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grande eficácia, ao integrarem elementos «conhecedores» do território onde intervêm, sendo

um meio privilegiado para levar a cabo, ao nível local, as políticas nacionais de proteção civil.

A experiência da organização das comunidades locais com o objetivo da proteção civil através

das ULPC poderia e deveria ser um antecedente e uma importante base a ter em conta no

desenho dos programas iniciados após os incêndios de 2017.

4. O reconhecimento da importância da interface urbano-florestal

A Interface Urbano Florestal (IUF), que se pode definir, segundo Ribeiro (2016), como sendo o

lugar, onde a floresta, as casas (com as pessoas) e o fogo se encontram, foi reconhecida

desde há muitos anos como sendo um dos problemas cruciais de todo o processo de gestão

integrada dos incêndios florestais. Nos últimos anos têm-se multiplicado os esforços da

comunidade científica e operacional para abordar este problema, com um grande crescimento

de publicações na bibliografia nacional e internacional sobre o tema (Figura 4), incluindo a

definição de conceitos e metodologias (Bento-Gonçalves e Vieira (2020).

Figura 4. O crescimento do número de publicações científicas dedicadas ao tema da interface urbano-florestal (neste caso «wildland-urban interface» WUI) listadas na Web of Science Core Collection de 1975 a 2018. Fonte:

http://www.webofknowledge.com em Bento-Gonçalves e Vieira 2020).

O problema da interface urbano-florestal em Portugal é caracterizado pela existência de uma

população muito dispersa por todo o território. Em muitas zonas rurais, apesar de existirem

poucos aglomerados urbanos, tais como cidades e vilas, encontram-se pequenos aglomerados

populacionais e mesmo casas isoladas, dispersas por toda a paisagem. Desta forma, existe a

forte probabilidade de que os incêndios, mesmo de média dimensão, coloquem em risco a vida

das pessoas e das habitações.

Tradicionalmente a prática de agricultura de subsistência por parte da população tinha como

efeito a envolvência das aldeias e dos pequenos aglomerados populacionais por uma faixa

verde constituída por hortas e pomares, que conferiam uma excelente proteção às casas e

aldeias. Por outro lado, a presença das pessoas no meio rural levava a que qualquer foco de

incêndio nascente fosse atacado prontamente e, como tal, raramente tinha um

desenvolvimento muito grande. Com o abandono do interior e da agricultura, bem como de

alguns usos, que existiam, da biomassa florestal, o risco de incêndio na IUF teve um grande

acréscimo.

Tendo em conta que a maioria dos aglomerados urbanos tem vindo a crescer entrando pelos

espaços rurais que os circundam, a extensão do problema da IUF tem vido a aumentar. Outro

5 DE JANEIRO DE 2021________________________________________________________________________________________________________

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