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2 DE OUTUBRO DE 2024

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geral, se inicia entre os 40 e os 58 anos, embora nalguns casos possa começar muito precocemente, perto dos

30, e noutros mais tardiamente, por volta dos 60 anos. A menopausa natural ocorre em três fases –

perimenopausa (ou pré́-menopausa), menopausa e pós-menopausa – e a intensidade e duração dos sintomas

diferem muito de pessoa para pessoa.

O desenvolvimento científico e o aumento exponencial da esperança média de vida fariam adivinhar a

existência de conhecimento aprofundado sobre o tema, mas a realidade é que esta etapa do ciclo de vida

permanece, em grande parte, mal compreendida. Pouco se sabe, por exemplo, sobre impactos no bem-estar,

na produtividade e nos relacionamentos sociais associados a uma condição que, segundo a Presidente da

Secção Portuguesa de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, é vivida em Portugal por 2 milhões

e meio de mulheres.

Há um reconhecimento crescente na Europa de que a menopausa é uma questão importante no local de

trabalho, que afeta as pessoas trabalhadoras e cuja experiência é muito diversa, sendo moldada não apenas

pelos sintomas da menopausa, mas também pelo ambiente no local de trabalho. Isto afeta a qualidade de vida,

o equilíbrio, o desempenho, a motivação e as relações entre pessoas trabalhadoras e entidades empregadoras.

Alguns países europeus estão a desenvolver políticas e diretrizes específicas para apoiar mulheres na

menopausa no trabalho e muitas empresas europeias estão a implementar programas de formação e literacia

sobre a menopausa e medidas específicas de adaptação do ambiente de trabalho, como o controlo da

temperatura nos locais de trabalho ou a promoção de horários laborais flexíveis.

Em 2021, no Reino Unido, uma comissão parlamentar solicitou um estudo que revelou que um terço das

mulheres escondia os sintomas da menopausa no trabalho, principalmente por medo do estigma e falta de apoio

e um estudo de Oxford mostra que os sintomas da menopausa podem afetar negativamente o desempenho no

trabalho, a assiduidade e as decisões de carreira de muitas mulheres, custando milhões em produtividade

perdida.

Recentemente, países como Espanha, aprovaram leis que reconhecem a menopausa como uma condição

que pode afetar a capacidade de trabalho e que garantem o reconhecimento de direitos em termos de saúde

sexual e reprodutiva, como a licença menstrual, o que sugere que a licença por menopausa poderá ser o próximo

passo.

A Sociedade Europeia de Menopausa e Andropausa (EMAS) elaborou uma série de recomendações de

consenso global sobre a menopausa e como tornar os locais de trabalho mais favoráveis à menopausa, incluindo

a criação de uma cultura aberta e inclusiva, tais como:

• Os quadros e políticas de saúde e bem-estar no local de trabalho deverem incorporar a saúde na

menopausa como parte do contexto mais amplo de igualdade de género e idade, bem como da saúde

reprodutiva e pós-reprodutiva;

• Os locais de trabalho deverem criar uma cultura aberta, inclusiva e de apoio em relação à menopausa,

envolvendo, se possível, profissionais de saúde ocupacional e gestores de recursos humanos trabalhando em

conjunto;

• As mulheres não deverem ser discriminadas, marginalizadas ou despedidas devido aos sintomas da

menopausa;

• Profissionais de saúde e áreas relacionadas deverem reconhecer que, para algumas mulheres, os

sintomas da menopausa podem afetar negativamente a capacidade de trabalhar, o que pode levar à redução

da jornada de trabalho, subemprego ou desemprego, e, consequentemente, à insegurança financeira na vida

futura.

Nesse mesmo sentido, também o Parlamento da Austrália elaborou um estudo a nível nacional, a partir do

qual foram elaboradas 25 recomendações e diretrizes direcionadas a entidades empregadoras, profissionais de

saúde e às mulheres em geral, a fim de adequar o ambiente de trabalho e melhorar o bem-estar de trabalhadoras

na menopausa, aumentando a capacidade de retenção de talento e fomentando a sua qualidade de vida.

Em Portugal, um estudo da Intimina, divulgado no Dia Mundial da Menopausa, revelou o impacto da

menopausa na vida profissional das mulheres, com 43 % das inquiridas a relatarem comportamentos

discriminatórios em relação à exposição da sintomatologia da menopausa; este estudo realizado em Portugal

com 500 mulheres a partir dos 45 anos, destaca que 56 % das mulheres sente discriminação associada à idade

e 65 % associada especificamente à menopausa. Além disso, 84 % acredita que a sociedade subestima ou

ignora os desafios dessa fase. No ambiente de trabalho, metade das inquiridas afirma que os sintomas