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Esta sequência de factos constitui o maior fenómeno piro-convectivo registado na Europa até

ao momento e o maior do mundo em 2017, com uma média de 10 mil hectares ardidos por

hora entre as 16 horas do dia 15 de outubro e as 5 horas do dia 16 de outubro para o conjunto

dos cinco mega-incêndios estudados. Este movimento errático e acelerado por momentos

pulsantes coincide com a ocorrência de vítimas mortais nos incêndios (Figura 1).

Figura 1. Evolução horária da expansão dos mega-incêndios estudados (Pataias, Quiaios, Lousã, Sertã e

Arganil-Seia), ocorrência de vítimas fatais e condições piro-meteorológicas (estação do IPMA em Viseu) das

9 horas do dia 15 de outubro às 16 horas do dia 16 de outubro de 2017. Foi selecionada a estação de Viseu

porque revela simultaneamente o efeito Ophelia no vento e o downdraft após a meia noite.

Um dos incêndios, Figueiredo-Sertã, foi bastante constrangido no seu desenvolvimento pela

superfície queimada anteriormente (em 2017). Um exercício de simulação revelou que na

ausência desse efeito e da ocorrência de precipitação pós-Ophelia, a área ardida por esse

incêndio ascenderia a meio milhão de ha. A gestão do combustível à escala da paisagem é,

portanto, a única forma de limitar o desenvolvimento de mega-incêndios desta ordem de

grandeza. Houve mitigação local da severidade ou velocidade de expansão dos incêndios em

resultado da gestão de combustíveis ou da ocupação por floresta caducifólia. Contudo, a

escala de intervenção (fração tratada do território, dimensão e organização espacial das faixas

e parcelas) foi manifestamente insuficiente para perturbar o crescimento dos fogos, a não ser

pontualmente nos flancos ou retaguarda. Acresce que as áreas tratadas praticamente não

foram utilizadas no combate, seja por falta de meios, de conhecimento, de coordenação, ou

porque outras prioridades se impuseram.

Piro-tempestades como as de 15 de outubro testam os limites da efetividade da gestão de

combustíveis na interface dos espaços florestal e habitado. Dado que as causas de ignição do

edificado são maioritariamente indiretas, ou seja, não atribuíveis ao estado da vegetação

circundante, são dúbios os resultados da criação e manutenção de faixas tampão. Assim, os

esforços devem ser dirigidos para a mitigação do comportamento do fogo no espaço florestal,

o aumento da resistência das estruturas ao impacto de projeções e faúlhas, e a remoção de

combustível suscetível de ignição na adjacência imediata das estruturas.

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