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0006 | II Série A - Número 006S | 16 de Outubro de 2003

 

A evolução cambial recente terá propiciado estímulos às economias cujas exportações são
denominadas em dólares. A moeda norte-americana depreciou-se rápida e significativamente face às
outras principais moedas internacionais na primeira metade de 2003 (prosseguindo o movimento que
já vinha de 2002), tendência que poderá ser explicada designadamente pelas crescentes necessidades
de financiamento do défice externo corrente e do défice orçamental e pelas incertezas quanto à
evolução da própria economia norte-americana, que prevaleciam já antes de eclosão da guerra do
Iraque. Assim, as economias emergentes, bem como a própria economia norte-americana, terão
beneficiado do estímulo cambial enquanto que a economia japonesa e as economias da área do euro
terão sido penalizadas. No entanto, desde meados do ano, devido, entre outros factores, à
perspectiva de uma mais rápida recuperação da economia norte-americana em comparação com
outras grandes economias, o dólar começou a apreciar-se corrigindo, assim, parcialmente, os efeitos
da depreciação anterior.
A evolução do preço do petróleo passou a constituir um factor favorável para a evolução da economia
internacional a partir do começo das hostilidades no Iraque. Os preços subiram ao longo de 2002
devido à eminência do conflito e, posteriormente, devido à quebra da produção venezuelana
decorrente da crise interna. Nos primeiros meses de 2003 os preços permaneceram elevados tendo
começado a descer com a eclosão do conflito, devido à percepção de que as infra-estruturas
petrolíferas, quer do Iraque quer dos restantes países produtores do Médio Oriente, não seriam
afectadas e devido às expectativas de que o Iraque retomaria rapidamente as suas exportações,
tendo-se vindo a situar entre vinte cinco e trinta dólares o barril. No entanto, vários factores,
designadamente as recentes dificuldades da produção iraquiana em retomar os anteriores níveis,
estão a pressionar os preços para o limiar superior daquele intervalo.
Perspectivas
Neste quadro de evolução da economia internacional, as perspectivas são fortemente condicionadas
pela evolução da economia norte-americana. Os riscos de choques petrolíferos, de persistência de
tensões geopolíticas significativas e de ocorrência de acções de terrorismo existem, mas as incertezas
e riscos inerentes à evolução da economia norte-americana parecem assumir maior acuidade. Ou
seja: os factores não eminentemente económicos mas condicionadores das decisões económicas
permanecem mas a sua relevância para estas parece menor numa perspectiva de curto prazo.
As autoridades norte-americanas esperam que na segunda metade de 2003, a taxa de crescimento
(em termos anualizados) venha a aproximar-se de 3%, apontando as previsões do FED, de meados
Julho, para uma taxa média anual de crescimento em 2003 no intervalo de 2 ½% a 2 ¾%. Uma taxa
de crescimento da ordem de 4% será necessária para ocorrer um desagravamento nítido do
desemprego dado que as novas tecnologias permitem ganhos de produtividade assinaláveis sem
criação de emprego. Este ritmo de crescimento em 2004 configura-se verosímil, tal como decorre das
projecções do FED antes referidas que apontam para uma taxa média anual no intervalo de 3 ¾ a 4
¾% no próximo ano.
PORTUGAL. GOP 2004
I - 6
Do ponto de vista da política económica, as condições necessárias para um maior dinamismo da
economia norte-americana parecem estar criadas, e traduzem-se em políticas monetária e orçamental
expansionistas, constituindo a evolução cambial do dólar um factor expansionista adicional. Dois
factores configuram-se, no entanto, como decisivos: por um lado, o nível de confiança dos
consumidores e o seu ritmo efectivo de despesas; por outro lado, a recuperação sustentada do
investimento em equipamento e software, indispensável para que o ritmo de crescimento se venha a
situar entre 3% a 4%. A evolução recente do índice de preços no consumidor e a própria estimativa
de crescimento no segundo trimestre tendem a dissipar os riscos deflacionistas que se colocaram há
alguns meses.
A aceleração do crescimento da economia norte-americana beneficiará naturalmente a economia
mundial no seu conjunto e cada uma das principais zonas económicas, podendo a taxa anual do
crescimento real do PIB mundial vir a atingir, em média, cerca de 4% em 2004.
ENQUADRAMENTO DA ÁREA DO EURO
A economia da área do euro deu apenas ligeiros sinais de retoma no primeiro semestre de 2003,
parecendo acompanhar, num patamar inferior, a da economia norte-americana, depois de a
recuperação verificada na primeira metade de 2002 ter sido anulada no segundo semestre desse ano
em resultado, nomeadamente, da perda de dinamismo da evolução norte-americana e das incertezas
relacionadas com as tensões geopolíticas.
Dado que a margem de manobra da política económica europeia é estreita, as perspectivas de
evolução da área são fortemente condicionadas pela evolução das economias norte-americana e
internacional. Aponta-se para que a recuperação da economia da área euro se concretize ainda no
segundo semestre de 2003, mais visivelmente no final do ano; admitindo-se que a economia norteamericana
mantenha dinamismo na segunda metade de 2003 e que encontre um patamar de
crescimento confortável e sustentado em 2004, a economia da área do euro poderá vir a registar uma
taxa de crescimento média anual na ordem dos 2% depois de um crescimento médio de cerca de
0,5% em 2003.
Evolução recente
As economias da área do euro encontram-se, em geral, num período difícil, algumas das quais,
vivendo uma fase recessiva, em especial a principal economia, a alemã.
Na primeira metade de 2003 a evolução da área do euro não foi favorável. No segundo trimestre o
crescimento foi quase nulo - o PIB decresceu 0,1% face ao trimestre anterior e 0,2% em termos
homólogos - depois de no primeiro trimestre ter estagnado relativamente ao último trimestre de 2002
e de ter crescido 0,8% em termos homólogos. Indicadores relativos a Julho, como o do "clima
económico na indústria" e o do "sentimento económico" não apontam ainda para a saída deste