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do ponto de vista do combate à criminalidade económica e à corrupção.
No fundo, pergunto se havia alguma particularidade que o indicasse como uma pessoa competente, ou especialmente competente, para fazer este acompanhamento. Em particular, queria saber se ele tinha um conhecimento anterior do caso que estava a ser julgado então.
No âmbito desta segunda questão, ainda sobre a reunião de 16 Julho, disse-nos - se bem tomei nota da sua intervenção - que o Dr. Adelino Salvado lhe terá dito que queria saber se andava um homem em Monsanto e que isso decorria de um telefonema da Ministra da Justiça derivado de um pedido de esclarecimento de Paulo Portas. Naturalmente, pareceu-me entender que se referia a uma afirmação que lhe é feita pelo Director Nacional da Polícia Judiciária, mas queria que, na medida do possível, precisasse se lhe é dito que este contacto da Ministra da Justiça - sabemos que não é feito consigo, porque já nos disse que nunca falou com ela - é feito com ele, directamente, se é a Ministra da Justiça que indica o pedido de esclarecimento de Paulo Portas ao Dr. Adelino Salvado, ou se é feito directamente pelo Ministro de Estado e da Defesa ao próprio Director Nacional da Polícia Judiciária.
Por último, queria que me precisasse aquilo a que se refere como o "processo das finanças". Também é certo que, nesta última resposta ao Deputado António Filipe, já deu algum esclarecimento complementar. Disse-nos aqui a Dr.ª Maria José Morgado que esse é um processo dos mais difíceis, dos mais trabalhosos, dos mais importantes, daqueles que têm mais consequências e que se pretendia que, em Setembro, se concretizasse a colaboração com alguns arrependidos que poderiam dar um impulso à investigação.
No entanto (e ressalvando todas as precauções que compreendo que tenha e entendo que deve ter), não ficou muito claro que tipo de processo se trata. Trata-se de uma investigação sobre elisão fiscal? Trata-se de uma investigação sobre corrupção? Trata-se de uma investigação estritamente no âmbito de funcionários da administração tributária?
Faço-lhe estas perguntas porque pretendo saber - não é, evidentemente, o que a Polícia Judiciária investigou, ou poderá investigar hoje em dia, porque é dos processos mais sensíveis, naturalmente - se deste processo decorre a possibilidade de pressões políticas significativas, ou se entende que pressões políticas possam ter ocorrido na sequência deste processo, tanto mais que este calendário dos acontecimentos que são factuais, designadamente os conflitos a propósito do caso Moderna, no dia 16 de Julho, a sua entrada em férias, a multiplicação de incidentes hierárquicos durante o seu período de férias e o telefonema do Director Nacional da PJ no dia 27 de Agosto, que leva à apresentação da sua demissão nesse mesmo dia, são imediatamente precedentes àquele que era um passo significativo neste processo investigatório, no mês de Setembro.
Queria ainda perguntar se interpreta que este processo tem relevância quanto aos calendários em que ocorrem estes múltiplos incidentes e em que lhe é pedido que se demita, neste contexto.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Nuno Teixeira de Melo pediu a palavra para que efeito?

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Sr. Presidente, naturalmente, não quero voltar a intervir nem tenho esse direito, mas queria informar a mesa - e, nessa circunstância, também a Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado - que, tal como dizia antes, perante a indignação do Sr. Deputado António Filipe, o que a Sr.ª Procuradora aqui tem vindo a dizer já foi noticiado pela Lusa, pelas televisões…

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Sr. Deputado, eu não abandonei o meu lugar nem telefonei!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Não estou a dizer que o fez.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Nuno Teixeira de Melo, peço-lhe que desligue o microfone, porque não se trata de uma interpelação à mesa.

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Sr. Presidente, queria apenas que ficasse registado em acta.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra a Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado.

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Sr. Presidente, Sr. Deputado, começando pelo fim, quanto à relevância no calendário do processo das finanças, há algo que me parece incontornável: esperar que eu levasse essa investigação até ao fim, manter a minha direcção até ao fim e, só então, convidar-me a sair. Ou, indiferente ao decurso desta investigação, talvez com uma espécie de insensibilidade qualquer, dizer-me: "Sr.ª Dr.ª, ponha termo à sua comissão".
Penso que as coisas falam por si. Eu abandono a Polícia Judiciária com investigações altamente sensíveis, na fase mais sensível, como é o caso das finanças, o caso do Vitória de Guimarães, o caso nandrolona, o caso do contrabando organizado de fraude em IVA em carrossel, de fraude aos IEC, etc., etc. Ninguém me pediu a responsabilidade do resultado daquelas investigações, portanto agora a responsabilidade é de quem lá ficou, da Direcção Nacional e do meu sucessor. Eu tive responsabilidade até àquele dia.
O que me dá impressão é que o Sr. Director Nacional não achou que isso era importante, não pesou essas investigações na balança em termos de dizer: atenção, estão a decorrer estas investigações, é melhor não haver alterações; já é tudo tão difícil em matéria de crime económico que não vale a pena tornar as coisas mais difíceis, porque isto causa perturbações à investigação. Como já disse numa entrevista, a investigação sabe sempre de que lado sopra o vento! E quando uma directora, que tem o apoio dos operacionais, é "empurrada" desta maneira, os operacionais não sabem muito bem o que vai acontecer no dia seguinte, porque tudo isto pode transformar-se numa roleta russa.
Portanto, não posso responder mais nada, a não ser que ninguém me deu oportunidade de levar estas investigações até ao fim. E justificava-se, dada a gravidade. Estes processos de que falei nunca tinham sido investigados na DCICCEF desta maneira, com estes métodos e com estes objectivos.
É evidente que o processo das finanças, na operação de 3 de Abril, levou à detenção de subdirectores, de um subdirector da 2.ª Distrital de Finanças e de um director do IVA, depois soltos por insuficiência de indícios, segundo o despacho da Dr.ª Fátima Mata Mouros. Mas foram detidos por despacho judicial, mandato de detenção assinado