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23 DE JANEIRO DE 2023

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Fonte: Eurostat, disponível online em Out now: First 2022 data on minimum wages in the EU

– Products Eurostat News – Eurostat (europa.eu)

Mas o problema não é apenas o salário mínimo. Segundo os últimos dados da Segurança Social, mais de

metade dos trabalhadores portugueses declaram uma remuneração não superior a 800 €1. Mais se pode

interpretar que quem aufere mais de 1500 € está inserido no lote dos 15 % mais ricos, valor equivalente ao

salário mínimo em França, deixando bem evidente as discrepâncias entre os países.

A isto acresce que, tendo em conta a carga fiscal, uma remuneração bruta de 800 € representa em termos

líquidos um valor inferior ao atual salário mínimo2. Apesar da Comissão Europeia considerar que existe margem

em Portugal para subir mais os salários3, o atual Ministro das Finanças português rejeita a ideia4, mesmo com

a atual crise inflacionista que bateu recordes de 30 anos5.

A situação é especialmente grave, no que diz respeito aos jovens. Os estudos indicam que três em cada

quatro jovens ganha menos que 950 € e que um terço deseja sair de Portugal6.

Ora, se é verdade que temos das gerações mais qualificadas de sempre, também é verdade que o nosso

País não consegue competir com outros, em termos de oportunidades para os jovens, o que naturalmente os

leva a abandonar o País. Todo o investimento que é feito nos nossos jovens acaba por beneficiar outros países,

com todos os impactos sociais e económicos que isso representa. Conforme o Livro Branco – Mais e melhores

empregos para os jovens – 20227, «o emprego dos jovens continua a ser de baixa qualidade e particularmente

afetado pelas crises económicas». Mais, acrescenta que «Desde 2015, o desemprego jovem é mais de 2,5

vezes superior ao desemprego total. A crise pandémica agravou a situação, levando ao aumento deste rácio

para 3,5. Encontram especiais dificuldades os jovens com menos de 25 anos, em idade de transição para o

mercado de trabalho, incluindo os mais instruídos. (…) Embora, até 2019, tenha havido uma diminuição da

contratação não permanente entre os jovens, nesse ano a percentagem de trabalhadores com menos de 25

anos com contratos a termo certo era de 56 %, enquanto na população total era de 18 %. A proporção de jovens

com contratos temporários involuntários em Portugal é muito superior à média europeia. Além do emprego

temporário, os jovens auferem salários baixos comparativamente à média europeia e sem progressão salarial

1 Gestão de Remunerações – Estatísticas – seg-social.pt. 2 Quem ganha 800 euros brutos vai receber menos em termos líquidos do que quem aufere o salário mínimo? – Polígrafo (sapo.pt). 3 Bruxelas vê margem para subir mais os salários – Economia – Jornal de Negócios (jornaldenegocios.pt). 4 Ministro das Finanças rejeita a necessidade de novos ajustes nos salários em Portugal (rtp.pt). 5 INE confirma inflação média anual de 7,8 % em 2022, um máximo de 30 anos – ECO (sapo.pt). 6 Expresso – O retrato crú de uma geração desiludida: Três em cada quatro jovens ganham menos de 950 € e um terço quer sair de Portugal 7 Livro_branco_compressed.4ce24c0c7a48.pdf