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II SÉRIE-A — NÚMERO 1

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ser influenciadores de «estilo de vida» que compartilham conteúdo sobre a sua experiência da vida quotidiana,

no fundo apresentando um estilo de vida que é desejado pelos seus seguidores.

Vários investigadores4 argumentam que um aspeto fundamental para o senso de identidade e valor é a

imagem corporal positiva. Foram já feitas várias pesquisas que procuraram examinar o efeito do uso das redes

sociais sobre a perceção de beleza de mulheres jovens. Plataformas incluindo Facebook, Twitter, Tumblr,

Instagram e Pinterest são interativas e visuais por natureza, apresentando uma infinidade de imagens. Estas

redes sociais aumentam a oportunidade que os usuários têm de fazer comparações sociais ao estender a sua

rede social para incluir espaços online, sendo que antes ocorriam principalmente entre os seus grupos de

amigos, colegas e familiares. A abertura dessa comparação ao espaço online e a presença assídua nas redes

sociais pode permitir que este grupo de usuários critique constantemente as suas falhas físicas e que isso resulta

na diminuição da sua autoestima.

O Instagram, por exemplo, é uma das redes sociais mais populares, os seus membros podem editar e filtrar

as imagens que compartilham, explorar as tendências de «tags» e «posts» e seguir contas proeminentes.

Existem mais de um bilião de usuários ativos por mês, que partilham mais de 500 milhões de «histórias» todos

os dias (dados do Instagram relativos a janeiro de 20195).

Um estudo elaborado por Katherine Kernan6, intitulado «Does body image matter in marketing to

millennials?» concluiu que de facto a imagem corporal é importante e frequentemente comparada. Segundo o

referido estudo, à pergunta «Com que frequência compara a sua imagem corporal com a de outras pessoas?»,

63% dos inquiridos afirmaram que ocasionalmente comparam a sua imagem corporal com a de outras pessoas,

e 13% responderam que comparam a sua imagem corporal com outras muito frequentemente. Isto demonstra

que os entrevistados se sentem conscientes sobre a sua imagem corporal quando comparada a outras e também

sugere que as pessoas desejam ser aceites entre os pares.

Assim, torna-se evidente que o uso das redes sociais pode afetar negativamente as perceções especialmente

de mulheres jovens sobre si mesmas e sobre a sua imagem corporal. Vários investigadores concluíram que

passar muito tempo no Facebook piora o humor em mulheres jovens, aumenta a insatisfação corporal e

influencia o desejo de alterar a aparência física em relação ao peso, rosto, cabelo e pele7. Tanto o humor

negativo quanto a insatisfação corporal também aumentaram em mulheres jovens por meio da exposição a

imagens atraentes de colegas e celebridades no Instagram8. Utilizadores neste grupo demográfico que relataram

tendência para comparar a imagem corporal também são mais prováveis de experienciar um maior impulso para

a magreza e aumento da insatisfação corporal, devido a uma maior exposição ao ideal de magreza9.

Drenten & Gurrieri10 mostram isso, demonstrando a capacidade das redes sociais de apresentar, propagar e

perpetuar as tendências da imagem corporal entre as mulheres.

Este assunto já era estudado antes, relativamente aos efeitos das celebridades na televisão e revistas, no

entanto, Perloff11 enfatiza que as plataformas digitais contemporâneas diferem dos media de massa

convencional e podem, portanto, impactar mulheres adultas jovens de forma diferente. A proliferação de

utilizadores de celebridades proeminentes que podem ser acompanhados por consumidores nas redes sociais,

e particularmente no Instagram, é uma distinção importante (Brown & Tiggemann, 2016). A presença de

«influencers» nas redes sociais permite que o seu público acompanhe a sua vida pessoal com mais detalhes

em comparação com modelos de moda ou celebridades anteriores aos recursos das redes sociais, o que

possibilita uma maior conexão com estes «influencers» do que com as referidas celebridades.

Os influenciadores das redes sociais são seguidos principalmente por jovens utilizadoras do Instagram. No

contexto da mercantilização da plataforma e do marketing de influenciador, o grupo demográfico é reconhecido

4 https://ir.canterbury.ac.nz/handle/10092/100022 5 https://www.cuponation.com.br/insights/dadosinsta-2019 6 https://mountainscholar.org/handle/20.500.11919/1465 7 Fardouly, J., Diedrichs, P. C., Vartanian, L. R., & Halliwell, E. (2015). Social comparisons on social media: The impact of Facebook on young women's body image concerns and mood. Body image, 13, 38-45. 8 Brown, Z., & Tiggemann, M. (2016). Attractive celebrity and peer images on Instagram: Effect on women's mood and body image. Body image, 19, 37-43. 9 Hendrickse, J., Arpan, L. M., Clayton, R. B., & Ridgway, J. L. (2017). Instagram and college women's body image: Investigating the roles of appearance-related comparisons and intrasexual competition. Computers in Human Behavior, 74, 92-100, disponível online em https://isiarticles.com/bundles/Article/pre/pdf/131401.pdf 10 Drenten, J., & Gurrieri, L. (2017). Crossing the# Bikinibridge: exploring the role of social media in propagating body image trends. In The Dark Side of Social Media (pp. 73– 94). Routledge. 11https://www.researchgate.net/publication/271740741_Social_Media_Effects_on_Young_Women's_Body_Image_Concerns_Theoretical_Perspectives_and_an_Agenda_for_Research