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AS CONCLUSÕES DO RELATÓRIO

O sumário das conclusões do Relatório, que aqui se apresenta, segue a mesma sequência do

documento principal, onde as análises e interpretações correspondentes são detalhadas.

Os incêndios rurais do ano de 2017

Constata-se que o número de ignições, em Portugal, é muito elevado, embora se registe uma

tendência, nos últimos anos, para uma diminuição. Procurou-se relacionar o número de

ignições com as situações meteorológicas, recorrendo a um indicador de perigo de incêndio,

utilizado pelo sistema canadiano de prevenção dos fogos rurais.

A primeira conclusão, baseada nas informações diárias e horárias existentes desde 2002

(série de 15 anos), permite afirmar que há uma correlação muito forte entre o número de

ignições e a excecionalidade das condições meteorológicas. A análise permite indicar que o

risco de novas ignições é maior aos fins-de-semana, durante a tarde e princípio da noite. A

comparação entre os valores reais registados e os valores que poderiam resultar da utilização

de um modelo explicativo registam uma elevada correlação, pelo que se conclui que, perante

as condições meteorológicas de outubro poderia (deveria) ter-se antecipado o aumento do

número de ignições e, por isso, poderia ter-se atuado, com medidas robustas de pré-

posicionamento e de pré-supressão, de forma a prevenir o que era esperado.

A segunda conclusão abrange as causas que têm estado na origem das ocorrências. O padrão

dos dias 14, 15 e 16 de outubro não difere muito da informação sintetizada a partir da série

histórica de 17 anos (2001 a 2017). As causas principais são as queimadas (33% nos dias de

outubro contra 31% no período de 17 anos), o incendiarismo (36% contra 33%) e os

reacendimentos (24% contra 18%). No que respeita às queimadas, nos três dias de outubro

as duas principais razões dessa causa foram a limpeza do solo agrícola (37%) e a renovação

das pastagens (31%). Admite-se que a proximidade anunciada de precipitação pode ter

conduzido a um aumento de ocorrências ocasionadas pela limpeza do solo agrícola.

Os impactos no uso do solo foram igualmente analisados. Conclui-se que nas áreas florestais

ardidas no ano de 2017, 49,6% estavam ocupadas por pinheiro-bravo, 38,5% por eucalipto,

7,4% por carvalhos, castanheiros e outras folhosas, 3,5% por pinheiro-manso e outras

resinosas e, finalmente, 1% por sobreiros e azinheiras. As razões desta concentração em

praticamente duas espécies (pinheiro-bravo e eucalipto representam quase 90% da área

ardida em 2017) resultam do tipo de combustíveis e da sua estrutura (distribuição vertical de

folhas, ramos e matos no sub-bosque) nessas formações florestais, pois estas mesmas duas

espécies ocupam, no panorama nacional, cerca de 50% da área de ocupação florestal total.

Os espaços urbanos representam 1,2% da área ardida. As ocupações secundárias das áreas

urbanas ardidas voltam a privilegiar o pinheiro-bravo (12,5%) e o eucalipto (9,4%).

A análise das áreas envolventes das 1.712 habitações e 768 infraestruturas empresariais

afetadas por estes incêndios confirma que foram estas duas espécies (pinheiro-bravo e

eucalipto) que ocupam com maior frequência aquelas áreas. Contudo, sublinha-se a

necessidade de não considerar apenas a área contígua ao edificado, mas também a sua

envolvente mais distante.

As soluções preconizadas por esta análise apontam para a necessidade de uma gestão do

combustível do sub-bosque nos povoamentos de pinheiro-bravo e de eucalipto, assim como a

conveniência de aumentar a proporção de folhosas caducifólias nestas áreas de interface.

II SÉRIE-E — NÚMERO 16_____________________________________________________________________________________________________________________

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