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desajustadas perante o facto de que as alterações climáticas já se observam em todo o mundo e estão a

agravar o risco de incêndio em várias regiões e em particular no Sul da Europa/Mediterrâneo, que inclui

Portugal. É desejável fazer um planeamento e uma programação da GIFR que incorpore o facto de o clima

estar em mudança e de que há vários cenários climáticos futuros cujos impactos adversos sobre a floresta

em Portugal importa conhecer, avaliar, minimizar tanto quanto possível, ou até evitar.

O Observatório tem chamado frequentemente à atenção para a importância das florestas no contexto das

alterações climáticas. Os documentos produzidos mencionam frequentemente a questão das alterações

climáticas e o facto de estarem a agravar o perigo e o risco de incêndios rurais. Na Nota informativa de 2018

intitulada “Recomendações do Observatório Técnico Independente sobre os Planos Regionais de

Ordenamento Florestal” fizeram-se várias recomendações específicas para que o ordenamento florestal nas

diferentes regiões do país consiga reduzir os riscos atuais e futuros a que as florestas estão sujeitas devido

às alterações climáticas. Contudo, os PROF foram aprovados em 2019 sem qualquer alteração significativa

neste domínio.

Na situação atual seria muito recomendável que o PNA tivesse considerado explicitamente o objetivo

estratégico de melhorar a ação climática na floresta para que esta se torne mais resiliente e para que possa

continuar a desempenhar o seu papel muito importante no ciclo do carbono e na mitigação das alterações

climáticas.

Na falta dessa reflexão no PNA e no reconhecimento da importância desta matéria para a GIFR o

Observatório optou por incluir neste Relatório este subcapítulo em que se descreve o impacto das alterações

climáticas no perigo e risco de incêndio florestal e rural e, por outro lado, se discute a contribuição das

florestas para a mitigação das alterações climáticas em Portugal.

2.4.1. Impacto das alterações climáticas no risco de incêndio florestal e rural

É hoje em dia consensual que as alterações climáticas resultantes das emissões crescentes para a

atmosfera de gases com efeito de estufa, provenientes de algumas atividades humanas, constituem um dos

maiores desafios de natureza ambiental do Século 21. Em termos globais 65% das emissões, contabilizadas

em CO2 equivalente, provêm do CO2 emitido pelo setor da energia e processos industriais, 11% do CO2

emitido nas alterações no uso dos solos e os restantes 24% das emissões de outros gases com efeito de

estufa com emissões antropogénicas (IPCC, 2014). Estamos, pois, perante uma interferência significativa

no ciclo do carbono, no qual as florestas e a vegetação em geral desempenham um papel muito relevante.

Há essencialmente duas respostas ao desafio das alterações climáticas, a mitigação, ou seja, a redução

das emissões de gases com efeito de estufa e a potenciação ou criação de novos sumidouros, e a

adaptação, ou seja, gerar maior resiliência face aos impactos adversos das alterações climáticas. As

florestas desempenham um papel crucial na mitigação por meio do sequestro do CO2 à escala global, da

UE e nacional. Porém, num determinado território, este papel é debilitado ou, por vezes, temporariamente

anulado, com os incêndios florestais e rurais.

II SÉRIE-E — NÚMERO 33 ____________________________________________________________________________________________________________

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