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II SÉRIE — NÚMERO 76

O local é ainda hoje conhecido por sílio dos Rebelos da Silva, família que tem mantido a casa em sua propriedade. Trata-se de uma casa de lavrador abastado, da 1." metade do século xrx, que Luís Augusto Rebelo da Silva herdou de seu pai. É um bom edifício de dois pisos, sendo o andar térreo destinado a arrecadações e serventias agrícolas várias. O acesso ao piso superior faz-se ou interiormente ou através de uma interessante escadaria de pedra que, na fachada sul, conduz à entrada nobre da residência, voltada ao jardim. A entrada de serviço abre-se na fachada norte, com acesso por uma pequena escada protegida por balcão rústico.

Sobre esta porta ergue-se um pequeno campanário.

Anexa a esta fachada existe uma construção (recuada) quase arruinada e totalmente destelhada. Pela sua localização, pela extensão da divisão única e pelo sistema de acesso e fenestraçâo, teria sido sem dúvida uma antiga capela familiar.

Finalmente, a fachada nobre, recuada entre duas alas laterais, apresenta elementos posteriores, como a escadaria de pedra e a plalibanda, que procuraram conferir-lhe um tipo de dignidade menos rústica e relevando de um gosto mais tardio.

2 — Significado histórico. — Luís Augusto Rebelo da Silva (1822-1871), que herdou esta casa de seu pai, aqui passou largas temporadas, tendo procurado alívio nos bons ares da região para a precária saúde dos seus últimos anos de vida.

Para aqui convidava com frequência personalidades das letras e da política, sendo este convívio muito apreciado num significativo círculo de intelectuais. Por aqui passaram Garrett, Herculano, Bulhão Pato, entre outros.

Bulhão Pato dirá, nas suas Memórias (1984):

Falando do Vale de Santarém, Alexandre Herculano disse que, depois das Viagens na Minha Terra, aquele sítio era como o pomo vedado. Dc facto, Garrett com tal correcção dc linhas c propriedade dc colorido o pintou que não há que tocar-lhe.

Na verdade, é a Garrett que esta casa ficou verdadeiramente ligada. As Viagens têm por base uma estada do autor no Vale de Santarém, cerca de 1843; um encontro com Passos Manuel nesse ano teria constituído o pretexto da estada em casa dc Rebelo da Silva. E daqui sairia o esboço do futuro romance.

Na toponímia oral da freguesia ficou o «Sítio do Rebelo da Silva», a «Casa do Rebelo da Silva» e ainda a «Casa da Joaninha»; esta última é, no entanto, uma extensão poética e provavelmente erudita, alusiva a Garrett e à gestação da sua obra — certamente pouco mais. O certo é que esta casa conserva uma real expressão afectiva entre a população, nomeadamente a vizinhança idosa (com quem houve oportunidade dc conversar); chega-se a estabelecer saborosa polemica sobre o local exacto da pretensa Casa da Joaninha. A memória histórica do povo do Vale de Santarém parece ter-se fixado neste testemunho emblemático da sua identidade cultural, relativamente pobre cm documentos materiais.

Finalmente, é de referir que são relativamente frequentes as visitas dc estudantes a esta casa; também o Centro Nacional de Cultura, na esteira dos itinerários de Garrett e Herculano, realizou há anos uma

visita ao local. (Não foi possível recuperar um texto de apoio então editado.)

3 — Estado de conservação. — O estado de conservação do imóvel é deplorável, não tanto no que se refere à estrutura e elementos portantes, mas principalmente no que respeita às coberturas e sobrados; é já um risco a passagem ao piso superior.

Todas as divisões se encontram devassadas e com sinais de destruições intencionais, o que é inevitável numa casa em que se pode penetrar por qualquer porta ou janela.

4 — Perspectivas de recuperação. — A degradação das coberturas conduzirá a uma rápida ruína do edifício, se não for rapidamente sustida. Contudo, a recuperação é perfeitamente viável do ponto de vista técnico, apenas se apresentando problemática de uma perspectiva financeira. Só uma vontade efectiva dc recuperação e reutilização, naturalmente do âmbito camarário, poderá viabilizar qualquer eventual projecto para a Casa de Rebelo da Silva (que, aliás, é propriedade particular).

2 de Maio de 1988. —Pelo Chefe do Gabinete, (Assinatura ilegível.)

MINISTÉRIO DA SAÚDE

GABINETE DO MINISTRO

Assunto: Resposta ao requerimento n.9 832/V (l.4)-AC, do deputado Jorge da Cunha (PSD), sobre a eventual alienação dos terrenos do Hospital dc Curry Cabral.

Relativamente ao assunto em epígrafe, cumpre-me informar V. Ex.! do seguinte:

a) Uma vez que o Hospital de Curry Cabral:

Tem instalações bastante degradadas;

Tem uma arquitectura pavilhonar, altamente deficiente em termos de comodidade para doentes e para quem lá verdadeiramente trabalha;

Tem custos de exploração obviamente elevados dada a sua dispersão;

Tem custos de manutenção elevados, de que o aquecimento é um exemplo flagrante (cx.: fumas);

Está implantado numa zona de expansão natural da cidade e portanto valiosa;

Não se coaduna com a nova face dc bem-estar e humanização para os doentes e eficiência dos profissionais que se pretende para a saúde em Portugal.

O Ministério põe a hipótese de permuta dos terrenos do Hospital por unidades mais modernas e humanizadas.

Estão, assim, a ser realizados estudos que sirvam de base ao lançamento de concurso público internacional.

b) Não há no PIDDAC 88 nenhum investimento específico previsto para este Hospital, como se poderá facilmente verificar através do Diário da República.

27 de Abril de 1988. — O Chefe do Gabinete, Manuel de Lemos.