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II SÉRIE-C — NÚMERO 25

nos aviões de transporte, que metralhavam o ar, à aquisição de Bronko OVB-10, de Sky Hawks e outros

modernos caças, desde a compra da moderna artilharia terrestre à eficiência técnico-táctica das suas forças

terrestres. Há 19 anos e meio que as assassinas forças de ocupação indonésias têm vindo a executar simplesmente a estratégia de genocídio físico e cultural do nosso povo.

Neste mesmo mês de Maio, em 1974, dois partidos nacionalistas nasceram para representar a consciência do povo timorense, para se tornar o relicário das lutas ancestrais contra o colonialismo e para assegurar a promessa de um futuro de liberdade e de paz. A aprendizagem política dos timorenses foi uma experiência amarga, como o início de todos os processos políticos de difícil gestação. No percurso da luta pela sobrevivência da nossa Pátria e do nosso povo, tentámos erguer uma resistência organizada que reunisse e orientasse a participação de todos os cidadãos de Timor Leste, indiscriminadamente das suas convicções políticas e ideológicas, salvaguardando a liberdade de opções e, sobretudo, definindo exactamente o papel apartidário das gloriosíssimas FALDSI1L. E em Timor Leste só há dois exércitos: a poderosa ABRI e seus colaboradores armados e a pequena, mas invencível, força da guerrilha das FAIJNTIL.

Infelizmente, o termo «maubere» tem vindo a ser, com certa obstinação, uma nódoa nos espíritos puritanos de alguns timorenses. Os sacrifícios e o sofrimento do povo maubere ensinaram-nos a perceber e a assumir que as únicas divergências de peso entre timorenses só podem ser na base de se se é a favor ou contra o direito de Timor Leste. Tudo o mais não '■ deve servir para justificar atitudes menos honestas face à heróica resistência do nosso povo. Consagrado como está o povo maubere pelo mundo fora, facto que honra imensamente o povo de Timor Leste, declaramos que o CNRM, tão mavioso a ser pronunciado atestando o inseparável idealismo com uma luta de vida ou de morte, poderá vir a denominar-se Conselho Nacional da Resistência Timorense, como mais uma das bastantes provas da vontade de todos quantos assumimos, como fundamental, a responsabilidade de libertar a Pátria e o povo de Timor Leste. Que este nosso gesto seja percebido de que tudo faremos para continuar a honrar e a servir os supremos interesses do heróico povo maubere e que, por este martirizado povo, não seremos nós que albergaremos o amor-próprio que sempre conduz a visões estreitas e a práticas inconsequentes.

Ilustres participantes: a representar a situação de Timor Leste, todos os anos há os encontros tripartidos entre Portugal e a Indonésia, sob os auspícios do Se-cretário-Gèral da ONU, encontros que já se tornaram tão rotineiros como praticamente improdutivos. A Indonésia, desde o início, sempre se serviu das suas potencialidades económicas para influenciar governos a aceitar como consumado o acto de anexação militar do território. Durante a guerra fria, em que o mundo, dividido em dois, se sujeitava totalmente aos interesses das grandes potências, Jacarta viu-se beneficiada com uma impunidade sem pai para cometer as maiores barbaridades sobre o povo de Timor Leste. Entrou a invadir o território a partir das fronteiras desde Setembro de 1975, tomando Maliana até à linha de Atabai, e, abertamente, em 7 de Dezembro seguinte.

Logo nesse dia, massacrou indiscriminadamente homens, mulheres, velhos e crianças. A cumplicidade do

Ocidente era patente não sd na luz verde concedida

por Ford e Kissinger que, dias antes da invasão, se

encontraram com Suharto, como da Austrália, que sabia da invasão e chamou os seus cidadãos, a CVA, a ACFOA, sem fazer o mínimo para impedir aquele acto contrário ao direito internacional.

Os generais indonésios, que sabiam onde os antigos quartéis portugueses estavam instalados, fizeram descer pára-quedistas e fuzileiros navais sobre Dfli, a seguir sobre Baucau e depois Lospalos. Só um reduzido número de população, apanhada de surpresa, foi impedida de subir para as montanhas. A despeito do aparato militar, empregue pela Indonésia, mais de 90% da população sob a protecção das suas Forças Armadas de Libertação, as gloriosas FALDNTIL, resistiam organizadamente nas montanhas.

Em Julho de 1977, uma dita assembleia provisória, cujos elementos foram recolhidos das ruas, assinou uma petição para a integração de Timor Leste, enquanto o seu povo era diariamente bombardeado e morria aos milhares, varrido por balas, atacado de fome e doença e forçado a abandonar suas casas e haveres, que eram incendiados, e forçado a marchas esgotantes para se livrar do Exército invasor. Porque a população preferiu morrer a render-se ao novo colonialista, os generais indonésios procederam a sucessivas ofensivas militares de grande envergadura, a partir de Setembro de 1977, cercando e atacando as enormes bolsas de resistência que, uma por uma, foram sendo tomadas, devido à colossal diferença entre as forças indonésias e os resistentes mauberes. Esta ofensiva, que semeou morte e destruição por todo o Timor Leste, só terminou em 22 de Novembro de 1978, com a tomada do último reduto popular de resistência em Matebian. A população de Timor Leste foi totalmente controlada mas, antes disso, teve de aceitar que centenas de milhares de seus filhos pagassem caro o preço de defender a Pátria. Posteriormente, a fome e a doença que grassaram naquele ajuntamento forçado da população e os intermináveis massacres colectivos em todos os pontos de Timor Leste fizeram juntar mais dezenas de milhares de vítimas, atingindo um terço da população.

Uma integração assim, que, a pedido daquela fantoche Assembleia Provisória, devia ser feita sem demoras e sem ser através de um referendum, uma integração assim é o que muitos países do Ocidente, para "não verem prejudicadas as suas relações económicas com a Indonésia, ou vêm fazendo de conta que não sabem ou abertamente defendem que é o que o povo de Timor Leste merece! Todavia, e ironicamente, muitos governos que, por questões de salvaguardar as relações económicas com Jacarta, reconhecem o «controlo repressivo físico real» das assassinas forças de ocupação, a que chamam de soberania, não hesitam, entretanto, em declarar que não concordam com a forma como Timor Leste foi anexado.

Quando, 40 anos depois da soberania sul-africana na Namíbia, este país se tornou independente, o povo de Timor Leste renovou as suas esperanças do que acima de tudo o direito internacional e os padrões universais da justiça, liberdade e paz mereceram finalmente a atenção da comunidade internacional para com outros casos que ainda a envergonham. Quando a