-americanos Miami Herald e Washington Post com base em documentos oficiais do Governo dos Estados Unidos. Confirmam ainda que Portugal serviu de facto de placa giratória no escândalo de venda de armas ao Irão e posterior transferência de fundos e material de guerra para os terroristas anti nicaraguenses. O Diário apurou ainda que também o aeroporto português de Santa Maria, nos Açores, foi incluído nos planos de voo dos cargueiros da Southern Air.

As informações obtidas permitem já garantir a realização de três voos da Southern Air para Lisboa. Os aparelhos mantiveram-se várias horas na capital portuguesa, o que exclui a hipótese de se tratar de escalas técnicas, e partiram com destino à Guatemala, segundo os planos de voo. Os aparelhos vinham, nestes

casos, de Miami ou de Telavive, o que confirma as informações dos já citados jornais norte-americanos e também o papel de intermediário desempenhado pelo regime israelense em toda a operação, por exigência da administração Reagan.

As informações disponíveis garantem que a Southern Air operou igualmente em Lisboa em Abril, mas O Diário não está em condições de revelar as datas exactas.

Um mês de Maio em cheio

Já o mesmo não acontece em relação a Maio. Cargueiros da companhia que trabalha para a CIA estiveram em Lisboa de 2 para 3, de 23 para 24 e no dia 25 de Maio. No primeiro caso o aparelho era do tipo Hércules e, nos outros dois, era do tipo Boeing 707, de carga. Os aviões eram brancos e não tinha logotipo da companhia, mas apenas a matrícula. Em todos os casos as operações tiveram o estatuto de «voos especiais».

O Hércules chegou a Lisboa a 2 de Maio deste ano e partiu no dia seguinte. O voo teve a designação N-522 SJ. A designação SJ é utilizada para identificar a Southern Air Transport Inc.

O primeiro Boeing 707 chegou a 23 de Maio e partiu igualmente no dia seguinte. O voo foi identificado com a designação SJ-525.

Uma terceira operação verificou-se no dia 25 de Maio. Um Boeing 707 chegou e partiu no mesmo dia, mas com várias horas de permanência para trabalho de carga. O voo foi identificado com o registo N-523 SJ.

Em qualquer dos casos a companhia aérea norte--americana pagou várias centenas de contos à TAP, o que exclui também as hipóteses de se tratar de escalas técnicas. Este facto, conjugado com as horas de permanência em Lisboa, garante que nessas datas foram realizados trabalhos de carga.

O Miami Herald e o Washington Post afirmaram já em Dezembro deste ano que os aparelhos da companhia da CIA transportaram armas para o Irão S viajaram depois vazios para Lisboa, onde carregaram material de guerra com destino à América Central. O armamento deveria ser aí entregue aos terroristas somozistas. Os planos de voo dos aviões que aterraram em Lisboa revelam que o país de destino dos aparelhos era a Guatemala, um dos citados pelos dois periódicos americanos. O aeroporto português de Santa Maria, nos Açores, figura também nesses planos de voo.

Quanto à origem dos voos, Miami é um caso plausível porque é a sede da Southern Air. Telavive é igualmente verosímil porque a capital israelense surge várias vezes citada como o destino das armas norte--americanas para o Irão. Aí as iriam buscar os destinatários iranianos.

No Aeroporto de Lisboa os aviões brancos da Southern Air estiveram estacionados no parque Fox, o mais afastado da aerogare, para lá das pistas principais, nas imediações de Camarate.

Os jornais Miami Herald, em 10 de Dezembro, e Washington Post, em 20 também deste mês, forneceram um conjunto de informações sobre a participação de Portugal nas operações do «Irançate» que se ajustam perfeitamente aos dados agora obtidos por

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