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9 DE MARÇO DE 1988

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lamento «não sabem de nada» do que ali se passa. Uma médica, que requereu o anonimato, disse ao Expresso que o clima que ali se vive é de «total desconfiança, insegurança e até temor». Médicos, enfermeiros e pessoal auxiliar temem pela presença de informadores da Ministra.

Costa Freire, o secretário de Estado que levou Gomes da Silva à demissão, esteve ligado à P. A., empresa privada inglesa a quem Leonor Beleza entregou a gestão do Hospital. O demissionário —que veio do Porto para Lisboa para ocupar o lugar— caso venha a manter a decisão, continuará a ocupar o cargo que já exercia, por acumulação, de subdirector-geral dos Cuidados de Saúde Primários.

O médico otorrino Jaime Neto, do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia, disse entretanto ao Expresso que não aceitará ocupar o lugar de director-geral dos Hospitais, deixado vago pela morte de Jacinto de Magalhães. Membro da direcção do colégio da especialidade de cirurgia cardiotoráxica e do conselho consultivo da secção regional do Norte da Ordem dos Médicos, o clínico explicou que o convite não chegou sequer a ser-lhe formalizado. «Dificilmente poderia aceitar um lugar desses», explicou, numa clara alusão às dificuldades que, certamente, o esperariam.

36 dias são já passados sobre a morte de Jacinto de Magalhães. «Assunto que requer muita ponderação» —no dizer da Ministra—, a substituição está a revelar--se problema de difícil solução. Nos círculos médicos, o nome de Guimarães dos Santos, director do IPO do Porto e candidato derrotado ao cargo de bastonário, volta a ser citado como o mais provável sucessor de Jacinto Magalhães.

Sinais de outros conflitos começam, entretanto, a surgir: na urgência do Hospital de Santa Maria, onde os riscos de ruptura aumentam progressivamente; entre os policlínicos, confrontados com um novo mapa de 500 vagas no internato complementar, para 2500 candidatos, e em Santiago do Cacém, cujo município já repudiou, por unanimidade, a decisão governamental de encerramento, a curto prazo, da maternidade do hospital local.

O. R.

Demissão de chefias no Hospital do Restelo.

(Documento n.° 19)

Cinco chefias de enfermagem do Hospital S. Francisco Xavier, no Restelo, demitiram-se ontem, quinta--feira, numa atitude relacionada com a entrada em funções da nova Comissão Instaladora daquele estabelecimento hospitalar, segundo nos disseram fontes médicas.

Os chefes de enfermagem que apresentaram pedidos de demissão exerciam funções nos serviços de medicina, cuidados intensivos, urgência e num outro que não foi possível determinar. Aos demissionários juntou-se a assessora da supervisora dos enfermeiros.

No cerne de mais este conflito no Hospital do Restelo, segundo as nossas fontes, está a enfermeira Irene Belo, que integra a nova Comissão Instaladora que tomou posse na manhã da passada segunda-feira e que assim assume a supervisão dos enfermeiros.

Esta enfermeira havia sido colocada no Hospital de S. Francisco Xavier por Costa Freire, actual Secretário de Estado da. Administração de Saúde, mas, na

altura, elemento da Comissão Instaladora. Posteriormente, Irene Belo foi afastada pelo Dr. Gomes da Silva, «por incompetência», dizem as nossas fontes. Gomes da Silva pediu, recentemente, a demissão de presidente da Comissão Instaladora do Hospital de S. Francisco Xavier, ao que se sabe, por incompatibilidade insanáveis com Costa Freire e por discordar do afastamento compulsivo do Dr. Jorge Girão, que ali exerceu funções de director de serviços e de director clínico. Como O Jornal noticiou na semana passada, este cirurgião apresentou já, no Ministério da Saúde, um pedido de inquérito à sua actuação pessoal naquele estabelecimento hospitalar —pedido a que, referem as nossas fontes, Leonor Beleza terá intenção de não dar seguimento.

Na presidência da nova Comissão Instaladora do Hospital do Restelo aparece o Dr. Carlos Santos, clínico praticamente desconhecido nos meios médicos. De acordo com as nossas fontes, Carlos Santos era interno, com o grau de assistente, do Dr. Malato Correia, figura destacada do PSD, que exerce naquele estabelecimento hospitalar as funções de chefe dos serviços de cirurgia.

Malato Correia já admitiu, publicamente, ter feito chegar à Ministra Leonor Beleza algumas críticas a Jorge Girão, que concorreram para a decisão de afastar, compulsivamente, aquele reputado cirurgião.

Por outro lado, para o actual director clínico do estabelecimento do Restelo, Dr. Sales Luís, a tomada de posse da nova direcção do hospital terá constituído uma enorme surpresa. Só soube dela no próprio dia, isto é, na manhã da passada segunda-feira ...

Completa o quadro da nova Comissão Instaladora o Dr. Sentieiro de Almeida.

Tentámos, ontem, quinta-feira, em ligação telefónica com o Hospital do Restelo, obter um comentário do Dr. Carlos Santos sobre as últimas alterações verificadas naquela unidade. No entanto, tal não foi possível.

/. P. J.

(O Jornal, de 23 de Outubro de 1987.)

Promoção do Hospital do Restelo ascendeu a mais de 41 000 contos.

(Documento n.° 20)

A promoção do Hospital de S. Francisco Xavier, também conhecido por Hospital do Restelo, ascendeu a mais de 41 000 contos, com a particularidade da proposta de formalização da campanha publicitária e a apresentação da respectiva factura serem ambas datadas de três dias antes das eleições de 19 de Julho.

Em 16 de Julho passado, em carta dirigida aos Serviços de utilização Comum dos Hospitais, a empresa privada P. A. — Consultores de Gestão e Organização, L.da, encarregada pelo Ministério da Saúde de promover a abertura da referida unidade hospitalar, propunha a realização de uma campanha publicitária denominada «Hospital de S. Francisco Xavier».

Na missiva, assinada pelo então director-geral da P. A., Costa Freire, actual Secretário de Estado da Administração de Saúde, são enumerados os vários passos da iniciativa da produção à distribuição, incluindo a percentagem que aquela empresa se propunha cobrar, no montante de 15%.