O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

28 | II Série GOPOE - Número: 005 | 19 de Fevereiro de 2010

qualquer necessidade. Estamos numa câmara política, estamos a discutir políticas e orientações e não percebo de maneira nenhuma a sua exaltação. O Sr. Deputado tem de ter mais serenidade quando debatemos questões sérias.
Sr. Deputado, tenho muito respeito pelas comunidades emigrantes, tenho uma visão política rigorosa do que deve ser a acção junto das comunidades portuguesas. Sublinhei que onde há um português e onde há uma comunidade portuguesa há um potencial estratégico de afirmação dos nossos interesses. Essa referência para mim é fundamental. O Sr. Deputado não faça demagogia em torno de situações que são absolutamente incontornáveis. Temos 5 milhões de portugueses fora do País, não podemos ter um professor de português junto de cada comunidade ou de cada família. O Sr. José Soeiro (PCP): — Ninguém defendeu isso!

O Sr. Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros: — Sr. Deputado, deixe-me falar, não o interrompi e o senhor até se exaltou comigo. Não precisa de se exaltar, somos adultos, podemos discutir sem nos exaltarmos.
Sr. Deputado, o objectivo prioritário da reforma da nossa estratégia da língua portuguesa é a promoção de uma rede qualificada do ensino do português.
Temos de ser capazes de construir, a prazo, uma rede qualificada que responda às necessidades do ensino do português como primeira língua — e, junto de algumas comunidades emigrantes, isso é possível e necessário — mas, ao mesmo tempo, indo de encontro à preocupação legítima do Sr. Deputado José Manuel Pureza, temos de ser capazes de responder também à necessidade de, nessa rede, integrar valências importantes para o ensino do português como língua estrangeira e como segunda língua.
O Sr. Deputado sabe muito bem que, em várias situações de comunidades de emigrantes, há, hoje, necessidade de responder à educação das novas gerações mais na forma do português como língua segunda ou como língua estrangeira do que propriamente como língua materna. Foi isso que eu disse, não sei por que é que o Sr. Deputado se incomodou e se exaltou com o que eu disse.
Esta é uma realidade que o Sr. Deputado não pode contestar. Ando por esse mundo fora, encontro emigrantes portugueses em toda a parte e sei a realidade que cada uma dessas comunidades representa.
Reconheço que há comunidades emigrantes que se sentem abandonadas, mas o País não tem capacidade nem recursos para responder à dispersão extraordinária das nossas comunidades pelo mundo.
Portanto, a racionalização política das intervenções relativamente ao ensino do português é uma exigência do Estado português neste momento, face à ambição que tem de promover o português e de fazer do português uma língua com vocação universal. O que está em causa, neste momento, é fazer esse exercício de racionalização.
Primeira etapa absolutamente indispensável (não faríamos nada sem aquilo que fizemos): é preciso integrar numa mesma instituição e sob uma mesma tutela o ensino do português, e foi isso que foi feito. Foi dado este primeiro passo relativamente à integração das diferentes valências do ensino do português numa mesma instituição. O que é um facto é que se passaram anos e anos e não fomos capazes de o fazer, foi feito agora, é muito importante, e as sinergias que podemos identificar na utilização dos recursos, quando integramos a acção de ensino do português nas universidades com o ensino do português nos outros escalões de ensino, com o ensino do português junto das comunidades e com a acção cultural externa, são de uma enorme importância do ponto de vista integrador das várias valências desta política.
Portanto, o Sr. Deputado também não pode reduzir esta acção a «terra queimada», que o seu discurso desenvolve sempre, em torno de uma carta ou de uma queixa que um ou outro emigrante lhe pode fazer chegar.
Sabemos que é impossível satisfazer as necessidades individuais de cada emigrante. Mas não pode ignorar o esforço feito relativamente à solução para os problemas com que se confronta.
Do meu ponto de vista, a dignificação de uma política da língua dirigida às comunidades passa muito pelo exercício, que foi feito, de não divorciar o Instituto Camões, como uma instituição de vanguarda e de elites, do potencial estratégico, que, do ponto de vista da língua e da cultura, representam as comunidades portuguesas.
Por isso é que considero injusta a forma radicalizada com que o Sr. Deputado invectiva uma observação que