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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Discurso do sr. deputado Saraiva de Carvalho, pronunciado na sessão de 21 de abril, e que devia ler-se a pag. 1319, col. 1.ª

O sr. Saraiva de Carvalho: — Desde que se abriu o debate n'esta casa sobre o orçamento, sobre o documento parlamentar mais importante que póde ser apresentado por um governo a uma camara de deputados, um facto ha que me tem chamado a attenção, e é elle o proposito, o intuito que parece haver da parte do governo de não responder ás duvidas, objecções ou arguições que lhe tem sido apresentadas.

Abriu o debate o meu honrado amigo, o sr. Braamcamp, analysando o orçamento, com a sua provada competencia, tanto pelo lado da receita, como pelo da despeza, apreciando simultaneamente a importancia do deficit.

E o sr. Antonio de Serpa limitou se a fazer breves considerações sobre o discurso do sr. Braamcamp, considerações, que principalmente consistiram na apologia, no panegyrico do partido regenerador.

Ouvimos o hymno do partido regenerador, mas não basta entoar um hymno para responder ás objecções que foram aqui produzidas.

Ouvimol-o ainda segunda vez quando o sr. Mariano de Carvalho, insistindo nas reflexões adduzidas pelo sr. Braamcamp, novamente chamava a attenção do sr. Antonio de Serpa para os erros de calculo que abundam no orçamento, tanto no que diz respeito á receita, como no que diz respeito á despeza, e conseguintemente no que respeita ao deficit.

Segunda vez o sr. Antonio de Serpa entendeu dever usar da palavra, e segunda vez se limitou a tecer a apotheose e a entoar variantes sobre o thema valido do hymno regenerador. (Apoiados.)

Ficámos sabendo que os melhoramentos materiaes eram um privilegio exclusivo do partido regenerador. (Apoiados.)

Debalde o sr. Mariano de Carvalho provou, com a logica dos algarismos, que os melhoramentos materiaes não eram monopolio, nem privilegio exclusivo de partido algum; debalde, porque o sr. Antonio de Serpa, queria entoar o seu hymno, e não se prendeu nem deteve com tão pequenas difficuldades.

Ainda na ultima sessão um illustre orador, cujo talento toda a camara reconhece, homem de palavra fluente, e que revelou no seu discurso larga lição de documentos parlamentares (refiro-me ao sr. Hintze Ribeiro), respondendo ao sr. Dias Ferreira, cuja oração versou principalmente sobre o deficit e sobre os erros de calculo do ormento, seguiu o exemplo dado por um tão grande mestre, como o sr. ministro da fazenda, e tratou de exaltar o partido regenerador pela analyse retrospectiva dos seus actos, analyse feita a uma luz a meu ver falsa, analyse incompleta, analyse apaixonada, que deixou no escuro as considerações e os argumentos apresentados pelo sr. Dias Ferreira, mais faceis de pôr de lado, que de responder.

Venho novamente insistir sobre os erros que se encontram no orçamento, tanto em relação á receita como em relação á despeza, e conseguintemente em relação ao deficit; e espero do orador, que depois de mim usar da palavra,