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7 DE FEVEREIRO DE 1987

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Uma investigação séria do «Irangate» chegará sem dúvida a. Portugal. Ó aeroporto de Lisboa é um dos únicos citados fora do circuito Estados Unidos-Israel para actividades da Southern Air Transport, a empresa fretada pela CIA no quadro do tráfico de armas. A Southern Air, companhia aérea utilizada pelos organizadores da operação Irão-«contras», carregou em Lisboa armas para a América Central pelo menos em Abril e Maio do ano passado, como O Diário já ce-monstrou.

Um apuramento completo de toda a realidade do «Irangate» terá de passar por Portugal. Talvez seja essa, aliás, a única maneira de arrancar o Governo de Cavaco Silva do mutismo a que se remeteu desde que foram denunciados os atentados à soberania nacional resultantes do escândalo. Se o primeiro-ministro foge a informar os portugueses, não ousará certamente recusar-se a prestar contas aos americanos.

José Goulão.

(O Diário, de 10-1-87)

Governo da Guatemala nega participação no «Irangate»

Cidade da Guatemala — O governo e o exército da Guatemala negaram segunda-feira a sua participação no processo de tráfico de armas para os terroristas antindcaraguenses realizado no âmbito do «Irangate» da Administração Reagan.

O presidente guatemalteco determinou no entanto a realização de averiguações relacionadas com noticias publicadas pela imprensa portuguesa segundo as quais os carregamentos de armas para os «contras» passaram por Portugal com documentação que citava a Guatemala como destino final.

Os jornais portugueses O Diário e Expresso revelaram nos últimos dias que alguns dos voos promovidos pela CIA para transporte de armas para os «contras» passaram pelo aeroporto de Lisboa com destino declarado para a Guatemala. O Diário revelou que este país figurava no plano de voo dos aviões que em Maio carregaram armas em Lisboa. O Expresso acrescentou que os certificados de destino final apresentados para realização das operações eram assinados pelo general guatemalteco Casaras Rojas. Contactado pela cadeia de televisão norte-americana CBS o general desmentiu o envolvimento, admitindo que a assinatura foi falsificada.

O presidente da Guatemala afirmou, no regresso de uma viagem aos Estados Unidos, que falará com os chefes militares «para aclarar este ponto».

Contradições

Washington— O Washington Post afirmou ontem que na Primavera passada o chefe da CIA qualificou como exagerada a tese oficial norte-americana da «ameaça soviética» sobre o Irão.

Segundo o jornal, William Casey entregou à Casa Branca um documento de 25 páginas «aprovado por responsáveis das agências norte-americanas de espionagem» que modificou «de maneira substancial» um relatório do ano anterior segundo o qual «o Irão estava muito ameaçado pelo seu vizinho soviético».

«Numa palavra, o relatório dizia que os soviéticos não iriam intervir no Irão», afirmou um alto funcionário citado pelo jornal. O Washington Post nota que «a análise revista de Casey parece ter posto em causa as conclusões da Casa Branca a favor da venda secreta de armas ao Irão».

Informações erradas aos dois lados

Nova Iorque — Os serviços norte-americanos de espionagem transmitiram deliberadamente informações falsas ao Irão e ao Iraque com o objectivo de perpetuar a guerra do Golfo, afirma o New York Times na sua edição de segunda-feira.

O jornal cita como exemplos a avaliação americana exagerada, comunicada a Teerão, sobre a concentração de tropas soviéticas na fronteira com o Irão e fotografias tiradas por satélites, amputadas de pormenores importantes, fornecidas ao Iraque.

Segundo as fontes citadas pelo jornal, os Estados Unidos realizaram as seguintes operações simultâneas: venderam armas ao Irão, apoiaram secretamente grupos de iranianos exilados para derrubar o governo iraniano, comunicaram informações sobre alegadas «infiltrações» no Partido Tudeh Iraniano (comunista) e transmitiam informações erradas ou truncadas ao Irão e ao Iraque.

(O Diário, de 14-1-87)

Agente da CIA comprou armas para os «contras» em Portugal

Washington — Armas enviadas para os terroristas antinicaraguenses no âmbito do escândalo «Irangate» foram compradas em Portugal por um antigo agente da CIA, afirmou sexta-feira à noite a cadeia de televisão norte-americana NBC, citando um relatório preliminar de uma comissão do Senado.

A estação de TV afirmou que as informações necessárias para as missões de abastecimento aos «contras» foram transmitidas pelos chefes de antena da CIA nas Honduras e em El Salvador. As informações incidiram nomeadamente sobre os corredores aéreos a tomar no âmbito das operações.

A informação da NBC reforça o conjunto de revelações que nos últimos tempos têm sido feitas por meios de comunicação norte-americanos e portugue-sess e que confirmam o papel central desempenhado por Portugal no escândalo que atinge a Administração Reagan.

A NBC cita como fonte o relatório do inquérito da Comissão de Informaçõss do Senado. Segundo este documento, um dos operacionais do «Irangate», o general na reserva Richard Secord, chegou a encontrar-se três vezes por semana com o chefe da CIA, William Casey.

Ainda de acordo com o relatório, as fontes de financiamento para a compra de armas a entregar aos «contras» não estão ainda totalmente apuradas. O documento informa que 10,5 milhões de dólares resultantes da venda de armas ao Irão e depositados em contas bancárias na Suíça não foram ainda encontrados.

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