O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 5 de Dezembro de 1917 15

Salto por muitas disposições do regulamento, porque estou muito cansado. Se analisasse tudo que nele se encontra, a sua análise daria para falar durante três dias bem puxados. J'en passe et des meilleurs...

No meu tempo já havia muita pedagogia. Porém, saí do liceu sem saber nada, o que me não prejudica para a vida prática, porque eu organizei-a de tal forma que estudei matemática pela álgebra do Cunha e tive de estudar física.

Eu vi mais tarde que efectivamente à pregunta do professor correspondia a resposta do aluno. Vi isso, Sr. Presidente; o permita-me V. Exa. que eu recorde tambêm, o que é a instrução superior na Universidade do Coimbra, a que eu vou já tecer o justo elogio que merece. Criaram-se três universidades no país. Pois bem. Censurava-se a de Coimbra, mas logo todas desataram a imitá-la!

Os Institutos Superior Técnico e Superior de Comércio, que não pertencem à Universidade, que não têm tantos pedagogos, lá vão singrando nobilíssimamente. O Instituto Superior Técnico, graças ao esforço do homem ilustre entre os professores de Portugal, que é o Sr. Alfredo Bensaúde, graças ao corpo docente que possui, entre o qual se salienta o antigo Deputado desta Câmara, Sr. Aureliano de Mira Fernandes, matemático insigne, graças à carolice, à dedicação e ao amor dos professores dêsse estabelecimento, que não sei se sabem que à pregunta do professor correspende a resposta do aluno, o ensino que aí se faz é simplesmente admirável. (Apoiados).

Mas desde que há mais universidades, desde que há um Senado Universitário e desde que os professores ensinam todas as cousas sabíveis, quer do seu ramo, quer fora dele, havendo tal professor que começa a ensinar aritmética às oito horas da manhã e vai leccionar astronomia na Faculdade de Sciências às cinco horas da tarde, como é feito o ensino? Que lição pode dar aos alunos, um homem que trabalha vinte e cinco horas por dia?

Eu não vi que os professores tomassem a dianteira ao movimento para virem dizer, honestamente, ao Estado português que não podiam trabalhar as horas que se exige no regulamento, porque é uma desonestidade pensar que possa haver pedagogos dotados com tanta capacidade de trabalho. Bem sei que a vida é cara, que a vida é dura. Sei que o Orçamento português, em matéria de instrução, é um orçamento de miséria, é um orçamento de D. Joaquina, dona de qualquer casa de hóspedes da Rua dos Fanqueiros, onde se encontram as mais miudinhas cousas!

Risos.

Não houve ainda o critério inteligente de dotar largamente a instrução, de gastar dinheiro, muito dinheiro com êste serviço, porque só as despesas com a instrução, quando todos os fumos passarem, são grandes, gloriosas e promissoras! (Apoiados. Muito bem).

Continuemos, porém.

Vejamos o artigo 268.°:

Leu.

O reitor! Sempre o reitor! Q homem é nomeado, e o reitor dá-lhe posse! E aqui está - notem V. Exas. - a palavra reitor entre vírgulas, não fôsse alguém julgar que a posse era dada pelo chefe do pessoal menor!

Mas eis que surge a arca santa de todo êste sublime regulamento: o capítulo 22.° Pasmai, senhores! Trata-se nem mais, nem menos do que Do Reitor! E agora é que são elas!

Risos.

O Reitor! Cá está aquela indomável lagartixa da D. Joaquina ou da D. Antónia!

Novos risos.

Perdoem os meus ilustres colegas o meu feitio, mas a verdade é que não consegui ainda espartilhar as minhas expressões para um dia redigir esta cousa estupenda: à pregunta do professor corresponde a resposta do aluno!

O Sr. Eduardo de Sousa: - Dá-me licença? Pode dar-se a hipótese de a pregunta do aluno hão corresponder à resposta do professor!

O Orador: - Pois é claro!

O Sr. Correia Mendes: - Sabe V. Exa. quem é o autor dessa frase?

O Orador: - Os meus respeitos para tam esclarecida pessoal