O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

65

chapinha, há um monte de sucata, há uma quantidade de coisas enormes. Foi sempre negado

o acesso aos destroços; só nessa comissão é que houve um grupo de peritos que teve acesso

aos destroços.

Quando trabalhei para a V Comissão (já não sei, uma dessas comissões…) pedi explicitamente

para ter acesso aos destroços e foi-me negado. Inclusivamente, há um relatório do RARDE

(Royal Armament Research and Development Establishment), onde aparecem outra vez

partículas microscópicas de alumínio — portanto, é mais numa comprovação, neste caso, por

uma fonte externa, e eles não deram o devido valor ao aspeto dimensional das partículas. Sei

que as próprias famílias tiveram uma luta judicial para terem acesso a esse relatório, porque

houve até o obstáculo de apresentar um relatório técnico sobre os vestígios.

Relativamente ao trabalho da PGR, José Cavalheiro sintetiza afirmando que houve lugar a uma

falsificação dos métodos com o objetivo de construir uma narrativa:

Para além disso — e podem ler, porque estão lá os factos — dei queixa, em tempo útil, desses

factos nos organismos respetivos, ou seja, no Provedor de Justiça e no Conselho Superior do

Ministério Público. E o que se verifica, face aos meus depoimentos, é que há um

comportamento, ao longo de todo o processo, por parte do mesmo agente do Ministério

Público que acompanhou todo o processo de Camarate — concretamente, para não haver

confusões, o Procurador Boaventura Marques da Costa —, o que se verifica, repito — e acho

que isto deve ficar em ata —, é que há uma falsificação completa da metodologia e das

conclusões que ele tira, passo a passo, do processo. E esse senhor teve a distinta «lata» de

construir uma narrativa, como agora se diz, em torno de hipóteses que não tinham qualquer

sustentabilidade e às quais, na altura, por ingenuidade, aderi, que era a hipótese de os tais

bombeiros terem cortado os cabos e de isso ter provocado o aparecimento de esquírolas, que,

depois, apareciam estranhamente no pé do piloto e que, depois, veio a descobrir-se, por baixo,

na zona onde aparece o tal orifício em que se deu a explosão.

(…)

Portanto, isso é uma falsificação. Esse senhor cometeu um perjúrio completo e eu apresentei

queixa dele.

3. Factos apurados

A criação de uma nova Comissão Parlamentar de Inquérito à Tragédia de Camarate teve como origem

quer a prevista continuidade das averiguações iniciadas pela anterior IX CPITC, quer as declarações de

Fernando Farinha Simões relativamente aos confessos perpetradores do atentado que vitimou, entre

outros, o Primeiro-Ministro Francisco Sá Carneiro e o Ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, a

4 de dezembro de 1980.

Para além dos depoimentos dos confessos agentes envolvidos no atentado, os trabalhos da CPI

incidiram sobre os seus diversos e possíveis móbeis, bem como outras questões: i) foram

aprofundadas a peritagem ao Fundo de Defesa Militar do Ultramar (FDMU), bem como a auditoria às

contas do Gabinete do CEMGFA, ambas elaboradas no âmbito da VIII Comissão de Inquérito à Tragédia

de Camarate, mas que haviam tido como limite temporal o ano de 1980 – este trabalho viria a ser

II SÉRIE-B — NÚMERO 56______________________________________________________________________________________________________________

66