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87 | II Série GOPOE - Número: 001 | 25 de Outubro de 2005

seja, a zona euro também vai acelerar, mas como partimos de uma base mais baixa, vamos acabar com aquela diferença de 0,7%.
Se me pergunta se este é o valor desejável, respondo-lhe que, obviamente, não é o valor desejável. Devíamos estar a crescer mais depressa do que a média da União Europeia. Mas agora pergunto eu: enquanto economista, considera o Sr. Deputado que é provável, numa economia que tem de fazer um ajustamento orçamental deste tipo, que ela cresça mais rapidamente do que a média? Tal seria uma aberração estatística – nós sabemos isso.
O que a experiência indica é que, quando há a necessidade de fazer um ajustamento orçamental desta magnitude, normalmente uma economia ou desacelera muito ou entra em recessão. Felizmente, até ver, a economia portuguesa está a mostrar uma resistência superior à que muitos julgavam, e isso infirma o que aqui foi afirmado.
Ou seja, este é um Orçamento que tem economia lá dentro, que tem muitas preocupações; o que não tem é preocupações da economia do antigamente, do tipo «investimento público pelo investimento público». Não! Tem investimento de qualidade, políticas sectoriais, promoção da inovação, da tecnologia e dos recursos humanos, como já vimos muitos exemplos.
Sr. Deputado, o turismo é uma grande questão, mas não sou defensor – nem creio que o seja ninguém de bom senso – de um turismo que acabou por se descaracterizar, um turismo de massa. Não faz sentido para o Portugal de hoje apostar nesse tipo de turismo.
Queria recordar aqui o caso da Florida e das Ilhas Baleares. Perguntem aos habitantes da Florida se estão contentes. É claro que estão contentes! O rendimento médio, por habitante, na Florida – não sei o número exacto – é superior a 120% da média americana. E nas Baleares acontece o mesmo. Estão contentíssimos! E não há dúvida de que um núcleo importante da economia, quer da Florida quer das Baleares, é assegurado pelo turismo. Mas por que tipo de turismo? Obviamente, não é um turismo de massa; é um turismo muito residencial, muito dirigido às camadas com maiores rendimentos.
Nós temos hipótese de fazer isso no nosso país.
Contudo, muito possivelmente, não vão ser as dormidas desses turistas com altos rendimentos que nos vão proporcionar as receitas. Não! É todo um conjunto de serviços que se formam em torno não só do turismo tradicional como do turismo residencial. E porque somos capazes de o promover, há outro sector que vai prosperar e que explica grande parte do sucesso espanhol actualmente. Refiro-me ao sector imobiliário ligado ao turismo, nomeadamente aquele que é vocacionado para estrangeiros.
Creio que, actualmente, o turismo tem um peso de 12% na nossa economia e não seria de bom senso pensar que o objectivo é transformá-lo num peso de 51%. Mas se, por acaso, em meia dúzia de anos – e estou a dar um exemplo – fosse possível passar o peso do turismo de 12% para 20% (as dormidas no nosso país estão a aumentar a um nível de 6%, se não estou em erro) e se continuasse a crescer 6%, imagine só o peso que isso não tinha na taxa de crescimento da nossa economia! Falei aqui em valores totalmente fictícios, mas dado que o aumento das receitas de turismo está a ser muito mais rápido do que o crescimento do PIB, certamente era um motor importante do nosso crescimento. Se ele for montado de forma a desenvolver toda uma indústria de serviços, e não estou a falar apenas da indústria da restauração mas, sim, por exemplo, dos serviços de saúde, de todas as actividades culturais e dos transportes à volta do turismo, sobretudo este turismo bem vocacionado para clientes de mais alta gama e residenciais, pode ser uma via interessante para o nosso país.
Todavia, muito sinceramente, creio que nem eu nem ninguém no Ministério da Economia se julga o planeador central da União Soviética.
Porquê o turismo? O turismo está a ocupar um lugar tão estratégico por uma razão simples. Em primeiro lugar, porque há empresários com grande capacidade que estão a propor projectos e que, ao fazê-lo, merecem não ser travados, como nalguns casos a que assistimos, em que projectos estiveram 8, 10 e 15 anos… Creio que há um projecto importante que está travado há mais de 10 anos. Isto é inadmissível! Se os empresários querem investir, querem arriscar, querem produzir, criar emprego, valor, atenção!, porque a função do Estado aqui é, primeiro, não os travar e, segundo, proporcionar um bom enquadramento.
Pessoalmente acredito que o turismo pode ter uma importância muito grande no desenvolvimento da nossa economia.
Relativamente ao cluster da energia, há todas as questões empresariais que o Sr. Deputado Francisco Louçã referiu. São questões complexas e, na medida em que estão a decorrer negociações, gostaria de não desenvolver esse tema.
Mas há questões não empresariais.
Por exemplo, a questão do concurso para a energia eólica, a questão da central fotovoltaica que vai ser inaugurada dentro de dois dias ou, ainda, toda a parte da bioenergia, todas elas são questões independentes de saber quem é o dono da Galp ou da EDP. Sei que esta é uma matéria que legitimamente desperta uma grande curiosidade, porque tem a ver com poder económico, com quem manda nas empresas, com o saber se as nossas empresas são maiores do que as empresas do país x, y ou z – e essas são questões legítimas e importantes. Mas as questões fundamentais da política energética ultrapassam, em muito, quem é que controla a empresa x e a empresa y.
Para que este assunto não fique em palavras vagas, vou dar um exemplo concreto.