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esforço o rio Homem e esperávamos escondermo-nos no rio, mas felizmente o

vento estava muito calmo, o fogo não se propagou muito e em breve estava

completamente extinto.”

Johann Heinrich Friedrich Link (1767 –1851);

Notas de uma viagem a Portugal e através de França e Espanha. 1797 – 1799

“Há 40 ou 50 anos, as terras eram beneficiadas com grandes dozes de adubos de

curral: hoje, pelo menos em algumas freguesias, já se não aduba tanto, como

demonstra o facto de haver montados tão povoados de tojo, que é preciso lançar-

lhe fogo.

D’antes, havia alguns que estavam completamente escalvados, pela insistência no

córte dos mattos que produziam, e agora é impossivel percorrê-los: tanta é a altura

e aspereza d’esses mattos.”

Narcizo Alves da Cunha (1851 –1913); Livro “Paredes de Coura”, pág. 200-201; 1909

As mudanças sofridas pela paisagem rural, o choque tecnológico resultante da introdução da

queima de combustíveis fósseis e os condicionamentos cada vez mais rígidos em relação à

queima da biomassa, produziram alterações profundas nestas práticas, como referido no

capítulo anterior. Estas mudanças conduziram à perda de conhecimento do uso do fogo em

relação à sua integração no sistema agrário tradicional, o qual obedecia a práticas sazonais,

com frequência, intensidade e severidade do fogo, aplicadas de acordo com os usos e

ocupações do solo. Hoje, na maioria das comunidades rurais, apenas restam vestígios desse

uso. Porém, na maior parte dos casos desconectados das componentes que constituíam o

sistema agrário tradicional e do papel de manutenção das funções ecológicas. Tal como o

pastoreio e as “vezeiras” foram substituídas pela produção de gado em regime extensivo, o

fogo, por força da lei, também foi substituído, tornando-se proscrito.

Na interpretação mais extensiva de uso tradicional do fogo, este é equivalente ao uso do fogo

pela população rural. Assim, tendo por base a classificação de causas de incêndios florestais

definida no Apêndice 16 – Codificação e definição das categorias das causas dos incêndios

florestais do Guia Técnico para a Elaboração dos Planos Municipais de Defesa da Floresta

Contra Incêndios (AFN, 2012), podemos considerar como variantes do uso tradicional do fogo,

na sua interpretação mais lata, as seguintes tipologias:

 Queimas agrícolas: Queima de combustíveis agrícolas de forma extensiva, como é o

caso do restolho, panasco, outros;

 Queimas florestais: Queima de combustíveis florestais empilhados ou de forma

extensiva, como restos de cortes e preparação de terrenos;

 Borralheiras: Queima de restos da agricultura e matos confinantes, após corte e

ajuntamento;

 Queimadas pastoris: Queima periódica de matos e herbáceos com o objetivo de

melhorar as qualidades forrageiras das pastagens naturais;

 Queimadas para caça: Queima de matos densos e brenhas com o objetivo de facilitar a

penetração do homem no exercício venatório e da pesca;

 Queimadas para acessibilidade: Queima de combustíveis que invadem casa, terrenos,

acessos, caminhos, estradões, outros;

8 DE JANEIRO DE 2020______________________________________________________________________________________________________

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