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10 Diário da Câmara dos Deputados

pão mais barato, e a casa particular do presidente da Comissão de Subsistências a pessoa que mais se tinha empenhado para que baixasse o preço do pão!

A Câmara que procure explicação para êste facto, eu não a encontro.

O que me parece fora de dúvida é que o movimento não tem justificação económica bastante; não tem mesmo justificação moral.

E um movimento provocado por agitadores, por políticos de má morte e por especuladores.

O que é verdade é que êste movimento, embora a fôrça pública interviesse desde] logo, para pôr termo aos assaltos, de que resultaram apenas alguns prejuízos materiais, êste movimento continuou no dia imediato, quere dizer, ontem.

Foram assaltados alguns outros estabelecimentos, tendo-se esboçado, creio eu, uma tentativa de assalto à estação do caminho de ferro de S. Bento; e, porque os acontecimentos assumiram graves proporções, o governador civil, pelas 16 horas e meia ou 17 horas, entendeu necessário chamar em sou auxilio a autoridade militar, pedindo-lhe para que ela, com os elementos de que dispunha, o auxiliasse na manutenção da ordem pública.

A autoridade militar acedeu, como lhe cumpria, e, passado pouoo tempo, os assaltos tinham cessado, continuando, no emtanto em alguns elementos da população uma certa agitação.

Muitos estabelecimentos fecharam as suas portas, com receio de violências, e muitos populares continuaram exaltados, promovendo ajuntamentos e dizendo que era preciso pôr termo ao encarecimento das subsistências e aniquilar os açambarcadores.

A noite decorreu tranquila, mas já hoje tive informação de que, próximo à Praça do Marquês de Pombal, tinha sido assaltada uma padaria.

Parece que neste assalto sucedeu o que vou expor.

Dentro do estabelecimento referido estavam alguns empregados que, naturalmente, procuraram defender-se. Nessa defesa, um dêsses empregados matou um dos populares assaltantes.

Não tenho informações mais minuciosas sôbre êste incidente. Posso, porêm, afirmar à Câmara que até o momento presente não tenho notícia de ter havido qualquer outro desastre pessoal. Se chegar ao meu conhecimento a notícia de ter havido mais algum desastre de gravidade, rapidamente o comunicarei à Câmara.

Esta agitação produzida no Pôrto e da qual resultaram os danos e a acumulação de prejuízos que de ordinário êstes casos acarretam, ressentiu-se nas imediações do Pôrto.

Segundo informações que tenho, em Ermezinde, Rio Tinto e Gondomar, houve tambêm tumultos e tentativas de assaltos. Todavia, com relação a Gondomar, tenho conhecimento que ali, a fôrça da guarda nacional republicana, conseguiu evitar que os perturbadores invadissem a vila e praticassem quaisquer actos de carácter grave.

Aproveito a ocasião para comunicar à Câmara que ao mesmo tempo que nas imediações do Pôrto se davam êstes casos, em Odemira acontecia uma cousa parecida. Também ali vários populares, principalmente das classes operárias, depois de fazerem rebentar alguns petardos para amedrontar a população pacífica, sobretudo o comércio, procuraram o presidente da câmara municipal do concelho, impondo-lhe a venda de farinhas e de cereais por preços inferiores aos fixados na tabela feita pela comissão local dos abastecimentos.

Não tenho conhecimento de desastres pessoais; mas houve esta agitação.

A região de Odemira é uma daquelas em que a propaganda sindicalista mais tem alastrado, acentuadamente; mas não só ali isso tem sucedido.

Em Lisboa como em outras regiões do Alentejo tal propaganda se faz com intensidade.

Até que ponto tal propaganda contribuiu para a atitude havida pela populaça perante o presidente da câmara municipal, quando êste estava, exactamente, empenhando-se em regularizar o abastecimento da vila, não posso dizê-lo. Só por investigações posteriores poderei concluir dos factos. Vou ordenar essas investigações para inquirir dos factores de tais movimentos. As responsabilidades apuradas serão tornadas efectivas.

O Sr. João Gonçalves (interrompendo): - Em Castelo Branco tambêm houve alguma cousa anormal?