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Sessão de 5 de Dezembro de 1917 9

O Sr. Tamagnini Barbosa: - Sr. Presidente: começo por chamar a atenção do Sr. Ministro do Interior, visto não estar presente nenhum outro membro do Ministério, para o que vou sucintamente expor.

Mais uma vez, Sr. Presidente, levanto a minha voz nesta Casa para protestar, por forma enérgica, contra a política de segredo, do mistério, que o Govêrno faz a propósito do problema da nossa intervenção na guerra.

Tinha já conhecimento há dias da notícia publicada nos jornais, da manhã de hoje e da noite de ontem, acêrca de uma incursão de, forças alemãs no nosso território em África.

Esta notícia, que confirma o boato que há dias vem correndo na capital, e creio que pelo país, pode dar origem a novos boatos, que provocam o alarme e a intranquilidade das famílias dos que estão combatendo em África pela Pátria. É necessário que o Govêrno, que só consente a publicação destas notícias nos jornais quando são de origem estrangeira, venha ao Parlamento dar conta denudo o que se está passando, quer em África, quer em França. (Apoiados).

É com energia que acentuo isto, porque não posso tolerar, como português, que essas notícias sejam trazidas ao nosso conhecimento através de informações de origem estrangeira. Foi nos jornais da noite de ontem que veio esta notícia, de origem londrina, notícia que vi afixada nos placarás dos jornais quando saí do Parlamento.

Pregunto, pois desejo saber o que se passa em África. (Apoiados).

E preciso que o Govêrno esclareça o país sôbre o que vai por lá, sôbre o que se dá com as nossas forças (Apoiados), dizendo se se trata duma simples incursão das forças alemãs que ali combatem.

Peço igualmente ao Sr. Ministro do Interior que me diga o que se passa no Pôrto, pois constou-me que factos análogos aos que se deram há tempo em Lisboa ocorreram na capital do Norte. E absolutamente necessário que se esclareça o Parlamento do que se passa no país por intermédio do Sr. Ministro do Interior e do que se passa em África, para o que deve o Sr. Ministro das Colónias vir à Câmara.

Peço, portanto, ao Sr. Ministro do Interior que comunique ao Sr. Ministro das Colónias a minha pregunta.

O orador não reviu.

O Sr. Ministro do Interior (Almeida Ribeiro): - Pelas informações que em Conselho de Ministros têm sido produzidas sôbre o assunto, posso informar a Câmara que a notícia do que ocorreu em África não é inteiramente exacta. Não se trata própriamente duma incursão de alemães ou cousa parecida com isso. Parece que núcleos de forças alemãs, em número muito reduzido de europeus e mais própriamente composto de indígenas, batidos no seu território do sudoeste africano, aproveitando uma das muitas e inevitáveis fendas ou lacunas de falta de guarnição na nossa fronteira, que é muito extensa e não pode ser toda ocupada por forças, passaram essa fronteira, internando-se no nosso território.

Essas forças, na sua maioria constituídas por indígenas, estão sendo procuradas e provávelmente a esta hora está sendo empenhada alguma acção repressiva.

É o que posso dizer, habilitado pelas informações que há pouco foram comunicadas aos Srs. Ministros das Colónias e da Guerra.

Comunicarei ao Sr. Ministro das Colónias as preguntas do Sr. Tamagnini Barbosa, e S. Exa., no cumprimento do seu dever, poderá informar do que se tem passado mais completa e minuciosamente a Câmara, tanto quanto o permitem as comunicações existentes.

Com relação aos acontecimentos do Pôrto, eu soube que ante-ontem, um grupo de populares bastante numeroso assaltou pelas 21 horas a padaria que a câmara municipal tinha organizado, precisamente para combater o preço excessivo que o pão fabricado e vendido livremente tinha atingido.

Os assaltantes da padaria municipal procuraram tambôm assaltar algumas casas particulares e, designadamente, a casa do presidente da comissão municipal de subsistências.

Chamo a atenção da Câmara para êste facto, que é na verdade singular.

O que a êsses populares primeiramente lembrou, foi o assaltar o estabelecimento que tinha sido montado para lhes facilitar