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8 DE JUNHO DE 1995

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Saúdo a delegação do povo irmão do Sanara, representado aqui pelo seu Ministro dos Negócios Estrangeiros.

Aplausos gerais.

Saúdo, igualmente, o grande povo do Curdistão, perseguido e humilhado durante séculos, e que também está aqui presente.

Aplausos gerais.

Saudamos igualmente o grande povo mahori de Aeteroa, Nova Zelândia, aqui representado pelo Dr. Moana Jackson.

Aplausos gerais.

Não está aqui nenhum representante do grande povo aborígene da Austrália, os originários habitantes e donos daquele grande continente, mas, através do Dr. Moana Jackson, peço que transmita aos nossos irmãos na Austrália as. nossas mais fraternas e calorosas saudações.

Aplausos gerais.

Finalmente, uma saudação especial aos heróicos democratas combatentes da Indonésia, em especial o representante do PLIAR, que foi perseguido ainda há poucos meses, esteve em fuga na Indonésia, conseguiu chegar à Holanda há poucos dias e está aqui connosco nesta Conferência.

Aplausos gerais.

Obviamente que, em nome do comandante Xanana Gusmão, líder da resistência, saúdo os representantes da comunidade timorense, os líderes aqui presentes, em particular o engenheiro João Carrascalão, presidente da UDT, o Dr. Zacarias Costa, vice-presidente, o Dr. José Luís Guterres, chefe da Fretilin, o Sr. Mari Alkatiri, secretário das Relações Externas, o Dr. Roque Rodrigues, representante em Portugal, o Padre Apolinário Guterres, líder espiritual da nossa comunidade em Lisboa.

Aplausos gerais.

Uma saudação ainda aos representantes dos órgãos de soberania dos partidos irmãos dos PALOP (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), países que, desde a primeira hora da nossa luta, sempre estiveram connosco na mesma trincheira. Desde a primeira hora, não nos sonegaram apoio; partilharam connosco as suas limitações mas também a sua riqueza secular, a sua experiência diplomática, a sua audacidade no combate pela independência; partilharam connosco o seu prestigio na OUA, nos não alinhados e, graças a eles, a questão de Timor foi mantida na agenda das Nações Unidas e de outros fora internacionais. A todos, e através de vós para os vossos povos, um caloroso abraço do povo de Timor Leste.

Aplausos gerais.

Passo agora a ler, com a vossa permissão, a intervenção do nosso líder, Xanana Gusmão:

Conselho Nacional da Resistência Maubere — FALINTIL.

Excelência Sr. Presidente da República Portuguesa, Dr. Mário Soares, Excelência Sr. Presidente da

Assembleia da República, Dr. Barbosa de Melo, Excelência Sr. Primeiro-Ministro, Dr. Cavaco Silva, ilustres Participantes: Em nome do povo maubere, venho, nesta ocasião particularmente significativa, agradecer aos órgãos de soberania portugueses o esforço empenhado na realização desta Conferência Interparlamentar

sobre Timor Leste, como cumprimento do mandato da

Constituição Portuguesa que ordena «exercer todos os actos necessários» em defesa do direito de Timor Leste à autodeterminação e independência nacional. Aproveito, ainda, para agradecer a todos os participantes que, vindos de vários pontos do globo, quiseram com esta Conferência reafirmar a justa luta do nosso povo contra o colonialismo indonésio e denunciar a cumplicidade internacional.

Saúdo S. Ex." o Presidente da Assembleia da República Portuguesa, Dr. Barbosa de Melo, e, na sua pessoa, todos os digníssimos Deputados portugueses, que, representando o povo irmão português, têm vindo a dignificar as responsabilidades portuguesas sobre Timor Leste. Quero saudar também o Sr. Presidente da Comissão Eventual para Acompanhamento da Situação em Timor Leste, Dr. Fernando Amaral, assim como a todos quantos infatigavelmente se dedicam à causa timorense. Saúdo S. Ex.° o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Dr. Durão Barroso, cuja feliz teimosia política vem conservando incólume a tenacidade maubere na resistência ao ocupante estrangeiro. Aproveito para expressar também ao Dr. Rui Quartin-San-tos e a toda a sua equipa a gratidão do nosso povo pela devoção com que tem vindo a tratar do problema de Timor Leste. Saúdo, com especial apreço, S. Ex." o Primeiro-Ministro, Dr. Cavaco Silva, pela firmeza e convicção com que o Governo Português vem apostando na defesa do direito do povo maubere à autodeterminação e independência nacional. Não podia deixar de saudar, em nome pessoal e em nome do nosso povo, o amigo entre os amigos de Timor Leste, S. Ex." o Sr. Presidente da República, Dr. Mário Soares, que, em todas as ocasiões e lugares, pelo mundo fora, sempre soube retratar a difícil luta do nosso povo, interpretando com clareza os seus sagrados anseios e exortando a comunidade internacional para a defesa do direito internacional e dos princípios universais, que contemplam o tão arrastado problema de Timor Leste.

Por último, aos meios de comunicação social portugueses e a todos os convictos e dedicados amigos de Timor Leste e ao povo português, assim também à solidariedade internacional, devo expressar aqui a gratidão e, essencialmente, a confiança do povo maubere de que a chama da sua luta continuará acesa nos corações de todos.

Ilustres Participantes, foi em Maio de 1914 que, na capital portuguesa, foi reconhecido o direito de Timor Leste a escolher o seu próprio futuro. Escolher o próprio futuro, a sentença para um cativeiro amargurado de um povo a quem, em todo este percurso do tempo, está sendo negado este direito! Aqui, em Lisboa, nos reunimos 21 anos depois, não apenas para certificar isso mesmo mas, por via disto, procurarmos uma saída para este problema.

Há 19 anos e meio que os generais indonésios fazem do território de Timor Leste um campo de treino militar, onde puderam avaliar desde os velhos vasos de guerra adquiridos logo após a independência à necessidade de modernizar a marinha, desde os peque-