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II SÉRIE-B — NÚMERO 7

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as condições se degradam; e outro, um cenário otimista, no sentido de que as condições potenciam a

tendência do passado. Este tipo de trabalho nunca era feito. Nunca foi feito.(…)” 59

Aliás, o próprio Tribunal de Contas alerta, por diversas vezes, para a inexistência de estudos, fazendo até

algumas recomendações para a sua elaboração.

Deixo alguns exemplos:

“(…) o Estado não efetuou a avaliação do conjunto dos custos associados à renegociação dos

contratos(…)”60

“(…) não foi previamente justificado à luz da análise efetuada através do respetivo comparador

publico(…)”61

“(…) O Estado não procedeu à avaliação custo/benefício dos impactos económicos e sociais

resultantes da introdução de portagens.(…)”62

“(…) O Estado/Parceiro Público deverá assegurar que os processos de reequilíbrio financeiro sejam

realizados tendo em conta o Caso Base atualizado, nos mais diversos parâmetros macro e

microeconómicos.(…)”63

f) A posição negocial do Estado face aos parceiros privados e a sua capacidade técnica foi um dos outros

temas que produziu alguma discussão nesta fase inicial de audições. Aliás neste aspeto julgo que deve ser

incluída a questão da pertinência, da consequência, e da força da “decisão politica” e dos seus efeitos no

confronto entre Estado vs Parceiro Privado, sobretudo porque a responsabilidade política das decisões influi

diretamente com a capacidade que o Estado tem, ou não, em defender o interesse público.

Contudo, se existe traço comum nas audições realizadas nesta primeira fase é este:

“O Sr. Prof. Doutor Manuel Avelino de Jesus: —(…) O aparelho de Estado, no nosso caso, não está

preparado para negociar, em igualdade de circunstâncias, ou seja, com técnicos com a mesma capacidade,

com a mesma experiência e com o mesmo traquejo que a parte privada tem. Portanto, a defesa do interesse

do poder público está muito prejudicada pela, diria mesmo, decapitação do aparelho de Estado a que

assistimos nas últimas décadas. (…) podemos dizer que os quadros altamente qualificados da Administração

Pública foram desnatados pelas empresas privadas e estão hoje, digamos, do lado do sector privado.

Portanto, temos de um lado os melhores técnicos, alguns dos quais foram trazidos da função pública e do

outro lado um conjunto de funcionários desmotivados, mal pagos, muitas vezes mal treinados para defender

com rigor o interesse público. (…)Portanto, dir-lhe-ia que uma das principais medidas a tomar para defesa do

interesse público é voltarmos a ter na função pública quadros não só prestigiados, mas capazes e muito

melhor pagos do que são neste momento.

Enfim, essas questões são simples. Se temos de um lado os melhores técnicos muito bem pagos e do

outro lado temos funcionários públicos muito mal remunerados e muitas vezes desmotivados, é evidente que o

resultado não é difícil de adivinhar.(…)” 64

Podemos confirmar esta ideia, a de que o Estado apresenta-se em desvantagem em relação ao parceiro

privado, com os seguintes excertos:

“O Sr. Prof. Dr. José Reis: —(…)Eu acho que, em muitas situações, o Estado foi, verdadeiramente,

canibalizado e, se não quiserem uma palavra tão forte, foi com certeza cooptado por interesses que não são

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Acta da 13.ª Reunião da CPICRGPPPSRF, de 19 de junho de 2012, intervenção do Prof. Fernando Nunes da Silva, pág. 70 e 71; 60

Relatório do Tribunal de Contas n.º 15/2012 – 2.ª Secção, “Auditoria ao modelo de gestão, financiamento e regulação do setor rodoviário” Volume I, pág. 17; 61

Ibidem, pág. 14; 62

Ibidem, pág. 21; 63

Idem; 64

Acta da 6.ª Reunião da CPICRGPPPSRF, de 29 de maio de 2012, intervenção do Prof. Doutor Manuel Avelino de Jesus, pág. 29 e 30;