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27 DE OUTUBRO DE 2022

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Relativamente à área do euro, as indústrias que mais foram afetadas pela falta de material/equipamento

para a sua produção representam quase 71% do total do VAB da indústria transformadora (com destaque para

os setores automóvel, produtos metálicos, equipamento elétrico, borracha/plástico e couro).

O Relatório do OE 2023 conclui, assim, que a proporção da indústria portuguesa que revela exposição

direta significativa à escassez de fornecimentos decorrentes das disrupções nas cadeias de valor é, em

comparação com a média da área do euro, bastante menor, quase metade. A respetiva resiliência residirá na

capacidade de adaptação à escassez específica que enfrenta, designadamente a identificação de fontes ou

produtos alternativos, relocalização das cadeias a montante do sistema produtivo, entre outros.

As maiores dificuldades de abastecimento de produtos na indústria têm contribuído para a escassez da

oferta e consequente agravamento dos custos de produção da indústria, bem como para a subida dos preços

da generalidade dos produtos. Porém, as expetativas de preços de venda do setor industrial, que atingiram um

pico em março/abril, tanto em Portugal quanto na área do euro, diminuíram nos últimos meses, mantendo-se,

no entanto, em níveis bastante elevados.

A crise da pandemia de COVID-19 mostrou a vulnerabilidade das economias face às cadeias de valor

globais, expondo fragilidades de diversos sistemas produtivos e fileiras industriais assentes sobre um modelo

de produção baseado na fragmentação internacional e na logística just-in-time. Estes modelos assentam no

funcionamento sem fricções das redes de produção e distribuição, um elevado nível de previsibilidade da

procura e baixos custos de transporte. Adicionalmente, a guerra na Ucrânia veio acrescentar pressão sobre a

resiliência deste modelo de produção, mantendo vivas — ou até reforçando — questões referentes a uma

possível reconfiguração das cadeias de abastecimento e opções logísticas (e.g., movimento para um regime

de produção just-in-case).

Num mundo geopoliticamente mais tenso e incerto, a globalização das cadeias de valor vê-se impelida a

reconfigurar-se, designadamente com um maior recurso a fornecedores em locais menos distantes e com o

retorno a uma prática de stocks, de modo a melhorar o equilíbrio entre a segurança do fornecimento e as

considerações de eficiência.

3. Políticas e Medidas Orçamentais

O Relatório OE 2023 apresenta as perspetivas para 2023 referindo que a evolução da economia mundial

encontra-se fortemente dependente de dois fatores: por um lado, a persistência dos efeitos da pandemia de

COVID-19 e das ruturas nas cadeias de abastecimento global; por outro lado, pelo prolongamento da guerra

na Ucrânia, com os consequentes impactos nos mercados internacionais de produtos energéticos e de

matérias-primas. Fatores que mantêm elevados os níveis de incerteza e volatilidade na economia