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20 DE JULHO DE 2024

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incluem-se alguns doentes portugueses (Clara Casimiro, Eda Alves,…) com doença crónica respiratória que

melhoraram significativamente a sua qualidade de vida após terem sido tratadas com um cocktail de fagos

preparado pelo QAMA. Este assunto foi abordado na Grande Reportagem da SIC (link em baixo), transmitida

no dia 27 de abril, na qual se explica de forma muito clara o enquadramento desta abordagem terapêutica. Ne

sequência desta transmissão, o Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho, que trabalha

diretamente com o QAMA no apoio à terapia fágica, tem recebido inúmeros pedidos de ajuda, no entanto a

falta de capacidade de resposta a tantos pedidos tem impossibilitado o tratamento de muitos doentes. Mesmo

sob o ponto de vista económico o SNS sairia beneficiado pela introdução da terapia fágica em Portugal, dado

que o custo de tratamento de um doente por terapia fágica é muito inferior ao custo de tratamento com um

antibiótico de prescrição hospitalar. Assim, Portugal teria toda a vantagem em ter o modelo belga de terapia

fágica implementado. A transferência de conhecimento não representa custos para o País, uma vez que não

existe proteção intelectual da tecnologia, para além disso temos competências técnicas e científicas no país,

sendo só necessário vontade política, regulamentação favorável por parte do Infarmed e investimento para a

criação de uma unidade de produção de fagos que obedeça aos critérios de qualidade preconizados na

monografia belga. Em maio deste ano um grupo de investigadores, médicos e doentes, liderados pela Prof.ª

Joana Azeredo, fez um apelo à implementação da terapia fágica em Portugal, dirigindo-o aos grupos

parlamentares com assento na Assembleia da República e à Presidência da República. Face a este apelo,

obtiveram algumas respostas positivas, mas o assunto não teve desenvolvimento.

Grande Reportagem SIC sobre terapia fágica

TESTEMUNHOS

Eda Alves, 19 anos, doente de fibrose quística

Depois de inúmeros anos a viver com a bactéria pseudomonas aeruginosa e com os danos irreversíveis

que esta causou nos meus pulmões e por consequência na minha vida (ciclos de antibioterapia oral e

endovenosa recorrentes), tive conhecimento da existência da terapia fágica. Tendo em conta os benefícios

que poderia ter com esta terapia e a ausência de efeitos secundários demonstrados, avancei. Apesar da

recusa por parte do meu centro hospitalar da altura, devido à inexistência de autorização por parte do

Infarmed, tive acesso a esta terapia através do centro de engenharia biológica da universidade do Minho e do

hospital militar belga Queen Astrid. Este primeiro ciclo (julho de 2021) trouxe-me uma imensa qualidade de

vida. Depois deste ciclo terapêutico, o impensável aconteceu. Durante meses não precisei de recorrer a

antibióticos. Mas, em alguns casos, como no meu, é necessário fazer ciclicamente esta terapia. O facto de

esta não estar regulamentada no nosso País, atrasa todo o processo e impossibilita mesmo o acesso a esta

por parte de inúmeros doentes.

Clara Casimiro, 45 anos, doente de discinesia ciliar primária

Tenho uma doença respiratória crónica grave! Há mais de 30 anos faço cinesioterapia diária com um

profissional de saúde com o objetivo de melhorar a minha qualidade de vida, anos esses acompanhados por

períodos de agudização recorrentes com necessidade de antibioterapia [endovenosa (duas a três vezes por

ano) e oral]. Recorri à terapia fágica por estar colonizada com a bactéria pseudomonas aeruginosa. Após os

dois ciclos que já fiz de terapia fágica as melhorias foram notórias. Senti um bem-estar como não tinha

memória. Atividades simples do dia-a-dia tornaram-se muito mais fáceis. A fadiga diminuiu drasticamente,

reduzi a duração das sessões de cinsioterapia para metade do tempo, tenho muito menos tosse, consigo

dormir deitada (o que não acontecia devido aos acessos de tosse noturnos), aumentei a minha função

pulmonar. Ainda assim, continuo a necessitar de recorrer a esta terapia de forma cíclica. Sem ela os sintomas

tornam a agravar-se e o meu estado de saúde regride.

Por isso, é urgente a implementação da terapia fágica em Portugal! Face ao exposto, solicita-se que a

Assembleia da República recomende ao Governo a adoção das medidas necessárias, incluindo eventuais

procedimentos excecionais, conducentes à célere implementação do modelo belga de terapia fágica em