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operam neste sector, elas estão matriculadas na Conservatória do Registo Comercial, têm um

CAE (classificação das atividades económicas) específico, que classifica o seu objeto, e muitas

delas têm vida útil muito antiga, algumas com mais de 50 anos. Algumas destas empresas

operam há muito tempo em Portugal e legitimamente, com operações perfeitamente válidas

e escrutinadas. Por que é que Portugal era um país apetecível para este tipo de operações?

Porque tinha enormes excedentes de guerra. A venda de material que estava em excesso era

essencial a operações lucrativas, e não falo só de armas ligeiras, apesar de até nestas haver

excedentes de guerra, mas, sobretudo, de excedentes de guerra de artilharia, com algumas

situações, aliás, inacreditáveis, como a de haver excedentes de guerra de 1945 em paióis

militares e que, como ninguém consegue tirá-los de lá atenta a instabilidade dos explosivos,

ainda lá estão».

Questionado sobre o facto de, quando ministro da Defesa, não ter encontrado os despachos

relativos a venda de armamento à data de 1980, apesar de os ter procurado, respondeu:

«A minha perplexidade adveio de não haver arquivo organizado por forma a que um dia os

historiadores o possam consultar, no que diz respeito ao domínio empresarial propriamente

dito, da maneira como me foram apresentados os balanços e contas dessas duas sociedades,

como foram encerradas, como foram liquidadas, etc. Na residência do Ministro da Defesa

existia de facto um arquivo, se é que assim se pode chamar à documentação que lá se

encontrava, onde era praticamente impossível a um leigo em matéria arquivista e sobretudo

a um ministro em exercício de funções fazer uma pesquisa operacional eficiente a toda essa

documentação que se encontrava no Forte de São Julião da Barra. Não creio que essa

documentação hoje possa ser localizada, sendo que a obrigação de transferir para os arquivos

nacionais a documentação dos Ministérios também é uma bela oportunidade para extraviar

documentação. E, portanto, a busca que eu fiz foi por voluntarismo individual, com descrição,

sem diligências de incumbir alguém para que a fizesse, mas aproveitando sempre as

oportunidades de a tentar fazer, para saber onde efetivamente estaria a documentação que

permitisse saber como é que, na altura, o Ministro Amaro da Costa dava o despacho de

homologação no endossement de armamento. Nunca consegui ver nenhum despacho de

Adelino Amaro da Costa. Eu fiz vários despachos de homologação de endossement de

armamento. Sei como se fazem».

Instado a esclarecer se na conversa com Adelino Amaro da Costa, quando lhe transmitiu a

preocupação relativa ao bloqueio da informação ao Ministério da Defesa, no que respeita à indústria

do armamento e do Fundo de Defesa Militar do Ultramar, foram referidos alguns nomes, afirmou:

«Esclareço que a matéria do Fundo não foi objeto de conversa. Sobre esta matéria, não tive

qualquer discussão, nem qualquer troca de impressões. A força de bloqueio, obviamente, tem

os nomes do Conselho da Revolução e alguns desses nomes do Conselho da Revolução são

conhecidos, não vale a pena estarmos a verbalizar os nomes conhecidos. Havia alianças, feitas

na altura, com vogais do Conselho da Revolução que seriam favoráveis ao desenvolvimento

constitucional que a AD propunha, e também havia vogais que não eram. Portanto, é evidente

que havia um combate político nesse momento entre as forças civilistas e havia algumas

alianças, também com o Partido Socialista, para que efetivamente fosse introduzida uma

parlamentarização institucional no modelo constitucional e de funcionamento, e é daqui que

surgem as maiorias que se conseguiram obter nessa altura para se chegar à revisão

II SÉRIE-B — NÚMERO 56______________________________________________________________________________________________________________

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