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81 | II Série GOPOE - Número: 005 | 13 de Novembro de 2008

situação de quadro de zona pedagógica podiam ser colocados aquando da colocação de docentes na bolsa de recrutamento.
Ora, com esta reforma que o Ministério está a promover, parece-me que estes professores, que são muito menos em termos de número do que os de quadro de zona pedagógica, vão ficar sem qualquer hipótese de obter colocação através deste meio, uma vez que as vagas vão ser todas ocupadas por professores de quadro de zona pedagógica.
Penso que se trata de uma reforma a que o Ministério deveria também dar uma resposta.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Luísa Mesquita.

A Sr.ª Luísa Mesquita (N insc.): — Sr. Presidente, gostaria de começar por ler um pequeno texto e que a Sr.ª Ministra pudesse ouvir.
O texto diz o seguinte: «Seria desejável que, a médio prazo, para além dos princípios agora formulados, se venham a estabelecer padrões nacionais face aos quais as escolas possam situar e aferir as suas decisões.
Um processo para a construção de padrões de desempenho num plano nacional deve ser amplamente discutido e aprofundado, como sucedeu em países com muitos anos de prática de avaliação de desempenho dos docentes. A este propósito, a entidade entende que se poderia desenvolver um trabalho sistemático de preparação, com recolha das práticas entretanto concretizadas, beneficiando da experiência e dos resultados de trabalhos idênticos levados a efeito a nível internacional. Nesse caso, a partir de 2009 e 2010 seria de equacionar a possibilidade de definir um conjunto de padrões nacionais fundados na investigação, no debate alargado e no resultado das práticas desenvolvidas nas escolas».
Sr.ª Ministra, estou a ler não um texto de um Deputado da oposição, não um texto de um manifestante do último sábado, mas nem mais nem menos do que um texto do Conselho Científico para a Avaliação de Professores. E quero dizer-lhe que estas recomendações constavam da maioria dos projectos de resolução que o Partido Socialista chumbou liminarmente, na defesa do modelo que está agora a criar esta conflitualidade no País.
Já vimos hoje que a Sr.ª Ministra não é sensível. Ao menos poderia ficar preocupada. Mas também já vimos que não fica! E não fica preocupada por uma razão muito simples (a Sr.ª Ministra é egocêntrica e, por isso, conclui desta forma interessante). Esta avaliação não é do interesse dos 120 000 que estiveram na rua, mas é do interesse do País, porque é do seu interesse, Sr.ª Ministra.
E, por isso, afirma: o modelo, ao contrário do que dizem os 120 000, não é injusto, antes pelo contrário; eles ç que não percebem»! Dignifica, na sua opinião, aqueles que estiveram na rua, mas eles, «coitados«, não percebem»! Depois, eles lamentam-se porque não ensinam e só tratam de papéis, porque eles não sabem, «coitados«» São professores, mas não sabem simplificar, porque se soubessem não preencheriam tanto papel. Depois, é preciso (imaginem!) que a Sr.ª Ministra ajude, com perseverança, com persistência, porque, «coitados«!, eles não percebem»! Temos aqui milhares e milhares de pessoas «deficientes», desde os Deputados da oposição aos 120 000 que andaram na rua e, contrariamente, a esta deficiência, só se sabe que se safa a equipa ministerial.
Mas a Sr.ª Ministra também não conseguiu fugir à tentação de dizer mal da classe docente. Não há uma vez, mesmo que seja só assim, a fugir, ao de leve, um mero toque. A Sr.ª Ministra teve de dizer acerca dos docentes que estas medidas que eles não estão a perceber, que o País não percebe, que os pais não percebem e que estão a criar esta conflitualidade toda, só foram tomadas porque eles não trabalhavam, porque eles não faziam as horas que deveriam fazer, porque eles trabalhavam no ensino privado em vez de trabalharem na escola pública, porque eles só trabalhavam quatro horas por semana, porque eles escolhiam, vergonhosamente, horários nocturnos em vez de horários diurnos, porque eles juntavam compensações da sua idade a compensações de cargos e, portanto, face a este regabofe docente, a estes docentes que não merecem o mínimo de respeito, a Sr.ª Ministra foi «obrigada» às aulas de substituição, à definição da componente lectiva, ao exame de ingresso na carreira docente, a esta avaliação e a todas as malfeitorias para «pôr os docentes no sítio». E agora os docentes, «colocados no sítio» pela Sr.ª Ministra, vêm dizer à Sr.ª Ministra que se vá embora para não continuar a dar cabo da escola pública. E isto foi o que a Sr. Ministra disse hoje. Não estou a citar ninguém!