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18 Diário da Câmara dos Deputados

ma e pela sua duração demasiada: a de 28 de Maio de 1896, salvo êrro.

O Sr. Ministro de Instrução Pública (Barbosa de Magalhães): - Nesse ponto é que discordamos. Entendo que essa lei não revogou nada.

O Orador: - É uma lei saída dum Parlamento que ficou com um nome ignominioso na história: o Solar dos Barrigas, Essa lei, se tivesse havido até agora um verdadeiro culto pela educação e pela organização duma lei, se os próprios professores-e é um que está a falar - não se convencessem de que as leis são muito difíceis e que o que mais positivo havia a produzir era professores e métodos. Nisto estão de acôrdo todos os escritores sôbre o assunto.

O resto, leis, regulamentos, programas, sob o ponto de vista de tomar cuidado e estabelecer precauções, existem mas não têm nenhum produto e fecundidade; não são férteis.

A escolha de métodos a empregar tem sido uma cousa formosa: chegou a procurar-se o que a possibilidade da criança em cada idade, em cada tempo, em cada clima pode dar, a ponto de se fazer o que se considera a última palavra em pedagogia; as deficiências de Binet, que fez estatísticas indicando, para os nossos programas e de todo o mundo, o que a média dos alunos pode saber, é uma cousa mínima em relação ao que se lhe exige.

Em congressos seguintes corrigiram-se essas observações, com acôrdo do autor.

Se V. Exas. fossem preguntar aos melhores professores - não vou muito longe para não parecer que generalizo demasiado - se fossem preguntar aos melhores professores dos liceus, não encontrariam resposta fácil acêrca da organização do ensino, mas encontram resposta cônscia, firme, redentora, de como se deve ensinar, formar e atirar para a obra redentora da nacionalidade a formação de gerações melhores, sempre para melhorar e organizar um futuro mais digno. Essa resposta será: sei como hei-de ensinar. E provam-no manifestamente com trabalhos e dedicações que se podem verificar em qualquer liceu dos modernos.

Afirmou-se aqui a êste respeito, com um facciocismo o uma proscrição pouco louváveis - disse-o o Sr. Ramada Curto, indo escolher para exemplo um liceu, o Pedro Nunes - que ali se fazia uma disciplina de caserna.

E aquele em que se tem trabalhado mais no sentido de melhorar o ensino (Apoiados) e os censores não encontraram a prova dessa disciplina do caserna. O que há é muito cuidado nas faltas, em que os pequenos não andem pela rua a atirar pedras. Se V. Exas. forem ver a educação mais moderna -a americana - -V. Exas. encontram prescrições na forma de conselhos acêrca do que significa a falta no ensino secundário. E a cousa que é preciso mais evitar.

Infelizmente, até agora, há falta de dedicação de bastantes professores modernos, digo-o com sinceridade; não vejo que se faça qualquer cousa agradável que atraia os alunos.

Fala-se com uma ignorância - perdõem-me o adjectivo-crassa, do ensino alemão.

Vão V. Exas. ver nos críticos franceses, portanto insuspeitos, o que êles encontram de alegria nas aulas alemãs: o professor procura tornar os alunos bem dispostos, satisfeitos com o seu meio, aproveitando o ensino, despendendo o menor esforço possível. E - diz-se - em Portugal, não é preciso isto, porque os rapazes são muito vivos! Ouvi eu dizer isto.

Então, por ser o rapaz vivo, não precisa ter alegria nem divisão de trabalho, segundo as idades dos alunos e as dificuldades de cada matéria?

Pode ser tratado sob um regime de disciplina brutal, estudando geografia quando não tem ainda os elementos de matemática para a estudar completamente, estudando disciplinas juntas, quando deviam ser divididas.

Faz-se êste esforço todo para conseguir uma humanidade melhor, e diz-se: - o português não precisa adoptar o processo alemão, porque é muito vivo!

Mas não há processo alemão, meus senhores, na organização do ensino: há processo europeu!

Se V. Exas. ouvissem dizer, em Marrocos, que era preciso estabelecer-se o regime por disciplinas ou por grupos de três disciplinas - o que ninguêm sabe o que é - talvez aceitassem.