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estava a trabalhar e a direcção central tinha sido uma direcção central que se tinha levantado e estava a fazer coisas extraordinárias e uma razão de eficácia porque estávamos a conseguir resultados. Portanto, egoísmo, justiça e eficácia!
Isto foi em finais de Junho, e eu saí, mais uma vez, dilacerada pelo dilema que me levou a escrever as cartas finais. Este homem defendeu-me tanto, defendendo os métodos de trabalho e de ataque ao crime económico, nele incluindo a corrupção e o branqueamento ou se me defendeu por razões egoístas. Até hoje nunca soube isso, mas, de facto, os meus três meses com o Dr. Adelino Salvado foram dilacerados por esse dilema, por essa dúvida, pelo que em finais de Junho coloquei-lhe brutalmente a questão e disse-lhe: "O Sr. Doutor só quis ficar comigo por razões egoístas". Então, ele declarou-me que não era bem assim, mas eu temia que a Polícia Judiciária fosse pagar um preço por isso e está a ver-se que a esse respeito tive alguma lucidez.
Aliás, o Dr. Adelino Salvado, no Sábado, dia 25, em que falou comigo, pela primeira vez a seguir à tomada de posse e em que me reiterou as revelações acerca da oposição da Sr.ª Ministra à minha continuação na Polícia Judiciária, disse-me também uma questão interessante é que iniciar a direcção sem me encontrar à frente da DCICCEF, é como iniciar uma operação com 39 graus de febre e pedia-me que, acontecesse o que acontecesse, eu jamais pedisse a cessação da comissão. Pediu-me para eu firmar esse compromisso com ele, acontecesse o que acontecesse. Eu fiquei preocupada porque o Dr. Adelino Salvado disse-me que se o problema era o excesso de visibilidade ele tratava disso e eu fiquei preocupada, repito, porque não compreendia o que era ele "tratar disso". Mas talvez eu hoje compreenda o que é "tratar disso".

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Telmo Correia.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr.ª Procuradora-Geral Adjunta, gostaria de colocar-lhe algumas perguntas, tanto quanto possível directas e concretas, mas antes de chegar às perguntas directas e concretas devo dizer-lhe, e é o único comentário que farei, que sou tentado a partilhar duas opiniões, que são as minhas, neste momento, em relação àquilo que ouvimos aqui hoje à tarde.
A primeira é quando nós temos consciência pessoal, e já lhe disse isto da primeira vez que esteve não aqui, mas na 1.ª Comissão, de estar a fazer pelo nosso padrão e pelo nosso critério, bem o nosso trabalho, é suposto termos orgulho nesse trabalho. É assim com uma directora adjunta da Polícia Judiciária, é assim com o Director Nacional, é assim com um Deputado, é assim com um advogado, seja com quem for.
Por isso, não a posso criticar, porque realmente ouvindo as suas palavras ficamos com a ideia de uma pessoa que tinha grande empenho e grande determinação no seu trabalho e como disse aqui o Sr. Deputado Jorge Neto, tem inclusivamente, um modelo para a Polícia Judiciária, uma ideia, que nos fica até, de facto, a impressão que gostaria de ver a sua ideia a ser implementada na responsabilidade máxima da Polícia Judiciária, em vez do modelo, ou da ideia, que terá o Sr. Director Nacional.
Mas isso é uma questão de divergências de modelo, de diferenças de concepção em que qualquer uma delas será mais legítima e em que qualquer uma delas se poderá ver nos resultados se funciona ou não. De resto, não valerá a pena explorar essa contradição, porque a contradição seria tão-só a de dizer "ainda bem que estão a copiar" como a Sr.ª Doutora diz, às vezes e outras vezes dizer "o modelo não é este deveria ser outro completamente diferente". Poderíamos ir por aí mas não vale tentar explorar essa contradição, porque não me parece que seja a mais relevante, mas digo-lhe só, e isto também é uma opinião meramente pessoal, que às vezes nas suas palavras há…
Eu compreendo que seja fruto dessa sua dedicação e dessa sua convicção na certeza de que o seu modelo é o melhor, mas há a ideia de que antes de mim não existia e depois de mim nunca mais vai voltar a funcionar. Às vezes as suas palavras são de tal forma determinadas e incisivas que parece passar no seu depoimento a ideia de que antes de si aquilo não podia funcionar de maneira nenhuma e que depois de si, como a Sr.ª Doutora disse, também funcionará porque deixou muito trabalho feito, mas a seguir virá forçosamente o caos.
Ora, não quero acreditar nisso, porque, entre outras razões, Sr.ª Doutora, cada um tem as suas convicções e os seus valores, eu sou um institucionalista e acredito que a Polícia Judiciária funcionava antes, funcionará depois, é uma excelente instituição, é a opinião que tenho, mas é a opinião de um leitor de jornais e de um espectador atento e mais nada do que isso. Nem nos meus tempos de advogado que já lá vão, pelo menos de prática corrente, com alguma distância me dediquei ao processo criminal e, portanto, é uma mera convicção de leitor de jornais, repito, de que a Polícia Judiciária funcionava, funciona e, estou certo e convicto, que continuará a funcionar, pelo que na minha opinião, e daquilo que ouvi, haverá algum exagero dessa sua visão.
Em relação a esta matéria e de estarmos aqui a tratar, ou não, de um processo político devo dizer-lhe, Sr.ª Procuradora, que também tenho uma conclusão e que é a seguinte: este processo, do meu ponto de vista, e lamentavelmente, é cada vez mais político. Claramente, hoje aqui e é isso que me transmitia ainda agora um colega meu que se terá deslocado por minutos ao bar, um processo que tem um objectivo já claríssimo de envolvimento político de duas pessoas, designadamente a Sr.ª Ministra da Justiça e do Sr. Ministro de Estado e da Defesa Nacional.
No início este processo não era político, no início este processo era um processo baseado em diferenças de concepção, divergências de opinião, pequenas decisões que foram contrariadas, pequenas situações em que a Sr.ª Doutora se sentiu, está no seu direito, cada um tem a sua susceptibilidade própria, uns são mais susceptíveis, outros são menos, não estou a criticá-la por isso, mas em que a Sr.ª Doutora se sentiu pontualmente desautorizada.
Era isso que estava em causa e isso é a lógica da sua carta que aqui foi referida várias vezes. É, de facto, isso que ali está dito, a Sr.ª Doutora sentiu-se desautorizada ao ponto de dizer "vou-me embora, porque estão a impor um modelo que não é o meu, há pequenas intromissões naquilo que eu considero ser a minha esfera e o meu raio de acção, há pequenas instruções com as quais eu (…)" pequenas ou grandes, enfim, penso que a Sr.ª Doutora usou a certa altura essa expressão de pequenas coisas que a foram incomodando, penso que a expressão foi sua e que não estou a cometer qualquer erro, nem a deturpar as suas palavras por isto, espero eu.