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Sessão de 5 de Dezembro de 1917 7

plesmente, entregar à agricultura o produto pelo preço por que pode adquiri-lo.

Não houve todas as cautelas e as dêmarches necessárias para que se abastecesse, o mais depressa possível, o mercado com êsse produto.

O meu desejo é que para a Federação dos Sindicatos Agrícolas nos vamos preparando imediatamente com os permis indispensáveis para poder abastecer o nosso mercado. Refiro-me a tudo quanto é preciso para acudirmos, a tempo, ao desenvolvimento da indústria e da agricultura.

O Govêrno Francês, encarando a sério esta questão tam momentosa, regularizou as cousas de modo que pode fazer o seu fornecimento mensal de que preciso para a sua agricultura e para as suas fábricas. Não sei se igual critério terá sido seguido pelo titular da pasta do Trabalho. A acreditar pelo que aconteceu com os Ministérios passados, está-se à espera que outros façam e. nada se realiza, por sua acção, como é necessário que se realize, para que não suceda o que sucedeu no ano passado, que tarde e a más horas conseguimos um preço já caro para êsse produto, a fim de acudirmos às necessidades da agricultura.

Eu lembro o facto com antecedência, para que esta questão tam importante se resolva o mais urgentemente possível, porque é necessário que em princípios de Fevereiro tenhamos aqui o enxofre para tranquilizarmos o agricultor.

De passagem, lembrarei a necessidade de importarmos batata para semente. Não sei o que se tem conseguido nesse sentido, mas do que o Sr. Ministro do Trabalho pode estar certo é de que nada se conseguirá se não dermos alguma cousa; e eu não compreendo a razão por que se não dá, dificultando assim o fornecimento de artigos que se estão estragando em Portugal. Refiro-me à questão das lãs. Por uma questão de casmurrice, há três anos que a produção das nossas lãs fica nas mãos dos açambarcadores, e vai saindo da país sem proveito algum para o Tesouro, porque as fronteiras estão abertas. Esta política da abastecimento, de defesa do nosso país e de garantia da nossa alimentação, é tudo quanto há de mais insensato. Precisamos tudo do estrangeiro. Temos a nossa fronteira completamente fachada à entrada do trigo, mas, para os escândalos, está sempre aberta. Escusam de pensar que, pelas vias legais e pagando o pesado imposto, algum pó de farinha possa entrar em Portugal.

Sr. Presidente: protesto contra tal orientação sôbre a forma de abastecermos o nosso mercado. Se assim continuarmos, a fome será iminente e a sorte grande dos açambarcadores continuará todos os anos.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Interior (Almeida Ribeiro): - Sr. Presidente: ouvi com toda a atenção as considerações feitas pelo ilustre Deputado, Sr. João Gonçalves, e devo dizer a S. Exa. que, com relação ao enxofre, o assunto não corre pela minha pasta, mas posso desde já declarar à Câmara que o Govêrno se tem ocupado em garantir a aquisição, que for necessária, dêsse produto, tanto pela pasta dos Estrangeiros como pela do Trabalho. Qualquer dos Srs. Ministros respectivos poderá dar a S. Exa. mais detalhados esclarecimentos.

Com respeito á batata, transmitirei ao meu colega do Trabalho as considerações que S. Exa. produziu.

Relativamente à representação dos interessados no comércio da lã churra, dizendo que essa lã poderia ser exportada se fôsse lavada, devo informar o ilustre Deputado de que se estabeleceu uma sobretaxa mais favorável sôtíre essa lã do que sôbre a lã suja. Disse S. Exa. que a lã churra suja não tem saída. Eu devo declarar que pedidos do exportação tem sido feitos à Direcção Geral das Alfândegas. Se êsses pedidos não tem sido atendidos, não sei a razão.

Também sei, porque já o ouvi a pessoas da especialidade, que não obstante a sobretaxa os comerciantes continuam a comprar a lã aos produtores.

O Sr. João Gonçalves: - Não se importam com a sobretaxa, porque a, lã sai por contrabando!

O Sr. José Barbosa: - Sabe-se que entraram em França, aproximadamente umas 2:000 toneladas de lã, evidente-