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pela juiz de instrução criminal. E o que é surpreendente é que ninguém espera que estas investigações cheguem ao fim. Faz-se uma mudança de direcção com tudo isto a decorrer.
Em relação à questão de precisar o telefonema da Sr.ª Ministra da Justiça e à questão de Monsanto, penso que as minhas palavras não foram ainda inteiramente compreendidas. Havia uma orientação minha de, sempre que possível, dar apoio ao Ministério Público, e este, sempre que possível, passava muitas vezes pelo apoio do segurança, porque este segurança tem uma particularidade: é o homem dos sete ofícios. Conhece bem a Polícia Judiciária, conhece os métodos de investigação, tem disponibilidade, é dedicado, combativo e uma pessoa completa para o efeito pretendido, que era o de dar algum apoio logístico e acompanhar o Ministério Público. Isso foi feito durante o início do julgamento; depois, pode ter havido um ou outro apoio esporádico, mas sem continuidade, porque estávamos sem meios e a Direcção Central estava a "rebentar pelas costuras".
O que sucedeu no dia 16 de Julho foi que, a seguir à reunião do Conselho de Coordenação Operacional, o Sr. Director Nacional chamou-me e disse que tinha acabado de receber um telefonema da Sr.ª Ministra da Justiça, por uma questão que lhe tinha sido colocada pelo Dr. Paulo Portas, por causa de alguém da DCICCEF que andaria em Monsanto, e não devia andar. E a instrução verbal que me foi dada era para não andar, ou seja, ninguém podia ir a Monsanto! Ora, num quadro de normalidade, isto é algo que não é inteiramente compreensível: por que raio não podíamos ir a Monsanto?! É costume, nestes processos, a Polícia Judiciária falar com o Ministério Público. Foi o que aconteceu com as FP-25, também no processo do Melancia e no das FP-27, ambos comigo; no processo de Vale e Azevedo, com a Dr.ª Leonor Machado; no processo da UGT, com o Dr. João Guerra. E em nenhum desses processos foi dito "não queremos ninguém lá", bem pelo contrário!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - A investigar!

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Não é a investigar, Sr. Deputado. Eu falei em apoio logístico e não em investigação. Ou bem que o Sr. Deputado aceita a existência da Polícia Judiciária, ou não aceita - a Polícia existe e para alguma coisa é! E, quando há julgamentos, a Polícia Judiciária tem de conhecer o feedback do julgamento, o seu resultado, e pode ter necessidade de recolher informação para acompanhar o julgamento. A Polícia Judiciária pode fazê-lo, está no âmbito da sua actuação.
Não estou a dizer que a Polícia Judiciária o fez no caso do processo Moderna, mas pode fazê-lo porque está dentro da função prevenção.
Talvez nem possa existir Polícia - o melhor é acabar com ela… -, porque tem uma função de prevenção, de recolha, análise e tratamento da informação. Esse é um serviço que a Polícia Judiciária presta à democracia e aos cidadãos, e também aos Srs. Deputados.
Mas não estou a dizer, sequer, que a Polícia Judiciária o fez no caso Moderna, porque não havia tempo para isso: estávamos a "rebentar pelas costuras", não havia quase tempo para dormir. O que se passou foi que houve uma pessoa que foi a Monsanto e o facto dessa pessoa ter ido a Monsanto causou agitação do lado do poder político, porque fui chamada à atenção sobre esse facto! Portanto, é a isso que me refiro. E fui chamada à atenção sobre isso no dia 16 de Julho, porque foi esse o dia da reunião do Conselho de Coordenação Operacional.
Em Monsanto, o que aconteceu foi o seguinte: o Pedro Albuquerque transportou o Dr. Manuel das Dores: levou-o e foi buscá-lo. E não sei por que razão um "factozinho" destes causa tanta agitação e dá origem…

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): - Há uma coisa que se chama Constituição!

A Sr.ª Dr.ª Maria José Morgado: - Sim, mas a Constituição não o impede de levar e trazer o Ministério Público ao tribunal!
O incidente anterior, em que pedi a demissão, tem a ver com uma outra situação, em finais de Junho, em que há um pedido de entrevista do Expresso sobre a crescente eficácia da Polícia Judiciária no combate ao crime económico - o Expresso andava há um ano a pedir essa entrevista e eu andava há um a recusá-la, por minha iniciativa.
Em relação a esse último pedido o Dr. Adelino Salvado exarou na folha do fax enviada pelo Expresso dois parágrafos basicamente nestes termos: o primeiro elogiava a Sr.ª Jornalista e o trabalho que ela sempre tinha feito de acompanhamento do crime económico e das acções da Polícia Judiciária, etc. No segundo, depreciava o meu trabalho, porque dizia que o trabalho feito pela Polícia Judiciária é um trabalho de equipa não era um trabalho de uma só pessoa e, portanto, não era essa pessoa que dava as informações era o gabinete de estudos e documentação.
É evidente que eu sempre funcionei em equipa, aliás, parece-me que funciono em equipa de forma tal que as acções que continuam depois de mim, o que prova a capacidade de constituir equipas, gosto do trabalho em equipa, é uma coisa que me entusiasma e até sou conhecida por isso em todo o lado por onde tenho passado.
Na Boa Hora, estive oito anos e fui reconhecida por juizes e colegas por formar equipas, constituir equipas e ter essa obsessão. Agora, é evidente que é preciso que alguém fale, é preciso que alguém, perante a opinião pública, assuma a divulgação das coisas e assuma aquilo que é importante em termos de dar visibilidade ao combate ao crime.
Entendi que o Sr. Director Nacional ao tomar essa posição, e ao divulgá-la internamente, estava, mais uma vez, a desautorizar-me. Agarrei no fax, ao fim do dia, eram 8 horas da noite, fui falar com ele à Gomes Freire, ao 4.º andar, e disse-lhe "Sr. Director Nacional o que está em causa aqui é que eu tenho de me ir embora, porque o Sr. Director Nacional não compreende os meus métodos de trabalho, nem os aceita. Quis continuar comigo na direcção por razões(…)", e até fui brutal, "(…)egoístas e então não vale a pena eu continuar é melhor deixar-me ir embora já".
Resposta do Sr. Director Nacional: "Eu estava com "gorilas" na cabeça (…)", isto é para dar espontaneidade e sinceridade ao depoimento, portanto ele estava com "gorilas" na cabeça e tinha tomado a opção de eu continuar a fazer parte da direcção da Polícia Judiciária, por três razões: uma razão egoísta, sim senhora ele reconheceu a razão egoísta, porque dizia que se eu não ficasse na direcção era acusado de não querer combater o colarinho branco; uma razão de justiça, porque não era justo interromper quem