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II SÉRIE-A — NÚMERO 1

registado, no ano anterior, uma taxa, igualmente negativa, de 3%. Do mesmo modo, o consumo privado deverá registar, no corrente ano, uma variação negativa de 0,9%, menos 3,3 pontos percentuais relativamente ao ano anterior. As exportações, por outro lado, deverão ter uma evolução positiva, com taxa de crescimento de 5,1%, contribuindo assim positivamente para o crescimento do PIB. Acompanhando a conjuntura recessiva, a taxa de desemprego subiu significativamente, passando de 18,4% em 1992 para uma estimativa de 22,5% no 2." trimestre do corrente ano.

Desde o 2.° semestre de 1992 que se assiste à retoma da actividade económica do Reino Unido, depois de ter vivido a sua mais prolongada recessão desde os anos 30. Esta recuperação seguiu-se a um processo de ajustamento estrutural da economia em que se verificou uma expressiva redução da inflação e um crescimento muito moderado dos custos unitários de produção e tem-se reflectido numa evolução favorável das exportações. Foi este ajustamento no sector real da economia que permitiu ao Reino Unido uma rápida redução das taxas de juro na sequência da suspensão da participação da libra no mecanismo cambial, sem que por isso se tenham agravado de forma significativa as tensões inflacionistas/De facto, estima-se que, para 1993, a taxa de crescimento das exportações de bens e serviços seja 6,1%, mais 4 pontos percentuais do que no ano anterior. Do mesmo modo, o consumo privado deverá crescer no corrente ano a uma taxa de 1,7%, contra uma taxa de 0,2% em 1992. Quanto ao investimento, os indicadores sobre a formação bruta de capital fixo apontam para uma taxa de variação de 1,3 para 1993, mais 1,9 pontos percentuais do que no ano anterior.

II.1.1.2 — Desenvolvimentos nos mercados cambiais

As conjunturas económicas divergentes nos países comunitários, a combinação das políticas económicas adoptadas pelos Estados membros e as dificuldades de coordenação contribuíram para as fortes tensões nos mercados cambiais a partir do 2.° semestre de 1992. A estes factores explicativos juntam-se ainda a liberalização quase total dos mercados de capitais a nível mundial e a sofisticação tecnológica crescente dos operadores cambiais, elementos que provocaram nos últimos anos um aumento significativo do poder de mercado dos operadores relativamente à capacidade das autoridades para minimizarem as flutuações cambiais.

As expectativas inflaccionistas na Alemanha, consequência dos efeitos económicos da unificação, levaram as autoridades alemãs a adoptarem uma política monetária restritiva. Para alguns países* da Comunidade, com destaque para o Reino Unido, a braços com uma prolongada recessão, o pendor restritivo da política monetária não era o mais adequado ao seu equilíbrio interno.

A crescente turbulência nos mercados decorreu num contexto de estagnação e de recessão nas economias europeias, pondo em relevo, para certos países, o dilema da escolha entre os objectivos internos e o compromisso de estabilidade cambial.

As perturbações nos mercados cambiais desde Junho de 1992 quebraram a notável estabilidade e expectativas cambiais observadas nos últimos anos.

Em Outubro de 1992, as autoridades britânicas e italianas abstiveram-se de intervir temporariamente nos mercados cambiais na defesa dos limites de intervenção obrigatória, suspendendo a participação das respectivas moedas no

mecanismo cambial do Sistema Monetário Europeu. A estabilidade cambial, que se havia verificado nos últimos anos, sucedeu um clima de incerteza, caracterizado por violentos ataques especulativos às moedas do mecanismo cambial do Sistema Monetário Europeu e a outras moedas europeias. Ataques especulativos por vezes arbitrários, mas que, dado o seu montante, acabavam por conduzir à concretização das expectativas pessimistas sobre a evolução das taxas de câmbio. Noutros momentos, a intervenção concertada das autoridades e o recurso aos instrumentos comuns de defesa previamente acordados proporcionaram o reestabelecimento da normalidade nos mercados. Assistiu-se, assim, desde Outubro de 1992, a cinco realinhamentos.

Face às fortes tensões que se vinham verificando nos mercados cambiais decidiu-se, a 2 de Agosto do corrente ano, alargar, temporariamente, os limites de intervenção obrigatória para uma margem única de 15%, mantendo-se as paridades centrais e reafirmando-se o objectivo de estabilidade cambial.

Os recentes desenvolvimentos nos mercados cambiais reflectem bem as deficiências institucionais da arquitectura do regime monetário europeu num novo contexto de liberdade de capitais virtualmente irrestrita e as dificuldades da concertação das políticas, sobretudo na fase descendente do ciclo económico. No entanto, a perda de credibilidade colectiva pode ser invertida através da reforma do Sistema Monetário Europeu, criando uma ordem monetária capaz de potenciar os efeitos benéficos do mercado único, em consonância com os compromissos assumidos em Maastricht. A construção de uma zona monetária estável e de elevada cooperação das políticas monetárias necessita de novas iniciativas nas áreas institucional e política por forma a obviar os efeitos nocivos da instabilidade cambial sobre o mercado único.

Assim, a preparação da nova instituição de cooperação monetária, da legislação derivada do Tratado sobre as vertentes institucionais da união monetária e o desenvolvimento de mecanismos de coordenação e de acompanhamento multilateral poderão contribuir para o reforço da cooperação monetária, relançando dessa forma o processo de convergência e coesão previsto no Tratado da União Europeia, agora que, terminado o processo de ratificação, está prestes a entrar em vigor.

11.1.2 — Evolução recente da economia portuguesa 11.1.2.1 — Actividade económica

O ritmo de crescimento da economia portuguesa em 1992 foi afectado pela conjuntura externa desfavorável, principalmente na Europa, e, apesar da retoma das exportações e do investimento, a produção continuou em abrandamento..

Segundo as estimativas das contas nacionais trimestrais, o 1.° trimestre de 1992 evidenciou uma certa recuperação do ritmo de expansão da actividade económica, no entanto, a partir do 2° trimestre a actividade económica entrou de novo numa fase de abrandamento, que se acentuou nos dois últimos trimestres do ano, em sintonia com a desaceleração das exportações e, dada a dinâmica da procura interna, com um forte crescimento das importações. Deste modo, estima--se que a taxa de crescimento real do PEB, em \992, tenha sido na ordem de 1,3% (menos 0,6 pontos percentuais relativamente a 1991).