O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

7 DE FEVEREIRO DE 1987

1785

Ilegalidade comprovada

O presidente Ronald Reagan assinou em 9 de Janeiro de 1986 uma autorização ultra-secreta para uma ajuda aos terroristas antinicaraguenses no valor de 13 milhões de dólares, segundo o Washington Post.

A decisão viola a legislação norte-americana.

O Congresso norte-americano proibia nessa altura qualquer ajuda encoberta aos «contras».

A verba autorizada foi encaminhada através da CIA: 10 milhões para intensificar a recolha de informações secretas para os «contras» e 3 milhões de dólares para treino de espiões e fornecimento de equipamento para comunicações.

As fontes citadas pelo jornal afirmam que entre 1985 e Outubro de 1986 os terroristas somozistas foram financiados por três vias directas distintas: os 13 milhões de dólares da CIA, os 27 milhões de «ajuda humanitária» aprovados pelo Congresso no fim de 1985 e os fundos conseguidos pelo próprio Oliver North, então - funcionário do Conselho de Segurança Nacional.

Uma quarta via de abastecimento militar dos «contras» foi a Arábia Saudita, segundo o New York Times e a cadeia de televisão NBC.

O volume deste auxílio foi de 31 milhões de dólares, segundo a NBC, citando um relatório não publicado da Comissão de Informações do Senado.

Reagan será interrogado

A comissão de inquérito ao funcionamento do Conselho de Segurança Nacional formada no âmbito das investigações do «Irangate» vai interrogar o presidente Ronald Reagan e convidou os três anteriores presidentes a testemunhar sobre o assunto.

Um porta-voz da comissão afirmou que a data do interrogatório do presidente ainda não foi fixada. A comissão convidou os antigos presidentes James Cárter, Gerald Ford e Richard Nixon a testemunhar. Os porta-vozes dos anteriores chefes da Administração norte-americana afirmaram que não podem dar ainda informações sobre as respostas de Cárter, Ford e Nixon.

Os anteriores secretários de Estado e da Defesa e os antigos presidentes do Conselho de Segurança Nacional foram igualmente convidados a depor. Alguns deles recusaram-se já a fazer declarações, nomeadamente John Poindexter, o titular do Conselho de Segurança Nacional na altura das operações que deram origem ao «Irangate», e Oliver North.

A comissão de inquérito é presidida pelo antigo senador republicano John Tower e integra ainda Edmund Muskie e Brent Scwocraft.

Iraque acusa EUA

Nova Iorque. — O Governo do Iraque considera que os Estados Unidos são responsáveis pela morte de milhares de soldados iraquianos, afirmou ontem o Wall Street Journal.

De acordo com o vice-primeiro-ministro iraquiano, Taha Yassin Ramadan, as mortes foram consequência das informações deliberadamente erradas fornecidas pelos Estados Unidos ao Iraque.

Funcionários norte-americanos revelaram nos últimos dias que os Estados Unidos forneceram informações

deliberadamente falsas ao Irão e ao Iraque para perpetuarem a guerra do Golfo.

O ministro iraquiano dos Negócios Estrangeiros, Tariq Aziz, afirmou entretanto que o «Irangate» destruiu toda a credibilidade americana no Médio Oriente.

(O Diário, de 15-1-87)

Reagan escolheu Lisboa como ponto principal no tráfico de armas para a Nicarágua — Guatemala abre inquérito a armas portuguesas.

Portugal desempenhou no caso «Irangate» um papel mais importante do que se suspeitava no fornecimento de armamento aos «contras» da Nicarágua. Segundo fontes bem informadas, Lisboa não foi tão importante como tem sido especulado no fornecimento de material de guerra americano ao Irão, mas foi o ponto principal escolhido pelos assessores do presidente Reagan para o auxílio ilegal à guerrilha nicaraguense.

Os «contras» da Nicarágua começaram a receber material de guerra português menos de três meses depois de o Congresso dos EUA ter proibido que a Casa Branca lhes desse ajuda militar, em Outubro de

1984. O Expresso apurou que, em Janeiro de 1985, chegaram aos «contras» as primeiras munições e granadas de morteiro compradas em Lisboa por empresas norte-americanas através da DEFEX Portugal, alegadamente em nome do Exército da Guatemala.

Em 1985 e 1986 os Ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros autorizaram, com base em dez certificados de destino final falsos, supostamente assinados pelo general César Augusto Caceres Rojas, na qualidade de «Jefe Interino dei Estado Mayor de la Defesa Nacional» do Estado da Guatemala, a exportação para este país de armas, munições e explosivos de fabrico nacional.

Os certificados de destino final, indispensáveis à exportação de material de guerra, foram entregues em quatro datas diferentes às autoridades portuguesas, através da firma DEFEX Portugal. Os primeiros três certificados, com a data de 21 de Dezembro de 1984, continham o endereço da Trans World Arms Inc., uma empresa com sede no n.° 5340, Ferrier St., Montreal, Canadá. O segundo conjunto de cinco certificados, datados de 14 de Fevereiro de 1985, estavam dirigidos à Energy Resources International 440, Maple Av. East, Viena, Virgina, nos Estados Unidos. Os dois últimos certificados, datados de 10 de Abril e 29 de Julho de

1985, estavam endereçados também à Energy Resources International, mas desta vez para a Rua do Presidente Arriaga, Lisboa — a sede da DEFEX.

A morada nos Estados Unidos da Energy Resources International indicada nos certificados de destino final de 14 de Fevereiro de 1985 é a mesma do escritório do general Secord.

Richard Secord foi até 1982 funcionário do Pentágono e é ligado pelo Congresso dos EUA ao fornecimento aos «contras» de armas obtidas alegadamente com fundos privados, operação que parece ter recebido apoio de funcionários da Administração, incluindo o tenente-coronel Oliver North.

As exportações foram autorizadas parcialmente a 21 e 28 de laneiro, 19 de Março, 7 de Maio e 15 de Dezembro de 1985, e em 2 de Março, 12 de Abril, 24 de Maio e 22 de Julho de 1986, tendo saído de