O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

II SÉRIE-A — NÚMERO 108

54

Em termos de exposição setorial, de acordo com os supervisores nacionais, a exposição do setor financeiro

e dos investidores nacionais à Rússia e à Ucrânia é relativamente reduzida. Contudo, de acordo com o Banco

de Portugal, é necessário ter presente que os efeitos de segunda ordem podem ser impactantes,

designadamente os que decorrem da potencial redução da procura externa pelos países mais afetados e de

constrangimentos nas cadeias de valor globais.

Concluindo, ainda que se verifique uma exposição limitada e heterogénea, os impactos económicos do

conflito far-se-ão inevitavelmente sentir ao nível das principais variáveis macroeconómicas, com destaque para

o PIB. No quadro seguinte, apresenta-se uma síntese das previsões realizadas pelo Banco Central Europeu

(BCE) para a área do euro desde a invasão da Ucrânia pela Rússia e considerando cenários adversos.

As previsões do BCE para o crescimento do PIB real da área do euro evoluíram negativamente entre

março e setembro do presente ano, quer no que concerne ao ano de 2022 quer, sobretudo, no que concerne a

2023, apresentando-se agora uma previsão de 0,9%, para 2023, significativamente pior do que a

anteriormente prevista para o cenário adverso (2,7%). No que diz respeito às previsões para a inflação, as

conclusões são semelhantes, sendo que uma previsão pior do que a do cenário adverso acontece já mesmo

para 2022.

Este cenário base parte do pressuposto de que as atuais perturbações no fornecimento de energia, e que

os impactos em termos de confiança que decorrem do conflito, são temporários e que as cadeias de

abastecimento globais não são significativamente afetadas. Por outro lado, comparativamente com as

projeções de março de 2022, o cenário adverso admite um agravamento nos três canais – comércio, matérias-

primas e confiança – e, em particular, constrangimentos na capacidade de produção da zona euro.

O Relatório OE 2023 refere, conclui, assim, que este cenário consubstancia riscos descendentes em

termos de PIB e ascendentes no que respeita à inflação que importa considerar.

Estamos a assistir a movimentações no sentido da reorganização das cadeias de produção, tornando-as

mais próxima dos locais de consumo, em face dos estrangulamentos sentidos quando da pandemia de

COVID-19 e no seguimento de uma política norte-americana mais protecionista.

Neste contexto, na União Europeia (UE) registaram-se três importantes alterações em termos de linhas de

atuação política: a implementação de regimes sancionatórios económico e financeiro à Rússia e Bielorrússia; a

definição de medidas de mitigação dos efeitos da crise geopolítica e do aumento da inflação, tanto por via de

medidas de caráter conjuntural de apoio às famílias e às empresas quanto de caráter estrutural, acelerando a

transição verde e reforçando a segurança energética do espaço europeu4; e a alteração da política monetária.

4 Designadamente medidas específicas de compensação de escassez de fornecimento de energia russa, como planos de redução de consumo (adoção pelos Estados-Membros de medidas voluntárias tendentes à redução de 10% do consumo de eletricidade até março de 2023 e obrigação dos Estados-Membros em reduzirem as emissões em pelo menos 5% nas horas de pico), limitação das receitas (máximo 180 euros/megawatt hora) das empresas produtoras de energia que não dependam do gás (geração nuclear, renováveis e lenhite; utilizando-se a receita coletada para apoio a cidadãos mais atingidos e empresas), garantia de uma contribuição solidária das empresas baseadas em combustíveis fósseis que apresentem lucros 20% superiores aos da média dos últimos quatro anos (utilizando-se a receita coletada para apoio a cidadãos mais atingidos e empresas), investimentos para maior autonomia energética (nomeadamente no âmbito e extensão do PRR com o Repower EU), e medidas de mitigação de preços.