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10 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

seus correligionarios, como se porventura o partido regenerador houvesse sido atacado, e, quanto ao Digno Par Sr. Pimentel Pinto, o Sr. Presidente do Conselho apenas se tivesse defendido contra um ataque, tão inesperado quanto vehemente!

Mas, embora o Digno Par tivesse declarado que não queria ferir a nota politica, é certo que S. Exa. atacou o Governo, apesar de fazer a devida justiça aos estadistas que o constituem.

Não acompanho, repito, todas as considerações do Digno Par, e isto sem a menor sombra de desprimor por S. Exa.

O Digno Par Sr. Teixeira de Sousa, como a Camara viu, não se limitou a apreciar o projecto em discussão: — tratou tambem dos adeantamentos, e justificou ou defendeu os seus actos como Ministro, que foi, em varios Gabinetes.

Eu não discuto nem acceito debate sobre os adeantamentos, porque tal assunto não está em discussão.

Por agora, só se trata da lista civil, e a questão dos adeantamentos só pode ser versada quando a commissão da Camara dos Senhores Deputados, que de tal assunto foi encarregada, apresentar o seu parecer.

Por conseguinte, o que eu tenho a dizer, fica reduzido a muito pouco.

Aludiu o Digno Par, com justos encomios, aos discursos que foram proferidos pelos Dignos Pares, Ressano Garcia, Dantas Baracho, Pimentel Pinto e Arroyo.

Effectivamente, foram cheios de brilhantismo esses discursos; mas importaria uma injustiça não reconhecer que foram tambem notaveis os que pronunciaram os Srs. Presidente do Conselho, em resposta ao Sr. Ressano Garcia, e o Digno Par Alexandre Cabral. (Apoiados).

O Digno Par Alexandre Cabral, pela maneira por que se houve na replica ás considerações apresentadas pelo Digno Par Dantas Baracho, bem evidenciou o acerto dos que a S. Exa. confiaram o encargo de relatar o projecto. (Apoiados).

O Digno Par Teixeira de Sousa começou por dizer que não era seu intento ferir nota politica: mas que se julgava na obrigação de rebater as accusações que o Sr. Presidente do Conselho havia dirigido ao partido em que S. Exa. milita e a um seu correligionario.

Accusações ou referencias a um correligionario do Digno Par, perfeitamente de acordo; mas não ao partido regenerador, porque o Digno Par Pimentel Pinto teve o cuidado de declarar que falava só em seu nome, e não como membro d'esse partido, ao lado do qual está, mas afastado das suas fileiras activas.

O Digno Par Pimentel Pinto, na attitude que assumiu, revelou a existencia de uma nova especie de partidarios: ad latere.

Queixou-se o Digno Par Teixeira de Sousa de que o Sr. Presidente do Conselho respondesse ao Digno Par Pimentel Pinto, em tem aggressivo e de maneira insolita em relação ao seu habitual bom humor.

Falou o Sr. Presidente do Conselho, com algum calor, é certo, mas a camara deve lembrar-se de que o Sr. Pimentel Pinto, principalmente na primeira parte do seu discurso, foi nos seus ataques ao Governo de uma violencia extrema.

Não comprehendo a má impressão que ao Digno Par Teixeira de Sousa causou o facto de o Sr. Presidente do Conselho dizer que não sabia se a situação actual era muito peor do que a que existia na occasião em ene este Governo ascendeu aos Conselhos da Corôa; mas que era certo haver no presente momento muito mais pretendentes á Presidencia do Conselho do que haver nessa occasião.

O Sr. Conselheiro Ferreira do Amaral recorreu á ironia, que é uma das armas mais elegantes e inoffensivas da esgrima parlamentar.

Não desconhece o Digno Par a proficuidade da intervenção de um dito gracioso ou irónico no meio de um debate que está ou que ameaça ser borrascoso. Foi assim que o antigo Presidente da Camara Francesa, Mr. Paul Deschanel, evitou grandes tempestades, e todos se lembram ainda de um opportuno aparte com que o Digno Presidente d'esta Camara, em uma das passadas sessões, interveio n’uma controversia sobre molluscos, em que estavam empenhados os Dignos Pares Francisco José Machado e Luciano Monteiro.

Antes de passar adeante torna-se indispensavel accentuar que o partido regenerador não foi atacado pelo Sr. Presidente do Conselho.

S. Exa., longe de aggravar essa aggremiação partidaria, ou outra qualquer, declarou, com a franqueza que lhe é propria, que se conservava á frente do Governo, emquanto os partidos que o apoiam lhe não retirassem a sua confiança.

Acrescentou que, logo que de qualquer dos illustres chefes dos partidos emanasse indicação significativa de que a conservação do actual Ministerio era por qualquer forma inconveniente, não se demoraria um instante em apresentar a sua demissão a El-Rei.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros e Ministro do Reino (ferreira do Amaral): — Apoiado.

O Orador: — Não se comprehende mesmo que o Sr. Presidente do Conselho tivesse o maior gosto de investir contra os partidos.

O Digno Par Sr. Teixeira de Sousa, não dominando a impressão que lhe causara o dito gracioso do chefe do Governo, procedeu a uma especie de inquerito, para descobrir quaes eram os cavalheiros que, no momento actual, aspiravam á Presidencia do Conselho.

Abstrahindo a minha modesta personalidade, que se contenta com ser um simples soldado do partido progressista, creio que não faltará quem se julgue em condições de exercer essa alta magistratura.

O Digno Par Sr. Teixeira de Sousa disse que a inanidade da obra do Governo derivava da sua propria constituição.

Affirmo, e afigura se me que a minha affirmativa não pode soffrer contestação, que não é com justiça que se pode classificar de inane a obra do Governo.

S. Exa.. que seria até certo ponto generoso se dissesse que o Governo tinha praticado erros, porque, dada a fallibilidade humana, isso não deixaria de implicar qualquer genero de trabalho ou de esforços, foi de um excessivo rigor na classificação da obra do Governo.

É certo que S. Exa. quis desculpar essa inanidade, porque não encontrava no Governo nem unidade politica, nem unidade administrativa.

Mas pergunto: como é que se conseguiria essa unidade?

Seria para isso mester que todos os membros do Ministerio pertencessem a um mesmo partido.

Mas não se recorda o Digno Par que, após a tragedia de 1 de fevereiro, se emittiu a opinião de que era naquelle momento inconveniente a organização de um Governo retintamente partidario?

Pois não se lembra S. Exa. de que o Conselho de Estado opinou, e no meu entender, muito bem, que seria de grande conveniencia que se escolhesse para chefe do Governo um homem que se encontrasse isento de responsabilidades politicas?. (Apoiados).

Pois já se varreu da memoria do Digno Par, que se proclamava então a grandissima vantagem de se unirem todos os cidadãos no unico pensamento da salvação da patria? (Apoiados).

O Conselho de Estado aconselhou uma solução patriotica, e foi a essa que se recorreu.

O Digno Par a quem respondo, em rasgos de uma primorosa oratoria, querendo ainda demonstrar a inanidade da obra do Governo, perguntava: onde está a reforma da Carta? quando apparece a 2-efcrma da Camara dos Pares? onde está a reforma eleitoral? quando vem a nova lei de imprensa e