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II SÉRIE — NÚMERO 54

Silva Santos salientou, a propósito, que um hospital não precisa apenas de aparelhagem sofisticada. E acrescentou: A saúde não precisa só de computadores, precisa de coisas tão simples como meios humanos e serviços de cozinha e de lavandaria.

Além de acusar o Governo de ter nomeado, para presidir à Comissão Instaladora, um indivíduo sem currículo conhecido de gestão hospitalar ou organização de serviço, Silva Santos denunciou também, na mesma ocasião, o facto de muitos médicos estarem a ser convidados para trabalhar na nova unidade hospitalar sem condições contratuais minimamente seguras.

No documento distribuído no decorrer da conferência de imprensa, a direcção do mencionado sindicato denunciou ainda a decisão de Leonor Beleza ter oferecido a gestão hospitalar a uma empresa privada (a P. A.), ligada ao holding da LISNAVE, com experiência no sector da hotelaria.

Todo o pessoal não médico, diz-se no documento, foi admitido por concursos determinados pela P. A., sem qualquer supervisão de organismos da direcção dos recursos humanos, prevalecendo o compadrio.

Silva Santos revelou também que o único serviço que funciona no hospital é o de medicina, com doentes e médicos transferidos do Egas Moniz, acrescentando que o banco de urgência não funciona porque isso implica infra-estruturas técnicas e humanas que não existem.

De acordo com as declarações do presidente do Sindicato, é pretensão do Governo, com fins demagógicos, que o banco de urgência comece a funcionar a 15 de Junho com os médicos e os doentes dos Hospitais de Santa Cruz e Egas Moniz.

Refira-se, a propósito, que a abertura do novo Hospital foi decidida pelo Governo em 1986, com os objectivos de criar um terceiro pólo de urgências na área metropolitana de Lisboa (para descongestionar os actuais bancos dos Hospitais de São José e Santa Maria), dotar de recursos hospitalares próprios uma zona carenciada da capital e proporcionar a inovação tecnológica nos domínios que abrange.

À luz das informações oficiais, as unidades de cuidados intensivos polivalentes, médicos e de neonatologia possuem sofisticados equipamentos que funcionarão em moldes inéditos nos serviços de urgência portugueses.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, o Hospital tem capacidade para atender mais de 120 000 urgências por ano e constitui o primeiro passo na estratégia de descomprimir e diversificar as urgências e os recursos hospitalares na área metropolitana de Lisboa.

O Ministério de Leonor Beleza divulgou, no dia da sua inauguração, que o novo Hospital de São Francisco Xavier se integra e articula com um conjunto de hospitais com uma capacidade total de 1200 camas (Egas Moniz, Santa Cruz, Dr. José de Almeida e Sant'Ana), abrangendo a sua área de influência imediata a população das freguesias ocidentais de Lisboa e o concelho de Oeiras, com cerca de 280 000 habitantes.

(Memorandum, de 28 de Maio de 1987.)

Hospital do Restelo tem novo presidente.

(Documento n.° 15)

Foi demitido e já substituído o presidente da Comissão Instaladora do Hospital do Restelo, revela uma nota do Sindicato dos Médicos do Sul. Este «gravíssimo facto», acrescenta, «confirma plenamente as denúncias» que o Sindicato tem feito.

Aquela comissão era presidida pelo Prof. Ayres de Sousa, agora substituído pelo Dr. Gomes da Silva, cirurgião do Porto, já apresentado aos médicos e restante pessoal desta unidade, de acordo com o mesmo comunicado.

Segundo o Sindicato, o Hospital do Restelo «continua a ser 'palco' de um escandaloso tráfico de influências pessoais e partidárias, que coloca Leonor Beleza e o Governo numa posição insustentável».

Em contacto com o Hospital de São Francisco Xavier, não conseguimos, porém, confirmar a notícia nem obter uma eventual resposta ao comunicado do Sindicato dos Médicos da Zona Sul.

Um porta-voz do Ministério da Saúde, no entanto, confirmou ao DN esta substituição, acrescentando não se tratar de «demissão», mas sim da chamada de Ayres de Sousa a outras funções, na estrutura daquele departamento governamental.

A mesma estrutura condenou, entretanto, «o injustificado sensacionalismo de alguns órgãos da comunicação social, quando recentemente falaram de 'experiências com cobaias humanas', como se se tratasse de reedições de actos, tristemente célebres, praticados nos campos de concentração, durante a Segunda Guerra Mundial».

«Os medicamentos, que são alvo de trabalhos científicos, já se encontram (na generalidade dos casos) comercializados, há anos, noutros países», refere o Sindicato, que acrescenta: «No nosso país, nem sequer possuímos tecnologia necessária para permitir a realização de experiências com novos.»

Os Hospitais Civis de Lisboa estão a comemorar os 500 anos do primeiro grande hospital construído na capital — o Hospital Real de Todos os Santos.

As comemorações, que vão prolongar-se até 1992 (aniversário da conclusão da obra), serão ligadas aos 500 anos dos Descobrimentos.

Nunes de Abreu, director do Hospital de São José, explicou que a construção daquela unidade foi uma das infra-estruturas de maior relevo em Lisboa para apoio às descobertas.

Construído no Rossio, o Hospital de Todos os Santos reuniu os bens de 43 hospitais que existiam em Lisboa e arredores. Nunca tinha havido na capital um estabelecimento de saúde com as suas dimensões e, por isso, ganhou fama de ser um dos maiores do mundo.

O Hospital de Todos os Santos viria a cair com o Terramoto de 1755, e foi substituído peio Hospital de São José. Seguiram-se os Hospitais do Desterro e Santa Marta.

As comemorações agora efectuadas pelos hospitais civis constam, fundamentalmente, de um ciclo de conferências sobre o tema genérico de «o Hospital Real de Todos os Santos e os Descobrimentos». Será debatida a importância das descobertas na medicina da época, designadamente a propagação da sífilis.