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0008 | II Série A - Número 006S | 16 de Outubro de 2003

 

I.2. ECONOMIA PORTUGUESA
Evolução Recente
Em 2003, a actividade económica deverá registar um crescimento negativo, para o que concorrem
diversos factores condicionantes tanto internos como externos. A nível interno, destaca-se o
aprofundamento do processo de ajustamento da economia portuguesa com a correcção de alguns
desequilíbrios macroeconómicos, em particular, a diminuição das necessidades de financiamento do
sector privado face ao exterior. A diminuição das necessidades de financiamento externo traduz, por
sua vez, o ajustamento da procura interna privada na sequência dos elevados níveis de endividamento
das famílias e das empresas alcançados no passado recente. Por outro lado, a situação de défice
excessivo obriga a restringir o funcionamento dos estabilizadores automáticos da política orçamental,
não permitindo que esta contribua para minorar o impacto sobre a actividade do ajustamento dos
diversos sectores da economia.
A nível externo, as incertezas geopolíticas resultantes da operação militar no Iraque geraram uma
crise de confiança dos consumidores e dos empresários com reflexos na actividade económica das
principais economias industrializadas. A resolução do conflito e a descida dos preços internacionais do
petróleo viriam a permitir a recuperação dos níveis de confiança dos agentes económicos.
O Produto Interno Bruto deverá registar uma quebra real estimada em ¾%3 após a desaceleração
acentuada observada em 2001/2002. O grau de contracção da economia portuguesa envolve-se de
alguma incerteza dependendo, fundamentalmente, da evolução da conjuntura económica
internacional no segundo semestre de 2003 e, em particular, do grau de recuperação da procura
externa relevante, já que as exportações de bens e serviços são a única componente da procura
global em que se perspectiva um contributo positivo para o crescimento do PIB. Adicionalmente,
existe ainda algum grau de incerteza relacionado com o impacto económico da situação de
calamidade decorrente dos incêndios verificados em diversas zonas do país no mês de Agosto.
A quebra projectada para a procura interna caracteriza-se pela contracção do consumo privado e pelo
agravamento da contracção do investimento já observada no ano transacto. As medidas de controlo
da despesa pública permitirão uma redução do consumo público após diversos anos de crescimento
elevado.
No primeiro semestre, o PIB decresceu em termos reais 1,8% em relação ao período homólogo de
2002, intensificando a tendência negativa observada no semestre anterior (-0,9%). Apesar da
evolução positiva das exportações e da quebra das importações, a evolução do PIB reflectiu a
deterioração da procura interna em -3,8% (-1,9% no semestre anterior), devido aos comportamentos
desfavoráveis de todas as suas componentes, com particular intensidade nos casos do investimento e
do consumo privado. Os últimos indicadores disponíveis indiciavam a manutenção da actividade
económica num patamar de baixa conjuntura embora, nos meses de Julho e Agosto existissem
algumas expectativas de reanimação, perceptíveis nalguma recuperação do indicador de confiança
dos consumidores e numa evolução menos desfavorável do investimento em material de transporte e
no sector das obras públicas.
As despesas de consumo final das famílias residentes deverão apresentar uma contracção de
cerca 3/4% em 2003, traduzindo principalmente a evolução negativa das despesas de consumo de
bens duradouros. Este comportamento do consumo das famílias verifica-se num contexto de aumento
do desemprego, crescimento moderado dos salários nominais, restrições de ordem financeira
decorrentes dos elevados níveis de endividamento das famílias, estando ainda associado à
deterioração do clima de confiança dos consumidores. Apesar da situação cíclica da economia, devido
a factores de precaução, a taxa de poupança das famílias deverá ter-se mantido estável, reflectindo o
esforço de ajustamento.
No primeiro semestre, o comportamento do consumo das famílias agravou-se significativamente
registando uma variação homóloga de -1,2% (0,3% no semestre anterior), o que se deveu à quebra
expressiva do consumo de bens duradouros e ao menor crescimento do consumo corrente em
produtos não alimentares. Os indicadores de conjuntura disponíveis para os meses de Julho e Agosto
sugerem a manutenção do consumo em níveis fracos. No entanto, o indicador de confiança dos
consumidores continuou a apresentar-se menos pessimista em Agosto, assim como as opiniões
relativas às perspectivas quanto à situação económica do agregado familiar e à evolução do
desemprego. Denota-se, desde Abril, um clima menos desfavorável no âmbito das perspectivas dos
empresários do sector do comércio a retalho em Julho e Agosto. Para esta evolução poderão também
ter contribuído as descidas das taxas de juro directoras operadas nos meses de Março e Junho pelo
BCE com reflexos, designadamente, nas taxas de juro do crédito à habitação.
A evolução do consumo público deverá fixar-se em -1 1/4% tendo subjacente a manutenção do
esforço de consolidação

As taxas de variação apresentadas reportam-se aos valores centrais do intervalo.