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102 | II Série GOPOE - Número: 007 | 23 de Fevereiro de 2010

transferência do conhecimento, do papel cada vez mais decisivo das empresas nos incentivos ao acolhimento deste conhecimento, à participação das próprias empresas na rede científica nacional, ao emprego científico em empresas que tanto dele carecem, à participação nas parcerias entre empresas e centros de investigação e à promoção destes consórcios com empresas e destas capacidades transversais e multidisciplinares, para termos, na mesma fileira, a produção, a qualificação e a transferência do conhecimento.
Por último, gostaria que nos falasse sobre a definição das grandes linhas estratégicas de investigação para o futuro do País (e acabou de referir uma, ao nível dos oceanos, extraordinariamente importante para o nosso património e o nosso território), concentrando aí parte significativa do esforço nacional e dos dinheiros dos contribuintes.
Agradecia que o Sr. Ministro se pronunciasse acerca desta matéria.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

O Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bravo Nico, esta questão da apropriação económica dos resultados da investigação científica é uma questão que nos preocupa a todos, que preocupa este Parlamento desde há muitos anos — pelo menos, desde a elaboração da primeira lei sobre a investigação científica, num momento, aliás, em que essa preocupação não encontrava por parte das capacidades existentes no País a possibilidade de ser respondida na esmagadora maioria das áreas. Na verdade, em muitas das áreas, não existia massa crítica nem recursos institucionais que permitissem responder a muitos dos problemas existentes.
Devo dizer-vos que eu próprio fui confrontado em muito da minha vida profissional, há 10, 20 anos, com tentativas sistemáticas de entregar contratos internacionais de investigação em empresas portuguesas sem encontrar essa capacidade no nosso País e, em alguns casos, sem encontrar sequer a capacidade científica capaz de liderar esses processos ou de os acompanhar.
Hoje, felizmente, essa situação está muito ultrapassada, o que não quer dizer que não haja ainda, em inúmeras áreas, carências gigantescas. O que temos é uma acumulação de conhecimento, de competências e de recursos que é extremamente recente e estamos em competição com países em que essa acumulação se deu durante muitíssimos anos, em que todas as gerações existem nas empresas, nos institutos de transferência, na transferência de tecnologia, na actividade académica, gerações essas que faltam em muitas áreas, em Portugal, como alguns dos presentes que são do domínio bem sabem.
O que temos hoje — talvez possa acrescentá-lo — é uma matriz de articulação entre as universidades, as empresas e os institutos de interface fortemente assente em redes institucionais que estão a consolidar-se e que curiosamente estão a consolidar-se, pela primeira vez, em algumas áreas, à escala nacional.
O que era normal acontecer, na época primitiva desta relação, era a relação entre uma instituição (aliás, normalmente era uma pessoa ou um departamento de uma instituição universitária) e uma empresa ou um conjunto de empresas.
O facto de hoje começarmos a ter parcerias à escala nacional que envolvem quase todas as instituições competentes num domínio com o conjunto das empresas que trabalham nessa matéria é uma realidade nova, que está fortemente ligada à criação de estudos de pós-graduação em parceria internacional ou que está fortemente ligada a grandes investimentos públicos.
Quando me pergunta — e temos estado a trabalhar nessa matéria — o que, neste momento, existe, para lá do programa simbólico que indiquei, da prioridade, aliás, de procurar muito rapidamente ocupar o território na investigação em mar profundo, sobretudo no domínio biotecnológico e no domínio da pesquisa mineral, pelo impacto potencial, gigantesco, que o estudo do mar profundo na zona dos Açores pode ter para Portugal e pela competição muito importante que neste momento vamos ter de travar com outros interesses de outros países, posso dizer-lhe que, hoje, existe muito trabalho desenvolvido nas áreas da energia, dos transportes, da biotecnologia e, naturalmente, na área das tecnologias da informação, sendo, no entanto, esta última uma área onde esse desenvolvimento começou muito antes do de todas as outras.
Este sector das tecnologias da informação vai, aliás, ser fortemente potenciado durante este ano e o próximo pela aposta europeia nos elementos a que se convencionou chamar «Internet do futuro» ou «Internet das coisas», que tem neste momento muitas empresas e institutos de investigação envolvidos em Portugal e