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II SÉRIE-C — NÚMERO 21

que em Portugal o movimento associativo tem apenas 15%, em média, de jovens associados, e, portanto, há cerca de 85 % que andam por fora. Daí que a contribuição e a resposta a esta necessidade por vezes falhe.

Mas, a razão mais funda não está na existência dos órgãos de participação. A questão está em motivar a sociedade para participar, mantendo a importância das organizações —continuo a defender este aspecto porque ele é o pilar da democracia em Portugal—, e simultaneamente levando a que este movimento informal seja estimulado no sentido de sentir a necessidade de se chegar ao formal. Em todo o caso, trata-se de um processo de aproximações sucessivas que entronca necessariamente em todo o sistema organizacional. Por isso é que na intervenção que fiz em Estrasburgo coloquei questões como, por exemplo, as novas formulas de marginalização. Actualmente, nós muitas vezes deixamos passar ao lado estas questões, e começam a engrossar as fileiras e a aumentar o número dos indiferentes. Ora, muito mal estará uma democracia quando os inde-ferentes aumentam. É este o perigo que corremos.

Portanto, estou inteiramente de acordo consigo quando coloca a questão da participação. Mas acho que o Sr. Deputado talvez esteja a deixar-se arrastar pela análise somente numa vertente, ou seja, «há muitos mecanismos de participação, e o mal está aJt». Nào. não está ai. O ma) está na capacidade de resposta que remos de encontrar para que esses órgãos de participação sejam activos e se justifiquem por si. Se nós fizermos uma análise a frio, todos eles se justificam.

Mais: há ainda outros órgãos para além destes que se justificam, simplesmente sei que não existem neste momento condições para que eles apareçam. Então. aí. falharia a resposta: multipliquem-se os mecanismos e obtém-se uma rede da qual não resulta nada.

Quanto á questão do relacionamento do Estado com as organizações, poderia dizer que temos três modelos a considerar. Um é o modelo do passado, que consiste numa intervenção ditatorial do Estado. O outro é o modelo participativo, que é o modelo que eu defendo. Os mecanismos de particiçção existem e dependem apenas das organizações de juventude, da sua capacidade de resposta, mas não coarctando a liberdade nem criativa nem de participação dos jovens. O terceiro modelo é o da Europa do Norte, que eu também contesto. Houve curiosamente quem defendesse para o Instituto cia Juventude um modelo semelhante. Quando a discussão é poiítica, eu aceito que haja uma conjugação, que se juntem nos modelos de participação as organizações e o Estado. Já nào aceito que se juntem quando se trata da gestão administrativa. É que, nestes casos, ^eram-se no tempo dependências, tal como aqueias que hoje se verificam no Norte, onde nunca se sabe onde começa o Estado e onde acaba o Conselho Nacional aa Juventude. Isto porque os dirigentes de um lado são os administrativos do outro. E este é o grande problema! Se nós temos neste momento esse exemplo pela frente c podemos corrigi-lo, então por que é que não havemos de fazer? As organizações de juventude precisam de estar de fora para que quando o Estado, a Administração, tome uma medida possam dizer: «Eu otei, mas nào foi assim que isso foi feito.» Portanto, :.em de poder criticar a todo o momento, ;er autoridade moral para funcionar como próprio impulsionador do Estado. É por isso que eu não defendo o .noáelo do Norte.

Está-se a verificar outro fenómeno em Portugal que merece alguma reflexão, sobretudo ao nível das organizações políticas de juventude, porque são estas que, de facto, têm um certo motor e uma certa dinâmica na sociedade portuguesa. Não há dúvida nenhuma e é inconstestável que nos últimos três anos Portugal adquiriu um prestígio externo notável no sector da juventude. A prova disso é que hoje, quer na CEE quer no Conselho da Europa, quase todos os lugares chave de decisão política têm portugueses à frente, o que culminará em 1990 com uma conferência de ministros em Portugal. Temos a presidência do fórum da juventude da CEE, temos a vice-presidência do Comité da Juventude do Conselho da Europa; temos um jovem português a gerir o programa «Juventude para a Europa»; temos ainda um português no conselho consultivo da nova estrutura do Conselho da Europa. Portanto, neste momento temos uma representação externa que é, de facto, notável.

No entanto, tenho receio de uma coisa: pela afirmado que se fez, quer por parte das pessoas quer por parte das organizações, se nós não formos capazes de gerar uma dinâmica interna, passando os tais 15°7o de participação e chegando aos 20%, 25%, 30%, gerando mecanismos próprios de fazer surgir novos quadros e novos valores, podemos correr o risco de dentro de dois ou três anos falhar perante a Europa. Se isso acontecesse, seria uma pena. É por isso que essa reflexão que colocou me parece das mais importantes. Estarei sempre disponível para fazê-la com esta Comissão Parlamentar, porque penso que, de facto, é aqui a sede própria para se discutir esta matéria, que creio que deve merecer uma análise mais profunda.

Por vezes r.ós não nos damos conta do que se passa a nível externo e interno. Disse no ano passado — e agora repito-o— que nós vivemos o momento mais decisivo da afirmação de uma política de juventude em Portugal. Penso que é um momento crucial, quer pelas questões que foram apontadas há pouco, quer pelos próprios mecanismos de participação, quer pela necessidade de sensibilidade dos políticos e da sociedade civil.

Em relação à questão que colocou dos jovens e do PDR, penso que tem de haver um grande diálogo. A discussão dos programas operacionais é extremamente importante porque ai é que se vão definir as grandes políticas, a matriz e as prioridades.

O Sr. José Apolinário (PS): — Dá-me licença que o interrompa, Sr. Ministro?

O Sr. Ministro Adjunto e da Juventude: — Se faz

favor. Sr. Deputado.

O Sr. José Apolinário (PS): — Sr. Ministro, tanto quanto sei o PDR tem muitas operações integradas de desenvolvimento. Estas operações integradas marcam, no fundo, uma matriz de desenvolvimento regional. As preocupações dos programas integrados de desenvolvimento inserem-se depois dentro do quadro das OID. Não é assim?

O Sr. Ministro Adjunto e da Juventude: — Sr. Deputado, mas esses programas integrados já tinham sido objecto de discussão pelas forças locais. Todos foram