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e do Sul -, e explica-se em grande parte pela grande variabilidade do clima, o que implica uma grande

variabilidade interanual das condições pirometeorológicas. O contraste que se observa na Figura 3 entre o

Norte e o Sul da Europa deve-se às características do clima de tipo Mediterrâneo caracterizado por invernos

moderadamente chuvosos e relativamente frios, que promovem o crescimento rápido da vegetação e da

carga combustível, e verões quentes e com pouca ou muito pouca precipitação, o que aumenta a

combustibilidade. Estas características acentuam o impacto gravoso das alterações climáticas sobre o risco

de incêndio florestal aumentando a duração da época de incêndios florestais e provocando um aumento da

área ardida e da perigosidade dos incêndios, se não forem tomadas medidas de adaptação adequadas.

A região Mediterrânica, incluindo a margem norte e sul e parte do Médio oriente, é considerada um hotspot

das alterações climáticas (Tuel et al., 2020) devido principalmente à redução da precipitação nos meses

chuvosos desde o final do Outono ao princípio da Primavera em cerca de 40% o que diminui a capacidade

de produção alimentar da região e ameaça as condições de vida e a estabilidade de uma região complexa.

Esta redução da precipitação é provavelmente causada pela forma como a geografia do Mar Mediterrâneo

afeta o posicionamento da corrente de jato sub-polar conjugada com a diminuição do gradiente de

temperatura entre o Mar Mediterrânico e a terra circundante (Tuel et al., 2020).

É previsível que o referido impacto das alterações climáticas sobre as florestas no Sul da Europa continue

a agravar-se até que a temperatura média global da atmosfera à superfície comece a baixar, o que muito

provavelmente só irá acontecer no século 22. O aumento do risco de incêndio florestal e rural irá, entretanto,

estender-se para o Centro e Norte da Europa e em altitude devido à migração para norte das áreas com

humidade baixa ou muito baixa. À escala da Europa, de acordo com Forzieri (2016), os incêndios que têm

atualmente um período de retorno de 100 anos irão passar a ter no final do século um período de retorno

entre 5 e 50 anos. Os vários estudos existentes estimam que o perigo meteorológico de incêndio e a área

ardida aumentem respetivamente entre 2-4% e 5-50% por década no sul da Europa (Dupuy et al., 2020). As

projeções sobre o risco de incêndio florestal e extensão da área ardida estão sempre afetadas por incerteza

que tem origem em vários fatores tais como a modelação da dinâmica clima-incêndios, a capacidade de

adaptação espontânea dos ecossistemas, e a ação humana, em particular no que respeita à implementação

ou não de medidas de adaptação planeada.

É importante salientar que na região do Sul da Europa/Mediterrâneo, tal como em outras regiões do mundo,

tem havido nas últimas décadas fatores socioeconómicos que afetam o regime de incêndios florestais e a

relação clima-incêndios. Esta relação não é estacionária no tempo, o que influencia as projeções dos efeitos

futuros das alterações climáticas sobre o risco de incêndios florestais e em particular sobre a área ardida.

Nos ecossistemas do Sul da Europa/Mediterrâneo a carga de combustível da floresta é o principal

determinante da relação clima-incêndios, sendo a combustibilidade potencialmente maior nas regiões

húmidas e mais produtivas do que nas regiões secas (Pausas & Paula, 2012). A mudança climática tem

uma influência de médio e longo prazo sobre a relação clima-incêndios ao provocar na região do Sul da

Europa/Mediterrâneo a redução da produção média da carga combustível.

Com modelos não-estacionários da relação clima-incêndios, e utilizando cenários para as alterações

climáticas em que a temperatura média global aumenta 1,5º C, 2º C e 3º C relativamente ao período pré-

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