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Por outro lado, as alterações climáticas produzem impactos adversos sobre as florestas e a biodiversidade

a nível regional, nacional e global, tais como, uma alteração de produtividade (diminuição ou aumento

conforme as tendências regionais da precipitação), a alteração da distribuição geográfica das espécies,

aumento das pragas, da morbilidade e mortalidade, maior penetração de espécies invasoras, e perda de

biodiversidade, pelo que se justificam medidas de adaptação que procuram aumentar a resiliência. No médio

e longo prazo a resposta das florestas às alterações climáticas depende em grande parte do grau com que

o benefício para a fotossíntese do aumento da concentração atmosférica de CO2 compensa o maior stress

fisiológico resultante do aumento da temperatura média e das tendências regionais de mudança da

precipitação média anual (Sperry et al., 2019). Para além do facto de que cada espécie de um ecossistema

florestal e cada tipo de ecossistema florestal ter uma determinada vulnerabilidade própria às alterações

climáticas e uma capacidade de adaptação espontânea, a adaptação planeada pode diminuir a

vulnerabilidade e aumentar a resiliência da floresta (Jandl et al., 2019).

No que respeita às florestas e matos um dos impactos adversos é o aumento do risco de incêndios florestais

e rurais (WMO, 2020; Jones et al., 2020; Smith et al., 2020), sendo este apenas o impacto a ser aqui

considerado. Como se prova que as alterações climáticas agravam o risco de incêndio florestal e rural?

Existe uma vasta literatura científica sobre este tema. De acordo com a teoria pirogeográfica, o regime de

incêndios numa determinada região depende de três fatores fundamentais: a carga de combustível, o clima

e as ignições. Porém, o regime de incêndios pode ser alterado de forma significativa por meio de políticas

de prevenção e supressão de incêndios florestais, mesmo que os referidos três fatores se mantenham

inalterados.

Os tipos de tempo, ou as condições pirometeorológicas (designadas em inglês por fire weather) que

favorecem os incêndios florestais e rurais e a sua severidade caracterizam-se pela combinação de

temperaturas elevadas, humidade relativa baixa, seca e frequentemente por ventos fortes e elevada

instabilidade atmosférica, e corresponde a valores elevados ou extremos de um índice de perigo de incêndio,

por exemplo o Canadiano (FWI). As características mais importantes das alterações climáticas que

aumentam a probabilidade de ocorrência de condições pirometeorológicas graves são (IPCC, 2014):

a) Aumento da temperatura média global da atmosfera à superfície;

b) Aumento à escala global da frequência, da intensidade e/ou duração das ondas de calor (que estão a conduzir a valores crescentes dos máximos de temperatura);

c) Aumentos a nível regional da frequência, duração e intensidade das secas;

d) Aumento da probabilidade de ocorrência de eventos combinados de seca-ondas de calor (ECSOC – CDHW – combined drought–heat wave), o que ocorreu especialmente nos últimos 20 anos (Mukherjee et al., 2021).

Estas novas tendências climáticas estão a gerar com maior frequência situações de menor humidade

relativa e temperaturas elevadas que retiram mais água do solo e da vegetação aumentando a

combustibilidade da vegetação o que, potencialmente, aumenta a área ardida anualmente e a severidade

dos incêndios.

2 DE JULHO DE 2021 _____________________________________________________________________________________________________________

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