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11 DE JULHO DE 1992

120-(19)

ANEXO 3 Resposta do director do serviço

Ex.lno Sr. Presidente do Conselho de Administração do Hospital Geral de Santo Antonio.

De acordo com instruções recebidas de V. Ex.", procedi a uma avaliação cuidada dos (actos que teriam ocorrido

com o doente Sr. Augusto Aurélia Moreira Dias durante o seu internamento neste Hospital e que foram objecto de noticia publicada no semanário 0 Independente em 30 de Abril de 1992 (p. 40).

A cuidadosa leitura do processo clínico (médico e de enfermagem) fonieceu-ine todos os elementos necessários para esclarecer o que na realidade ocorreu com este doente durante o seu período de internamento neste Hospital, de 13 de Junho a 4 de Julho de 1989.

Tendo sido enviado ao serviço de urgência do Hospital Geral de Santo António por utn médico do Hospital de Espinho, foi internado por sofrer de arteriopatia oclusiva

— grau iv — dos membros inferiores com lesões tróficas do pé direito. Referia ainda na sua informação aquele colega que o doente era «um grande fumador e alcoólico».

Na primeira observação efectuada no serviço de cirurgia vascular, em 14 de Junho de 1989, é posto o diagnóstico de síndrome de Leriche e é proposto para aortografia translombar, a qual é efectuada a 15 de Junho de 1989 e confinna o diagnóstico clínico.

Em 22 de Junho de 1989, é feita limpeza cirúrgica das lesões tróficas do pé direito com amputação de dois dedos

— Dr. José Tavares — e o doente é programado para cirurgia aórtica, dada a bilateralidade das lesões arteriais existentes.

Em 26 de Junho de 1989, e após conveniente estudo pré-operalório, é submetido a intervenção cirúrgica de pontagem aorto-bifemural com prótese de Dacron — Dr. Alexandre Moreira. No pós-operatório imediato ocorre uma trombose do ramo esquerdo dessa prótese, prontamente diagnosticada. O doente é recuperado e o problema solucionado de forma correcta com a desobstrução do ramo da prótese, seguida de execução de pontagem fémur poplítea esquerda com prótese de Dacron EXS — Dr. Rui Almeida.

Toda esta actuação cirúrgica foi atempada e correcta tanto na indicação como na técnica.

O pós-operatório decorreu com algumas complicações digestivas que foram convenientemente acompanhadas e tratadas, mantendo-se sempre funcionantes as pontagens efectuadas.

Entretanto, e apesar do adequado tratamento cirúrgico, as lesões do pé direito evoluíram e tornou-se necessária a amputação da perna direita abaixo do joelho, intervenção esta que é efectuada em 29 de Junho de 1989 pelo Dr. José Tavares.

Controlada a situação clínica geral e vascular do doente, este é transferido para o Hospital de Espinho com a indicação de que deverá fazer penso e ser estudado quanto a eventual patologia ulcerosa que poderá justificar as perturbações digestivas do pós-operatório.

Do que fica exposto posso desde já concluir, sem margem para dúvida, que:

1) O Dr. Alexandre Moreira não efectuou a este doente qualquer cirurgia de amputação:

2) Sob o ponto de vista vascular, o doente teve alta por transferência para o Hospital de Espinho, com

. pontagens arteriais funcionantes e, como se escreveu no «resumo de alta», curado com sequelas (amputação do M1D abaixo do joelho).

Isto bastará para demonstrar a falta de veracidade da notícia em causa, para afirmar que as referências nela efectuadas ao Dr. Alexandre Moreira são falsas e que o que se diz da actuação do serviço de cirurgia vascular também não é verdadeiro, é uma infame calúnia que no fundo atinge não só o Dr. Alexandre Moreira mas todo o pessoal do serviço de cirurgia vascular e o próprio Hospital Geral de Santo António.

Há, no entanto, ainda circunstâncias que tornam mais infame e despudorado o comportamento do jornalista que fez a notícia.

É que, na manhã do dia 29 de Abril de 1992 tive conhecimento de que no dia anterior alguém de O Independente tentara contactar o Dr. Alexandre Moreira e infonnara a sua esposa de que iria publicar uma notícia que lhe atribuía um erro cirúrgico e mesmo uma tentativa de suborno do doente para que se calasse.

Ao ter conhecimento deste facto tentei a todo o custo e após a leitura do processo clínico contactar o jornalista para esclarecer e impedir que fosse publicada uma notícia falsa e caluniosa, repito, para o Dr. Alexandre Moreira, para o serviço de cirurgia vascular e para o nosso Hospital.

Senti ser esse o meu dever e lói com dificuldade que consegui, na tarde desse mesmo dia 29 de Abril, contactar o jornalista e, depois de ouvir o teor da notícia que se propunha publioir, dizer-lhe muito claramente que as informações de que dispunha enun falsas, que o Dr. Alexandre Moreira não executara nesse dtxjnte qualquer cirurgia de amputação e que quanto à tentativa de suborno ela não ptxleria acontecer, por essa mesma rcizão.

Reiterei ainda e para reforço da minha posição de director do serviço, e como é de toda a justiça, a minha total confiança no Dr. Alexandre Moreira.

Apesar de tudo isto a notícia saiu, talvez até aumentada na sua deformação e agora com malévola e consciente falsidade, sem se buscar todo o esclarecimento que foi posto, com toda a abertura, ü disposição do jornalista.

Esta a infonnação que é meu dever prestar a V. Ex.*, colocando-ine, como é evidente, à inteira disposição do conselho de administração para lodo e qualquer esclarecimento e colaboração.

Infelizmente o mal está feito e a prática mostra que pouco ou nada se ptxle fazer quanto a este tipo de jornalismo.

Permito-me, no entanto, sugerir a V. Ex." que desta minha infonnação seja dado conhecimento ao Sr. Ministro da Saúde para os fins que tiver por convenientes.

6 de Maio de 1992.—O Director do Serviço, Mário Caetano Pereira.

ANEXO 4

Ex.mo Sr. Ministro da Saúde, Avenida de João Crisóstomo, 9, 1000 Lisboa.

Excelência.

Em 30 de Abril de 1992 foi publicada no semanário O Independente, na p. 40, uma notícia que põe em causa a dignidade profissional de um médico do quadro deste Hospital e o funcionamento do serviço de cirurgia vascular.